Dados mostram que muitos poucos negócios perduram por gerações, em termos estatísticos, 30% das empresas familiares chegam à 2ª geração
Priscila Rocha – Responsáveis por gerar 70% a 90% do PIB global e de 50% a 80% dos empregos no mundo, as empresas familiares, além de admiradas e confiáveis, são as estruturas mais presentes e complexas de todo o mundo. Produzem melhores resultados, margens e crescimento que as não familiares – visão de longo prazo. Entretanto, seus diferenciais são testados e, de certa forma, anulados num momento inevitável: sucessão.
A perda inesperada de um ente querido não traz consigo apenas a dor, a ausência de um planejamento pode dizimar anos dedicados ao trabalho e à construção de um patrimônio.
Em termos estatísticos, 30% das empresas familiares chegam à 2ª geração, 13% chegam à 3ª geração e apenas 3% seguem em frente.
Os autores Vic Preisser e Roy Williams, do livro “Preparing Heirs”, citam um incômodo: existem dezenas de estudos, de diferentes épocas e locais, que concluem que 70% das sucessões dão errado.
Mas por qual motivo?
- 60% – Rompimento da unidade familiar
- 25% – Fracasso na preparação dos herdeiros
- 15% – Todas as outras causas
A mentalidade do fundador é a chave do sucesso e o grande segredo para garantir a longevidade da empresa é pensar muito além do planejamento sucessório e criar uma estratégia familiar – como as pessoas se comunicarão, como será a governança, a remuneração, o planejamento do negócio e de todo o patrimônio.
Esse adiamento obriga famílias e empresas a resolver, urgentemente, questões complexas que podiam ter sido planejadas, testadas, discutidas.
A possibilidade de um inventário se torna ainda mais caro e demorado – custo em torno de 15% a 20% do patrimônio – com taxas de justiça e advogados.
Impostos sobre sucessão: ITCMD – imposto de transmissão causa mortis e doação, consome quase 10% do patrimônio da família, a alíquota varia entre Estados, até o limite de 8% sobre o valor. O ITBI – transferência de bens imóveis em vida, alíquota variável entre Municípios e o IR, cobrado não sobre a herança, mas sobre os lucros dela derivados, entre alíquota de 15 e 22,5%.
Enquanto que, em caráter preventivo, o planejamento permite a adoção de uma estratégia voltada para transferência eficaz e eficiente, protegendo o patrimônio frente a riscos empresariais, facilitando a gestão e a profissionalização da administração da empresa e bens, diminuindo conflitos entre herdeiros e até a redução de custos judiciais e tributários, entre outros.
Existem muitas formas de implantar a sucessão: testamento, seguros de vida, doação, planos de previdência privada, fundos de investimento (fundo imobiliário, fundo endowment e outros) e a holding familiar – vamos falar muito dela por aqui.
Fato é, o sucesso da empresa não garante o sucesso do sistema de uma empresa familiar e “a única forma de prever o futuro é ter poder para formá-lo” (Eric Hoffer).