Empresário comemorou a prisão de Lula distribuindo cerveja grátis, dentre os motivos alegados para a visão estão a reforma agrária e a “arbitrariedade da prisão” do ex-presidente Lula.
Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram na manhã desta terça-feira, 17, a fazenda Santa Cecília, do empresário Oscar Maroni, em Araçatuba, no interior de São Paulo. Maroni ocupou o noticiário recentemente ao distribuir cerveja de graça a cerca de 3 mil pessoas, na capital, em comemoração ao decreto de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato.
Na comemoração, em frente ao Bahamas Hotel Clube, em Moema, zona sul, ele usava uma fantasia dos Irmãos Metralha, conhecidos bandidos das histórias em quadrinhos de Walt Disney.
De acordo com nota do MST, o empresário é “famoso por agenciar casas de prostituição de luxo como o Bahamas Club, onde Maroni agrediu sexualmente diversas mulheres, expondo o corpo de muitas trabalhadoras do sexo perante centenas de homens”.
Ainda segundo o movimento, a fazenda possui cerca de 1,7 mil hectares e já esteve envolvida em processos trabalhistas que a levaram em leilão em 2016. “O MST exige que a área seja destinada para a reforma agrária, para a construção de um assentamento onde as famílias possam morar e produzir alimentos agroecológicos”, diz a nota.
Essa foi a décima invasão de propriedade rural durante o “abril vermelho” do MST e a quarta vez que o movimento ocupa a fazenda de Maroni. As ações deste mês lembram as mortes de 19 sem-terra pela Polícia Militar em Eldorado dos Carajás, em abril de 1996, e protestam contra a prisão de Lula.
Candidato ruralista, Oscar Maroni arrenda fazenda polêmica, de R$ 55 milhões, para a Cosan
Dono do Bahamas também cria cavalos em propriedade já ocupada por sem-terra e leiloada por dívida trabalhista; ele aponta MST como motivação para comemorar prisão de Lula
A brasileira Cosan e a anglo-holandesa Shell compõem a multinacional Raízen, a maior exportadora brasileira de açúcar. Os 100 alqueires restantes (240 hectares do total de 1.685 hectares) continuam com Maroni: a sede, o gado, o haras. “Vou voltar a confinar gado, agora com seleção de carnes especiais”, conta. “Estou estruturando com técnico da Luiz de Queiroz para desenvolver carnes especiais.” Ele se refere à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, o polo de agronomia da Universidade de São Paulo (USP).