MS: Nota técnica sobre mortes em confinamento

A Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) emitiu nota sobre as ocorrências de mortalidade bovina e medidas adotadas.

Tendo em vista a veiculação de diversas notícias sobre mortalidade de bovinos com sintomatologia nervosa no Estado de Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), por meio da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), em conjunto com a Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul (SFA/MS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), informa que estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para identificação da causa, bem como a resolução do problema.

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Vale ressaltar que, no Complexo de Doenças Nervosas que acometem os bovinos, temos inúmeras. Entre as principais estão o botulismo, intoxicações fúngicas, raiva, dentre outras.

Histórico:

Dia 03/08/17:

Foram encaminhadas à Unidade Laboratorial de Raiva e Botulismo do Laboratório de Diagnósticos de Doenças Animais e Análises de Alimentos – LADDAN/IAGRO, amostras provenientes do município de Ribas do Rio Pardo para diagnóstico diferencial de raiva e botulismo. Essas amostras foram encaminhadas pelo Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com suspeita clínica de botulismo;

Dia 04/08/17:

Unidade Veterinária Local de Ribas do Rio Pardo deslocou-se até a propriedade para verificação da notificação e providências cabíveis. Foi relatado pelo responsável da propriedade que a mesma possui 1700 bovinos em sistema de confinamento e que até a presente data já haviam morrido 600 animais;

Neste mesmo dia foram encaminhadas ao LADDAN mais amostras dos animais, além de porções dos ingredientes que compõe a ração fornecida a estes, provenientes da mesma propriedade.

Dia 07/08/17

Equipe da IAGRO deslocou-se novamente à propriedade, onde foi constatada a morte de mais 500 animais, perfazendo um total de 1100 bovinos. Vale ressaltar que também havia lotes de bovinos e ovinos fora do confinamento, que não apresentaram nenhuma sintomatologia e ou morte. Nos demais animais da propriedade não foram constatadas doenças infectocontagiosas.

Com relação à suspeita, o botulismo é uma toxinfecção, ou seja, o animal adquire a doença por meio da ingestão de toxinas produzidas pela bactéria do gênero Clostridium em condições de anaerobiose.

Vale ressaltar que essa toxina se liga à neuroreceptores presentes na musculatura, impedindo contração muscular, causando paralisia flácida e levando a óbito. Os sintomas clínicos aparecem de 1 a 17 dias após a ingestão do alimento contaminado, dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal.

Os ingredientes para a fabricação da ração na propriedade são de uso permitido por lei, mas podem ter havido falhas na conservação, propiciando condições favoráveis ao desenvolvimento do Clostridium e consequente produção da toxina.

Em relação aos animais mortos, não há aproveitamento das carcaças para consumo humano, sendo que as mesmas já estão sendo destruídas e enterradas na propriedade.

O diagnóstico da enfermidade baseia-se principalmente no histórico, quadro clínico, patológico e epidemiológico. O diagnóstico laboratorial, que pode demorar até 20 dias para ser concluído, é uma ferramenta complementar, não sendo determinante.

O papel dos diversos setores da agropecuária, incluindo médicos veterinários, zootecnistas, criadores, ou qualquer cidadão, é fundamental para a prevenção, detecção precoce e contenção da doença. O rápido diagnóstico de animais doentes ou infectados é importante para evitar sua disseminação. A IAGRO coloca-se à disposição e conta com participação e colaboração de todos.

A nota pode ser obtida em inglês também, confira aqui.

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