Associação, produtores e entidades pedem que governo pare de importar leite; houve um aumento de 80% nas importações brasileiras de produtos lácteos em setembro
Diante de um aumento de 80% nas importações brasileiras de produtos lácteos em setembro, produtores, associações e entidades pedem que governo brasileiro intervenha na importação desenfreada de lácteos. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), em nota, se cenário continuar pode haver um “desmonte sem precedentes” no setor.
“Dados da Secex mostram que o volume importado no segundo trimestre de 2020 foi 62,8% maior que no mesmo período do ano anterior. Já em setembro, a importação foi 80% superior a 2019 e outubro deve bater o recorde de leite importado desde 2007.” – segundo nota da entidade.
“Não dá pra tratar o produtor de leite como se ele fosse um bandido. Trazendo leite de fora e desprezando quem trabalha pelo Brasil, o produtor brasileiro merece respeito porque ele nunca faltou com o nosso povo. A importação de leite tá enriquecendo alguns poucos e matando quem luta para alimentar esse país, nós não podemos aceitar.” – deputado federal Domingos Sávio.
“Está sendo criada a tempestade perfeita para um desmonte sem precedentes na pecuária de leite, com oferta artificial excessiva de leite importado, queda de renda do consumidor com a redução do corona voucher, aumento de impostos e insumos nas alturas.” reitera a Abraleite.
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, solicitou, na última sexta (6), à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, medidas de apoio aos produtores de leite no momento que os preços do leite começam a cair e o custo de produção continua a aumentar.
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No ofício enviado ao Ministério da Agricultura, o presidente da CNA diz que o ano de 2020 tem sido “desafiador” para o produtor de leite, pois os prejuízos causados pela Covid-19 ainda não foram totalmente recuperados. A margem bruta da atividade no primeiro semestre deste ano foi 29,5% menor em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Cepea, refletindo em queda de 11,7% na produção de leite, de acordo com o IBGE.
“Nesse contexto, há forte tendência de pequenos e médios produtores venderem seus animais para o abate devido aos altos preços da arroba ou mesmo saírem da atividade, o que ocasionará problemas sociais no campo e menor oferta de leite para o próximo ano”, alertou.
No documento, a exemplo da Abraleite, a entidade ressalta que a maior preocupação é com o valor da ração concentrada, que representaria, em média, 40% dos desembolsos do produtor de leite. No acumulado do ano, o preço médio pago ao produtor registra valorização de 57,4%, segundo o Cepea, ante uma alta de 67,3% no preço do milho apontada pelo indicador Esalq/BM&FBovespa e de mais de 84% no preço do farelo de soja.