Segundo a empresa pública Portos do Paraná, o desembarque da soja em grão deve acontecer em aproximadamente 5 dias, a partir do dia 7 de dezembro, quando deve atracar.
Um navio com 30,5 mil toneladas de soja produzida nos Estados Unidos chegou nesta sexta-feira à área do porto de Paranaguá (PR), de acordo com sistemas de monitoramento de embarcações, marcando a iminente entrega de uma rara compra feita na América do Norte em meio à oferta reduzida.
Por enquanto, o navio segue aguardando em uma área conhecida como largo, localizado na Baía de Paranaguá. Quando atracar, deve levar ao menos cinco dias para concluir a descarga da soja.
Trata-se, segundo a empresa de portos, de uma carga inédita – pelo menos de acordo com os registros, que cobrem os últimos dez anos. E a operação será realizada com guindastes do próprio navio, que irão colocar a carga em caminhões, processo bastante parecido com o descarregamento de fertilizantes.
“Nós aqui estamos acostumados a exportar soja. Quando as condições mercadológicas existentes (como as de hoje) nos apresenta esse movimento inédito de importação, buscamos nos preparar para que a operação ocorra de forma eficiente e com a mesma qualidade que as exportações são realizadas”, diz o presidente dos Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
A autoridade portuária disse que o navio Discoverer, que já se encontra ao largo do porto, trará a primeira carga de soja importada via Paranaguá em pelo menos uma década.
O Discoverer foi afretado pela Louis Dreyfus, segundo dados de agências marítimas. Sua chegada representa uma mudança de paradigma para o Brasil, o maior produtor e exportador global de soja.
Embora seja uma quantidade pequena para os padrões comerciais globais, as 30,5 mil toneladas são o maior volume de soja dos EUA comprado pelo Brasil desde 1997.
Em 16 de outubro, o Brasil suspendeu temporariamente as tarifas de importação de soja de fornecedores fora do Mercosul.
O país deve importar 1 milhão de toneladas em 2020, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), maior volume ao menos desde 2008.
A maior parte já foi desembarcada no país, uma vez que as importações de janeiro a outubro somaram 625,5 mil toneladas de soja, segundo dados do governo, com países do Mercosul dominando a oferta –o Paraguai forneceu 589 mil toneladas, seguido pelo Uruguai (36,3 mil toneladas).
O volume total importado se compara a apenas 125 mil toneladas no mesmo período do ano passado.
Importações de soja em 2020
Até outubro, o Brasil já importou mais de 732 mil toneladas de soja segundo dados no Ministério da Economia. Em 2019, na mesma época, o país havia comprado aproximadamente 157 mil toneladas do grão. O acumulado de 2020 é a maior quantidade de soja já importada pelo Brasil desde 2003, quando se comprou 1,4 milhão de toneladas até outubro.
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Riscos
A importação de soja geneticamente modificada dos EUA pelo Brasil pode acarretar riscos regulatórios, considerando que os dois países tratam de forma diferente a aprovação de sementes transgênicas, afirmou à Reuters a Abiove, que defende a sincronização das autorizações entre os dois países para eliminar qualquer incerteza.
Por exemplo, sementes geneticamente modificadas resistentes a herbicidas como o glifosato e a insetos como as lagartas são permitidos no Brasil e nos EUA. Mas os chamados eventos transgênicos são aprovados conjuntamente no Brasil e separadamente nos EUA.
No início de novembro, o Brasil reconheceu a equivalência de eventos transgênicos aprovados nos EUA e no Brasil, visando dar segurança jurídica aos importadores.