Em recuperação judicial desde 2021, com uma dívida colossal de R$ 7 bilhões, o Grupo Virgolino de Oliveira está agora no processo final de contratação de um corretor para a venda de seus ativos; confira
O Grupo Virgolino de Oliveira (GVO), outrora um dos principais conglomerados da indústria sucroalcooleira do Sudeste, está próximo de concluir um negócio histórico que poderá movimentar mais de R$ 2,5 bilhões. Em recuperação judicial desde 2021, com uma dívida colossal de R$ 7 bilhões, o GVO está agora no processo final de contratação de um corretor para a venda de seus ativos, conforme apurado pelo NeoFeed. “O plano é basicamente vender ativos para pagar credores“, diz uma fonte a par dessa apuração.
Com nove Unidades Produtivas Independentes (UPIs) no total, cinco delas se destacam: quatro usinas localizadas em Catanduva (R$ 754 milhões), José Bonifácio (R$ 568 milhões), Monções (R$ 371 milhões) e Itapira (R$ 226 milhões), totalizando R$ 1,9 bilhão; além de 6,7 mil hectares de terra avaliados em R$ 646 milhões. Este acordo potencial não só pode redefinir o cenário da indústria sucroalcooleira regional, mas também atrair grandes players do setor interessados em expandir sua capacidade de produção.
“Mesmo com esse desconto, há quem diga que os valores envolvidos têm que ser um desconto ainda maior“, comenta um profissional que já comandou uma das maiores empresas do setor. “As usinas são paradas, obsoletas e a produção de cana disponível ao redor delas já foi tomada pelos concorrentes“, diz ao NeoFeed.
Com o custo atual de construção de uma nova usina em cerca de R$ 1 mil por tonelada de cana, as usinas do GVO estão avaliadas significativamente abaixo deste valor, saindo por menos de R$ 200,00 por tonelada. Esse desconto reflete a condição obsoleta das instalações e a competição intensa por recursos de cana-de-açúcar na região. Apesar dos desafios na venda das unidades industriais, as terras do GVO continuam a ser vistas como um ativo valioso devido à sua localização estratégica e potencial de desenvolvimento futuro. “Essa RJ tem mais a cara de uma liquidação“, diz outra fonte a par do negócio. “As UPIs serão vendidas positivamente. E, a partir do sinal verde, os leilões podem se estender de 15 dias em 15 dias.“
O GVO enfrentou dificuldades desde 2017, quando os preços do açúcar começaram a cair e a pandemia de Covid-19 exacerbou os desafios econômicos. A emissão de títulos entre 2011 e 2014, totalizando US$ 735 milhões, foi um esforço para manter a expansão, mas acabou contribuindo para a sobrecarga financeira que levou à sua atual situação de recuperação judicial. Com três usinas fechadas e a de Catanduva arrendada, o grupo, que já contou com 8 mil funcionários, agora enfrenta um processo de recuperação que, segundo fontes, parece mais uma liquidação. “Não vai ser fácil no caso das unidades industriais, mas, no caso das terras, tem muito valor“, continua o profissional.
O desfecho da venda dos ativos do GVO não apenas resolverá questões financeiras complexas envolvendo credores como também poderá redefinir a dinâmica competitiva dentro do setor sucroalcooleiro. Enquanto grandes empresas como a Raízen continuam a explorar novas oportunidades de mercado, a movimentação em torno dos ativos do GVO representa um momento crucial para o futuro da indústria no Brasil.
Dessa forma, o Grupo Virgolino de Oliveira está prestes a definir um marco em sua história, com a iminente venda de seus ativos que poderá superar R$ 2,5 bilhões. Esse processo não apenas ilustra os desafios enfrentados pelo setor sucroalcooleiro nos últimos anos, mas também destaca a resiliência e a capacidade de adaptação necessárias para navegar em um mercado globalmente competitivo e dinâmico como o brasileiro.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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