Patrimônio cultura imaterial do Estado, chimarrão pode ser visto em todos os lados da feira, que oferece totens de água quente
No imaginário popular criado pelos demais estados, a influência das tradições indígenas não é uma das primeiras associações feitas ao Rio Grande do Sul, embora seja rápido para qualquer visitante encontrar pelas ruas gaúchas uma garrafa térmica e uma cuia ocupando as duas mãos de alguém. Sim, o nacionalmente conhecido ato de tomar chimarrão é um hábito indígena herdado dos guaranis que povoaram as terras paraguaias e mais ao sul do Brasil.
“A gente tem essa lógica que o início de tudo foi com os indígenas no cultivo e na produção da erva-mate. Teve uma evolução depois, com a utilização das bombas de metal, já que os indígenas usavam uma de taquara (madeira)”, contou o coordenador da Unidade de Classificação e Certificação da erva-mate da Emater/RS-Ascar, Mateus Rocha. “Mas a forma de tomar é a mesma: água quente com infusão na erva”.
Durante os nove dias da 47ª Expointer, a Casa da Emater montada no Parque de Exposições Assis Brasil está também com um espaço próprio para exposição de mais de 100 produtos de erva-mate dos cinco polos ervateiros do Rio Grande do Sul, incluindo os nacionais e os para exportação. Na parede, um painel também informa sobre o serviço de Classificação e Certificação das produções prestado pelos extensionistas do instituto estadual. “A gente certifica a qualidade do produto através de auditorias, de orientações, entre outras especificações. É feito um check-list de mais de 150 itens, por exemplo”, assegurou Mateus.
A produção da erva-mate ocorre em 219 municípios gaúchos, o que corresponde a aproximadamente 45% do total de cidades do Estado, segundo informações da Emater/RS-Ascar. A maior concentração da produção está nos municípios situados ao norte, com a região do Alto Taquari, representando 70% do volume. Os demais polos são os do Alto Uruguai, das Missões Celeiro, do Nordeste Gaúcho e da Região dos Vales.
Em números absolutos, os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), pesquisa produzida pelo IBGE, mostravam que o Rio Grande do Sul produziu 210 mil toneladas da planta em 2022. A cidade de Venâncio Aires, localizada no centro do Estado, é reconhecida como a capital nacional do chimarrão. Já Ilópolis, do Vale do Taquari, é a terra da erva-mate.
Símbolo gaúcho tem diferentes formas de preparação
À primeira vista, a bebida quente, que também ajuda a expulsar o frio do corpo, parece de montagem simples, bastando quatro itens: uma cuia, a erva-mate moída, uma bomba para ingerir e um tanto de água quente, mas jamais fervendo para não amargar. Enquanto aponta para chimarrões já prontos e para distintas peças dispostas na mesa, Mateus revela que preferências pessoais podem levar a jeitos diversos de preparar a bebida.
“Existe o chimarrão invertido e o tradicional, por exemplo, já começando por aí. Tem também as variações que vão se criando de forma regional e as cuias que mudam de formato. Eu, por exemplo, gosto de usar essa que se chama Getulinho. Tem que ter jeitos diferentes de fazer para se adaptar aos diferentes materiais”.
Água quente para o chimarrão pode ser encontrada em totens
Pelos pavilhões e espaços da feira, onde milhares de expositores, participantes e visitantes circulam todos os dias, um simples detalhe como totens disponibilizando água quente de forma gratuita denota a importância para a comunidade do chimarrão, patrimônio cultural imaterial do Estado. Samanta Lemos, visitante de São Leopoldo, segurava balões do filho Márcio Costa enquanto enchia a garrafa e não poupou elogios à iniciativa de recarregar o estoque.
“O chimarrão é um símbolo gaúcho. Tomo todos os dias e não tem horário”, introduziu Samanta, no que foi complementada pelo filho. “É de manhã, de tarde e de noite”, pontuou Márcio. Dentro da família, a tradição foi sendo transferida de geração em geração. “Quando pequena, eu era obrigada a tomar chimarrão porque minha mãe não queria tomar sozinha, mas o Márcio já gosta desde sempre”, confessou.
Um dos diferenciais do chimarrão é especialmente esta capacidade de servir para compartilhamento em grupo, representando hospitalidade e amizade. No pavilhão bovino da feira, um grupo formado por representantes de Caçapava do Sul, São Borja e Bagé conversava sobre o trabalho enquanto tomava a bebida. “A gente parou para dar uma descansada. Estamos conversando sobre o julgamento de uma prova que ocorreu agora há pouco”, contou Matheus Osório, de Caçapava do Sul.
Ingressos
A Expointer segue até 1º de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Os ingressos, que podem ser adquiridos por meio deste link, custam R$ 18 para pedestres, com meia-entrada (R$ 9) para pessoas acima de 60 anos, estudantes munidos de carteira oficial e pessoas com deficiência. Crianças de até seis anos, acompanhadas dos pais ou responsáveis, não pagam. O estacionamento para veículos custa R$ 46 (não inclui a entrada do motorista nem dos demais passageiros). Em todos os dias do evento, o funcionamento do parque é das 8h às 20h.
Texto: Caio Lorena de Menezes Dôres / Ascom Expointer
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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