Neste dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher e o Compre Rural conta uma história de superação de preconceito e amor a pecuária de Karina Boza
Em 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, data que ressalta a atuação feminina na sociedade. Nesse sentido, é visível o crescente destaque feminino em cargos e atividades que antes eram majoritariamente masculinos. No setor agropecuário, no qual essa diferença é culturalmente mais forte, o número de produtoras na condução de propriedades rurais cresceu 38% de 2006 a 2017, segundo o último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com garra e dedicação, a mulher tem mostrado que não há limites para as mulheres, nem mesmo no campo. Um grande exemplo de mulher guerreira que trabalha no setor é a Karina Boza, nascida e criada na propriedade da família no município de Rondonópolis, estado de Mato Grosso aos 27 anos ela trabalha com o pai na fazenda, uma paixão pela pecuária que vem de berço, começou com o avô, pai e está sendo transmitida ao filho dela, o pequeno Benício com quem ela compartilha o dia a dia na lida e a maternidade solo com muito humor nas redes sociais. Atualmente tem no perfil do Instagram mais de 70 mil seguidores e no tiktok com mais de 235 mil, onde recebe muitas mensagens de carinho e admiração.
“Sempre fui criada na fazenda, tudo o que sei hoje devo ao meu pai, que é minha maior inspiração, que sempre está disposto a me ensinar e que é o meu parceiro de lida de todos os dias. Deixo o meu filho com a minha mãe para poder ajudar o meu pai no campo”, conta.
Mas, nem sempre foi assim, quando se formou em zootécnica pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), decidiu ficar para ajudar os pais na fazenda, mas na época não teve incentivo nem da própria família e chegou a ouvir que serviço pesado não era para mulher. Chegou a distribuir vários currículos em escritórios de ciências agrárias, mas ninguém abriu as portas, como ela mesma conta, não por falta de competência, mas sim por ser uma ‘mulher no meio agro’. E, como a propriedade sempre foi tocada apenas pela família, e o irmão foi embora cedo de casa para seguir o sonho de ser jogador de futebol, ela foi lá e mostrou que lugar de mulher é onde ela quiser.
“Nunca me senti inferior ou com menos forças comparado aos homens por ser uma mulher do agro, muito pelo contrário, tenho maior orgulho é isso que importa. Apenas nós mesmos reconhecemos os nossos valores. Aprendi a lidar com as críticas como forma de incentivo que é um combustível para o nosso sucesso e não me deixo abalar. Quando é dia de embarque aqui na propriedade é muito visível o olhar de julgamento dos caminhoneiros me vendo trabalhar no curral, assim também acontece quando chego na propriedade de alguém com o meu pai para compra de bezerros. Sinto pelo olhar dos homens que não sou bem-vinda naquele ambiente, tipo: ‘o que essa mulher faz aqui? Tá fazendo tudo errado. Veio aqui estragar o negócio, e etc.’”, desabafou.
No trabalho diário da fazenda Karina faz de tudo um pouco, desde tirar leite manual, vacinar e tratar o gado no cocho, até arrumar uma cerca se necessário.
“Rodeio o gado, curo bezerro, descarrego caminhão de ração, corto a grama da sede, dentre vários serviços que existem na roça. Porém, o nosso foco maior é a cria, recria e engorda de bovino de corte. Confesso que fácil nunca foi, pois faça chuva ou faça sol, domingo e feriado o agro literalmente nunca para. O boi precisa comer e a vaca não espera para parir. Mas quando trabalhamos com algo que amamos não existe trabalho”, explicou. E complementa. “Me sinto muito grata por servir de exemplo para muitas mulheres, como pecuarista, mãe e filha. Recebo vários comentários negativos também, principalmente de outras mulheres e isso é triste, pois nós mulheres deveríamos nos unir mais”.
A pecuarista enfatiza o agradecimento aos pais que sempre compartilham os seus ensinamentos, e a todos os envolvidos mesmo quando mandam apenas uma mensagem já é uma forma de incentivo. E deixa uma mensagem:
“E para quem quer se tornar uma mulher do agro: jamais desista dos seus sonhos e vá em busca dos seus objetivos, não espere cair do céu e não pare de lutar. Infelizmente, nós mulheres do agro temos muitas portas fechadas, ainda sofremos muito preconceito nesse ramo, mas mostre sua capacidade e força de vontade que te garanto que não existe barreira nenhuma. Somos capazes sim! Peço encarecidamente ao mercado do agro que dê chances para as mulheres entrarem nesse ramo, não acho justo essa comparação de gênero. Uma mulher pode fazer total diferença na sua empresa, na sua propriedade, no agro”, destacou.
Os vídeos da pecuarista e influencer nas redes sociais mostram um pouco do dia a dia na fazenda com muito bom humor, como por exemplo: “Menina da pecuária cria gado, não esperança! Quer quer, não quer sai do pé. Chama!!!”, “Homem sem valor a gente deixa para mulher sem futuro”, ou ainda aprende como verificar o problema do trator. “E eu que tive aula online com o meu paitrão. Meu pai: O trator está fazendo Nhum Nhum Nhum ou Tec Tec, se for Nhum Nhum é bateria fraca e se for Tec Tec é cabo frouxo”. Confira um compilado dos melhores vídeos da Karina
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