A produção de bezerros sadios é um dos fatores da maior importância para o pecuarista e que pode decidir se ele terá lucro ou não.
É nos bezerros que se encontra o futuro do rebanho, quando estes são destinados à reprodução, bem como os lucros do criador, quando eles são vendidos para o corte ou recria.
As primeiras horas do nascimento do bezerro são cruciais para que possa crescer e desenvolver-se com toda a saúde necessária. O parto nem sempre é facilitado, por isso é muito importante que logo após o nascimento a vaca tenha contato com sua cria para que ela possa principalmente lamber e cheirar sua prole. As lambidas ativarão a circulação sanguínea do animal, fazendo com que ele tenha vontade de levantar-se o mais rápido possível e faça a primeira mamada no colostro.
O parto deve ser observado e auxiliado quando necessário. É importante que o auxílio seja feito por pessoas treinadas e que cuidados com a higiene sejam sempre adotados. Logo após o nascimento deve-se observar o bezerro e, se necessário, fazer a remoção das membranas fetais, muco do nariz e boca. Nos casos de partos auxiliados, esses cuidados são ainda mais importantes, sendo necessário além da remoção das membranas fetais, secar e levar o bezerro para um local aquecido.
Importância do colostro
Bezerros nascem com o sistema imune imaturo e são dependentes da transferência passiva de imunoglobulinas através da ingestão de colostro, para sua proteção durante o período neonatal. O estado imunológico do bezerro é afetado por importantes fatores como a quantidade de colostro consumida, concentração de Ig e o tempo para ingestão após o nascimento. No entanto, mesmo quando estes fatores são controlados os animais podem sofrer falha na transferência passiva de imunidade. A transferência de imunidade está fortemente relacionada à sobrevivência e a saúde dos bezerros.
Composição do colostro bovino
Para que os bezerros recém-nascidos recebam proteção contra as principais doenças do meio onde vivem nos primeiros dias de vida, é fundamental a “mamada do colostro” em até 2 horas após o nascimento do bezerro. As vacas recém-paridas e suas crias devem ser atentamente observadas prestando atenção nos tetos e úbere das vacas e no “vazio” dos bezerros. Vacas com tetos murchos e úbere vazio (“muxibento”) demonstram terem sido “mamadas”. Bezerros com “vazios” fundos demonstram que não mamaram adequadamente o colostro. Nesse último caso, a vaca deverá ser levada ao curral onde será devidamente contida, para, então, colocar o bezerro para mamar.
Em algumas situações a vaca não produz colostro suficiente, por isso é importante sempre que possível que se faça um “Banco de Colostro”. O colostro deve ser colhido com muita higiene e armazenado então em porções de um litro. Deve-se congelar em sacos plásticos com capacidade para três litros, na hora de descongelar usar água morna, para não destruir os anticorpos pelo excesso de calor (máximo de 50 °C).
Desinfecção e a cura do umbigo
Deve ser realizada no dia do nascimento do bezerro. Essa prática evita que o umbigo seja porta de entrada de agentes que podem causar diversos tipos de infecções nos bezerros, além de prevenir a instalação de bicheira (miíase) no umbigo. Geralmente emprega-se solução de iodo a 10% ou mesmo produtos que possuam ação antimicrobiana e contra bicheiras. O corte do coto umbilical só deverá ser realizado caso o mesmo seja muito comprido, sendo que o comprimento para o corte é de cerca de 4 cm (dois dedos), a partir da pele de onde parte o coto umbilical. No caso do emprego de solução iodada, o coto umbilical deverá ser mergulhado usando-se um frasco plástico ou de vidro com boca larga. Assim o coto umbilical é mergulhado na solução. O uso de frascos de desodorante para este trabalho não é o mais indicado, pois leva ao desperdício e a falta de certeza de que realmente todo o coto umbilical foi tratado.
Creep Feeding para bezerros
A vantagem do sistema se dá devido ao acesso dos bezerros a suplementos antes da desmama. Desta forma eles se habituam a consumir mais grãos e são menos dependentes do leite da vaca. Bezerros que são expostos ao creep feeding sofrem menos estresse na desmama, se adaptam mais facilmente a programas de confinamento, recuperam peso mais rapidamente após estresse e são menos susceptíveis a problemas de saúde, além de obter uma boa desenvoltura do animal atingindo o grau de terminação desejável, com um número de dias menor.
O resultado desta prática tem diferentes resultados em sistemas de produção distintos, ganhos de 25 a 40 kg podem ser adquiridos quando em sistema intensivo de produção, já em sistema semi-intensivo os ganhos em peso são moderados (8 a 15 kg a mais na desmama).