Navio com mais de cinco mil bois vivos e 700 toneladas de óleo a bordo naufragou e já gerou um prejuízo incalculável ao meio ambiente e pecuaristas!
Um navio cargueiro, antes usado para carregar contêineres e adaptado para o transporte de animais vivos, naufraga e boa parte dos 5 mil bois embarcados para exportação morrem afogados às margens do rio Pará, no porto de Vila Conde, em Barcarena (PA). As imagens são fortes, confira o vídeo!
Os efeitos do acidente perduram mesmo depois de 5 anos: os animais em decomposição e o óleo contaminaram a água, prejudicando a subsistência de comunidades e a saúde da população. Outro fator importante de ser citado aqui, é que os protocolos para exportação de animais vivos evoluiu bastante ao longo destes anos passados.
A tragédia atingiu a vida de milhares de pessoas nessa região. As famílias prejudicadas contam que até hoje não foram indenizadas por causa da tragédia ambiental, social e econômica.
Depois de cinco anos do naufrágio, o navio Haidar continua no fundo do rio Pará. Os animais que estavam a bordo morreram afogados, muitos presos na embarcação, em uma das cenas mais chocantes já vistas.
Enquanto o navio naufragava, os animais tentavam se salvar e, muitos deles, subiram na lateral da embarcação que estava parcialmente submersa. A Capitania dos Portos e Corpo de Bombeiros estariam na área tentando resgatar alguns animais que sobreviveram.
Quando a embarcação começou a tombar, muitos moradores começaram a deixar a praia de vila do Conde para ir em direção ao Porto. As pequenas embarcações foram rumo ao navio e retiraram alguns bois que estavam boiando na água. Os animais estariam sendo partilhados com a comunidade.
Em outras imagens é possível ver os moradores da área em embarcações tentando pegar os bois que boiavam na área. Em nota, a Capitania dos Portos informou que uma equipe do grupo de vistoria e inspeção foi enviada ao porto da Vila do Conde para coletar informações preliminares, que devem ajudar a apurar o acidente.
Role para baixo e veja o vídeo
O banho nas águas foi proibido e o movimento de frequentadores das praias de Barcarena, Abaetetuba e ilhas vizinhas caiu. Pescadores também não puderam mais retirar o sustento dos rios e os impactos do naufrágio continuam sendo sentidos até hoje.
“As pessoas ficam com receio de comprar o peixe dos pescadores, pensando que ele está contaminado. Só que isso não procede. O nosso peixe está bom para o consumo, tanto que nós, moradores, nos alimentamos desse peixe também”, explica Kézia, representante do Centro Comunitário de Vila do Conde.
Vários laudos comprovam danos sociais e ambientais provocados pelo desastre que geram um valor mínimo de R$ 71 milhões em indenizações.
Dona Ana trabalhava em uma barraca, mas teve de fechar as portas, porque não tinha para quem vender. “Nós pagávamos aluguel, ai tivemos que sair do bar, porque não tínhamos como pagar, por causa do movimento, que acabou”, conta. “Desde quando aconteceu isso, aqui não presta mais pra nada”, avalia outra moradora.
Kézia conta que batalha por melhores condições de vida dos moradores e que em torno de 1.500 famílias devem ser indenizadas só em Vila do Conde. “Estivemos no dia 25 como Dr. Laércio, da promotoria de Barcarena, e a informação que ele nos passou foi que a partir desse mês talvez sejam chamadas as lideranças comunitárias para fazer o levantamento da lista dos moradores, para ver de que forma vamos ser beneficiados com a indenização”, diz.
Navio continua no fundo
O píer onde o navio naufragou continua interditado. Segundo o presidente da Companhia Docas do Pará, Parsival Pontes, os prejuízos têm sido grandes por causa da interdição dessa parte do porto. “Isso trouxe uma perda de receita mensal. Se esses dois beços estivessem operando, estaríamos com mais duzentos e cinquenta a trezentos mil reais ao mês. Outro navio não pode atracar ali porque o navio está naufragado naquela parte”, explica.
“Temos quase dois anos de naufrágio e uma conta de aproximadamente sete milhões de reais de prejuízos”, estima o presidente da CDP. Segundo ele, o órgão não tem recursos para fazer a retirada do navio. “A retirada e reflutuação do navio foi avaliada em R$ 60 milhões e a CDP jamais teria esse recurso”, diz.
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Exportações de animais vivos
A exportação brasileira de gado vivo por via marítima em larga escala começou em 2002, principalmente para países da América Latina e, até 2015, a Venezuela era o principal comprador, sendo substituída nos anos seguintes pela Turquia, além do Egito, Líbano, Iraque, Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Uma das justificativas para que esses países concentrem as importações, além da insuficiência da produção interna, é para que os animais sejam abatidos segundo os preceitos islâmicos do Halal.