MST invade mais três fazendas produtivas na Bahia

Depois do Carnaval Vermelho, Movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST) invadem terras produtivas de grandes empresas no extremo-sul da Bahia; veja os detalhes

Depois de promover várias invasões no entitulado “Carnaval Vermelho” da última semana integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam áreas de uma empresa de celulose e papel em Teixeira de Freitas e Mucuri, cidades do extremo sul da Bahia, na madrugada desta segunda-feira (27). As áreas fazem parte da empresa Suzano Papel e Celulose, que informou que não vê legalidade na ocupação e tomará as medidas cabíveis.

Em comunicado o movimento disse que os membros ocuparam três áreas da Suzano próximas aos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas. De acordo com representantes do movimento, as ocupações têm 1.550 pessoas e o objetivo, conforme os representantes do MST, é fazer uma denúncia contra o crescimento das monoculturas na região, como a do eucalipto. Segundo eles, a plantação tem provocado êxodo rural e causado problemas hídricos.

Com as ocupações, as famílias Sem Terra reivindicam a desapropriação imediata dos latifúndios para fins de reforma agrária, tendo em vista que estas propriedades atualmente não estão cumprindo sua função social.

Ainda segundo os invasores o território do Extremo Sul da Bahia vem amargando nas últimas três décadas com a expansão do monocultivo de eucalipto, hoje controlada pela empresa Suzano papel e Celulose. Somente no 3º bimestre de 2022, a empresa lucrou 5,44 bilhões de reais, e a venda de celulose e papel ultrapassou as marcas de 2,8 e 311 milhões de toneladas, respectivamente.

Comunicação do MST

Eliane Oliveira, da direção estadual do MST na Bahia, explica que a pauta do MST é a luta por terra, moradia e alimentação saudável. “Enquanto tiver gente Sem Terra, passando fome e sem moradia essa será a nossa tarefa, de fazer valer a Reforma Agrária. Reafirmamos nossa disposição de luta e construção de um país mais justo e soberano, que em um país de proporções continentais, não haja tanta terra para pouca empresas e tanta gente Sem Terra. Nosso compromisso é lutar e conquistá-la para produção de alimentos saudáveis”, concluiu.

Comunicação do MST

Em novembro, 250 famílias ligadas ao MST ocuparam duas fazendas na região da Chapada Diamantina. Os terrenos ficavam entre os municípios de Maracás, Planaltino e Irajuba. A área pertence à empresa Companhia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa) e o MST alega que a área era “improdutiva”, após ter sido “abandonada há anos”.

Em nota a Suzano confirmou a invasão e que cumpre integralmente as legislações ambientais e trabalhistas aplicáveis às áreas em que mantém atividades.

Nota da Suzano

Ademais, a empresa informou que tomará as medidas cabíveis para obter a reintegração da posse da área, uma vez que não reconhece a legalidade dessas invasões.

“A empresa confirma que duas áreas de sua propriedade, localizadas nos municípios de Mucuri e Teixeira de Freitas, foram ocupadas pelo MST – Movimento Sem Terra nesta segunda-feira (27/2). Diante do fato, a companhia reitera que cumpre integralmente as legislações ambientais e trabalhistas aplicáveis às áreas em que mantém atividades, tendo como premissas em suas operações o desenvolvimento sustentável e a geração de valor e renda.

Especificamente no sul da Bahia, a empresa gera aproximadamente 7.000 mil empregos diretos, mais de 20.000 postos de trabalho indiretos e beneficia cerca de 37.000 pessoas pelo efeito renda, conforme metodologia adotada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).

Além disso, por meio de seus projetos sociais, programas e iniciativas na região, a empresa alcançou mais de 52.000 participantes diretos e indiretos, em 82 comunidades e mais cinco sedes municipais, com um investimento de mais de R$ 10,3 milhões no ano de 2022.

A empresa reconhece a relevância da sua presença nas áreas onde atua e reforça seu compromisso por manter um diálogo aberto e transparente, de maneira amigável e equilibrada. Por fim, a Suzano informa que tomará as medidas cabíveis para obter a reintegração da posse da área, uma vez que não reconhece a legalidade dessas invasões”.

MST invade mais três fazendas produtivas na Bahia
Comunicação do MST

Movimentos cresceram muito

Os movimentos rurais de sem-terra, ligados ou não ao MST, vêm se fortalecendo desde meados do ano passado, em especial no Sul da Bahia. Alguns deles com motivação eleitoral. Durante a campanha, Trancoso, balneário no Sul da Bahia, vivenciou invasões de terras pelo Movimento de Resistência Camponesa (MRC) – denunciado pela Coluna como eleitoreiro, onde houve até comício de candidatos que posteriormente foram eleitos.

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