MST acusa fazendeiros de invasão e destruição e cobram punição

Em meio a mega onda de invasões pelo movimento, somando quase 50 áreas públicas e privadas, o MST acusa fazendeiros de invasão e destruição das “hortaliças” plantadas em fazenda invadida no último Abril Vermelho. Pode isso?

Informações recentemente divulgadas trazem a tona um assunto delicado. Segundo o site Brasil de Fato, fazendeiros utilizaram tratores para destruir as plantações do acampamento Osmar Azevedo, em Itabela (BA), área que é ocupada por cerca de 300 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), após invasão do grupo alegando que as terras eram improdutivas. Ainda segundo as informações, os invasores da área alegaram que desde o sábado (27), as famílias vinham recebendo ameaças. Mas afinal, quem invade uma área pode alegar uma segunda invasão por outra parte?

Durante o ‘Abril Vermelho’, uma campanha anual do MST para intensificar suas ações pela reforma agrária, o movimento organizou várias invasões de terras, estatais e privadas. Este ano, registrou-se um aumento no número de invasões, mais de 50 invasões ao todo, refletindo a urgência de políticas que realmente visem coibir tais atitudes por parte das autoridades competentes.

MST acusa fazendeiros de destruir a terra invadida pelo movimento

No cair da noite de um sábado, famílias foram abruptamente confrontadas por fazendeiros que as pressionaram de maneira agressiva, revelou a reportagem. “Um dos nossos foi cercado no campo e submetido a longos períodos de interrogatório e ameaças. Após sua liberação, os agressores continuaram a circular com seus veículos pela área cultivada,” compartilhou um dos acampados ao site Brasil de Fato.

Os relatos das famílias indicam que as intimidações são constantes e intensificam-se em gravidade, chegando ao ponto de ocorrerem tiros noturnos nas proximidades do acampamento. “O modo de operar desses indivíduos está se tornando cada vez mais perigoso. A violência dos ataques tem crescido dia após dia,” descreveu um dos residentes.

Acampamento vem recebendo ameaças dessas mesmas pessoas desde o sábado (27) / Coletivo de Comunicação MST-BA

Ainda segundo a reportagem, foi no dia seguinte, domingo (28), que o grupo retornou ao acampamento, invadiu e destruiu parte do plantio. E mais, ainda de acordo com as famílias acampadas, os fazendeiro teriam ameaçado colocar fogo nos barracos. “Na manhã de hoje (30), eles voltaram com tratores e derrubaram as roças plantadas”, informou o Brasil de Fato.

Acampamento Osmar Azevedo

Em 3 de fevereiro de 2023, aproximadamente 200 famílias de trabalhadores rurais ocuparam a Fazenda São Jorge, localizada em Itabela, no sul da Bahia. A fazenda estava desocupada e sem uso, abrangendo uma área de cerca de 800 hectares. Desses, mais de 400 hectares não estavam registrados no cartório local, e existem suspeitas de problemas nos registros dos outros 400 hectares.

Nesse espaço antes vazio, as famílias começaram a cultivar legumes, verduras e tubérculos, e também iniciaram plantios de bosques com árvores da região e árvores frutíferas. Infelizmente, todos esses novos plantios foram completamente destruídos.

Foto: Divulgação

Governo atende MST após invasões e terrorismo e lança o Programa Terra da Gente

O governo federal lançou na 2ª feira (15.abr) o programa Terra da Gente. Segundo informações do MDA, o programa define as prateleiras de terras, termo usado para designar uma espécie de relação de áreas improdutivas e devolutas que passarão a ser usadas como assentamentos. 

A estimativa do governo é de que, até 2026, 295 mil famílias agricultoras sejam beneficiadas. Dessas, 74.000 são assentadas e 221 mil já regularizadas em lotes de assentamentos. Segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), as novas alternativas para a obtenção de áreas deve ampliar em 877% o número de famílias assentadas quando comparado com o período de 2017 a 2022.

Para 2024, o governo terá um Orçamento de R$ 520 milhões para a aquisição de imóveis.

Câmara aprova urgência de projeto contra invasores de terra

A Câmara aprovou, por 293 votos a favor e 111 contra, um requerimento de urgência constitucional para o PL 895 de 2023, que determina sanções administrativas e restrições aplicadas aos ocupantes e invasores de propriedades rurais e urbanas.

O projeto foi justificado como necessário para conter o chamado “Abril Vermelho” do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Governistas disseram que houve quebra de acordo firmado na reunião do colégio de líderes, realizada toda 3ª feira para debater a pauta da semana, pois havia sido estabelecido que o projeto não seria levado à votação. 

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