Máquinas agrícolas adotam novas tecnologias para atender a legislação em defesa do meio ambiente
Nos últimos anos, os motores das máquinas agrícolas passaram por modificações para atender duas demandas importantes no setor: a economia de combustível e a redução de emissão de poluentes. As mudanças vêm ao encontro da legislação MAR-1, que define limites de emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP).
A primeira fase da norma, criada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), como parte do Programa de Controle da Poluição do Ar de Veículos Automotores (Proconve), entrou em vigor em 2015 e definiu os parâmetros apenas para as máquinas utilizadas na construção civil. As máquinas agrícolas foram abrangidas pela norma a partir de 2017, definindo os padrões para os motores com potência de 101 cv a 761 cv. Em 2019, as regras foram estendidas para os motores de menor potência, no intervalo de 25 a 101 cv.
Com isso, o agronegócio entrou de vez na agenda sustentável, com máquinas mais econômicas e com motores menos poluentes. Os números são expressivos: para se ter ideia, a redução de emissão de material particulado pode chegar a 85% e a de NOx a 75%.
“A redução das emissões de poluentes seguindo os padrões Tier-3 já eram realidade na Europa desde 2006, então, o que fizemos foi trazer a tecnologia que já utilizávamos lá para o Brasil”, explicou André Rocha, gerente de vendas e pós-venda da divisão de motores da AGCO Power, fabricantes de motores das marcas Massey Fergusson, Challenger, Fendt e Valtra. “No entanto, houve um intenso período de testes de adaptações para a realidade da agricultura no Brasil, uma tropicalização desses motores”.
Aumento de produtividade
Para cumprir as exigências do MAR-1, as fabricantes empregaram novas tecnologias no desenvolvimento dos motores, como controle eletrônico de injeção (que aumenta a pressão de injeção e melhora o fluxo de combustível), recirculação do gás de escapamento (o gás de escapamento retorna à câmara de combustão, baixando a temperatura da combustão e a formação de óxidos de nitrogênio) e redução catalítica seletiva (o reagente Arla 32 é pulverizado no gás de escapamento, provocando reação química no catalisador e neutralizando a geração de NOx).
Cada fabricante optou pelas tecnologias mais adequadas para seus produtos, mas, o mais importante, é que todas apresentam benefícios. Depois da implementação do MAR-1, as máquinas alcançam desempenho superior, graças a itens como transmissões, motores, eixos motrizes e sistemas de refrigeração mais eficientes.
Além de reduzir as emissões e o consumo de combustível, as mudanças aumentam a produtividade no campo. Isso porque elas conseguem ampliar a potência com um motor mais compacto, que é capaz de realizar o mesmo trabalho de um conjunto maior e mais pesado.
Confira as soluções de algumas fabricantes de motor que atuam no mercado brasileiro:
Perkins
Parceira de fabricantes como LS Tractor, Agrale e Landini, a Perkins encarou como oportunidade a introdução dos padrões de emissão MAR-1 no Brasil. Com a nova determinação, ela passou a oferecer aos clientes motores mecânicos da série 1100, fabricados em Curitiba (PR).
A Agrale lançou os tratores 575 e 5105, enquanto a Landini trouxe as máquinas Brutus e Rex, todas equipadas com motor Perkins. Hoje, estima-se que mais de 500 mil motores agrícolas Perkins estejam em operação no mundo.
MVM
A competitividade dos produtos agrícolas brasileiros no mercado mundial é um aspecto extremamente positivo. É o que pensa a MWM, que aposta nesse cenário para ver o produtor investir mais em equipamentos de alta produtividade – ou seja, motores com menor consumo de combustível, elevada qualidade e menor custo de manutenção.
Segundo a empresa, o aumento da precisão agrícola levou as máquinas com motor diesel a trabalhar com base em algoritmos de maior complexidade, com objetivo de aumentar a produtividade e qualidade das plantações, além de reduzir o nível de emissões de poluentes.
Valtra
Nesses novos tempos de MAR-1, a Valtra apostou na maior eficiência, economia, aumento de produtividade e sustentabilidade. Uma das inovações da marca chama-se eletronificação, a inclusão de módulo e componentes eletrônicos nos motores para otimizar a performance e atender as emissões.
A Valtra também investiu em soluções como EGR (a recirculação dos gases para reaproveitamento no motor e diminuição de poluentes), o SCR (sistema de pós-tratamento dos gases de escape, que transforma poluentes em resíduos não nocivos) e as peças intercambiáveis de motores.
John Dere
Em 2001, bem antes da certificação MAR-1, a John Deere já usava biodiesel (B5) em seus motores. Atualmente, todos os motores produzidos pela empresa estão preparados para receber misturas com até 20% de biodiesel na composição (B20), atendendo os parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
As mudanças caminharam lado a lado com a evolução das máquinas agrícolas, ganhando tecnologia embarcada com a introdução dos motores eletrônicos. Dessa forma, os conjuntos ficaram mais inteligentes e causaram impactos positivos na redução do consumo de combustível e menor emissão de gases.
Cummins
A Cummins oferece no mercado motores eletrônicos mais compactos, leves e potentes, configuração que, segundo a empresa, facilita a instalação nas máquinas agrícolas. Além desses atributos, os modernos sistemas de injeção permitem um processo de queima mais controlado, com precisão na quantidade de combustível e ajuste de tempo para a queima. O resultado é o menor consumo de combustível e nível de emissão.
No campo, os equipamentos trabalham em condições severas durante todo o ciclo e por um longo período de tempo. Os motores nacionais da Cummins para a aplicação agrícola, em conformidade com a MAR-I, têm cilindradas que variam de 3.8 a 9 litros (QSF 3.8, QSB 4.5, QSB 6.7, QSLC 8.9). Já as duas versões importadas são QSF 2.8 litros, QSG 12 litros e QSX 15 litros.
Fonte: https://agro.estadao.com.br
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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