Apesar das expressivas altas das commodities, a Rabobank Brasil não vê ‘superciclo’ de commodities e estima inflação de curto prazo!
Apesar das expressivas altas das commodities observadas desde o ano passado, o Rabobank Brasil não acredita que o mercado esteja vivendo um novo “superciclo” de preços.
Durante a Live do Valor de hoje, o economista-chefe do banco, Maurício Une, afirmou que há uma demanda muito aquecida com a ajuda de pacotes de estímulo em diversos países, mas que as cotações atuais ainda estão abaixo do patamar registrado no início dos anos 2010, por exemplo.
“Desde 2001 até 2011, o CRB [Commodity Research Bureau] cresceu cerca de 180%. Desde abril do ano passado até agora, o CRB cresceu 55%. É pelo menos um terço do que foi aquele grande impulso lá atrás”, disse Une.
Para Andy Duff, gerente do departamento de pesquisa e análise setorial do banco, as fortes valorizações da soja e do milho na bolsa de Chicago, por exemplo, que superam 90% nos últimos 12 meses, também refletem a reconstrução do rebanho de suínos da China, maior país produtor da proteína do mundo e que vem se recuperando de uma severa crise provocada pela peste suína africana.
“A queda do rebanho da China, que era metade do rebanho mundial, gerou uma mudança enorme e a necessidade de importar carne. Isso engatilhou todas as mudanças que estão por atrás dessa elevação de preço”, afirmou ele.
Outro ponto, segundo Duff, é que a modernização da criação de suínos no país asiático, com uso maior de ração, deverá continuar a sustentar uma demanda expressiva por soja e milho nos próximos anos.
Pressão inflacionária
A alta dos preços internacionais também continua a gerar temores acerca da pressão inflacionária que exerce no Brasil e no mundo. Para Maurício Une, o movimento deverá ser passageiro.
“Por mais que a gente veja políticas [de estímulo] para tentar retomar o patamar [das economias] de antes da pandemia, vemos esses efeitos de curto prazo. É mais uma razão pela qual não teremos uma segunda ‘pernada’ para sustentar um novo ‘superciclo’”, disse.
No Brasil, a previsão do Rabobank é de inflação de 5,2% em 2021 e em torno de 3,5%, dentro da meta, em 2022. Para este ano, a previsão da instituição é que o Banco Central permanecerá vigilante no controle da política monetária, chegando a elevar a taxa Selic em 5,5% ao ano (hoje em 3,5% a.a.).
Ainda sobre a inflação no país, o banco não acredita que o governo adotará medidas de controle sobre as exportações para tentar derrubar os preços dos alimentos — como acaba de ocorrer na Argentina, onde o governo suspendeu as exportações de carne bovina por 30 dias.
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Para Andy Duff, o mais provável é que o executivo brasileiro continue a suspender tarifas de importação de produtos em vez de restringir as vendas ao exterior.
Por fim, os economistas afirmaram na Live do Valor que o setor agropecuário do Brasil conseguiu pelo menos dois anos de margens expressivas, o que dá fôlego para que os produtores de agroindústrias possam investir em tecnologia para ter mais competitividade para quando o preço internacional das commodities arrefecer.
Fonte: Valor Econômico.