Mortes na Bahia não tiveram relação com a vaca louca, diz MAPA

Da mesma forma, a EEB clássica nunca foi detectada no rebanho bovino do Brasil em mais de 20 anos de existência do sistema de vigilância da doença, instituído e coordenado pelo Mapa.

Segundo as informações divulgadas até o momento, na tarde de segunda-feira, 10, foram confirmadas duas mortes por em decorrência da doença de Creutzfeld-Jakob, causada pela infecção animal Encefalite Espongiforme Bovina. Entretanto, conforme informou o Ministério da Agricultura (comunicado completo abaixo), as mortes não tiveram relação com o consumo de carne contaminada pela Encefalite Espongiforme Bovina (EEB) – popularmente conhecida como “vaca louca”.

De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia, outras três pessoas estão infectadas, todas residentes em Salvador. Duas delas foram diagnosticadas na última quinta-feira (6) e permanecem hospitalizadas na capital baiana. O caso do terceiro contaminado, por sua vez, é investigado pela Vigilância Epidemiológica.

Em nota, o Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento) afirma que “os casos não têm relação com consumo de carne bovina ou subprodutos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina”.

Segundo o ministério, a doença Creutzfeldt-Jakob ocorre, na maioria das vezes, de forma esporádica e tem causa e fonte infecciosas desconhecidas. Ainda conforme a nota, a pasta reforça que está acompanhando os casos.

Cadeia da carne bovina não corre risco

A Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) informou, nesta segunda, que desde 2008 não há no estado nenhum caso comprovado da “vaca louca”.

De acordo com a Adab, em todos os processos de coleta, exames e resultados laboratoriais realizados não foram detectados sinais da doença. O órgão afirmou que fiscaliza regularmente os frigoríficos e, por meio do serviço de vigilância sanitária, remove e destrói os materiais que apresentem risco específico para a EEB.

Nota Oficial: Esclarecimentos sobre casos de doenças neurodegenerativas na Bahia

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclarece que os casos de doenças neurodegenerativas investigados no estado da Bahia e veiculados na imprensa não estão relacionados à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – variante da DCJ (vDCJ), conhecida popularmente como Doença da “Vaca Louca”.

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Foto: Divulgação

Segundo o Ministério da Saúde, um caso está em investigação e ainda falta realizar exames para confirmação do diagnóstico. As informações disponíveis, até o momento, indicam para um possível caso de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) esporádica, forma que não possui relação com a ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica e que não é transmitida de forma direta de um indivíduo para outro.

Desde que a vigilância da DCJ foi instituída pelo Ministério da Saúde, nenhum caso da variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ) foi confirmado no País. Da mesma forma, a EEB clássica nunca foi detectada no rebanho bovino do Brasil em mais de 20 anos de existência do sistema de vigilância da doença, instituído e coordenado pelo Mapa.

O Brasil detém, desde 2012, o reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como país de risco insignificante de EEB.

O Mapa reforça ainda que o consumo de carne e produtos derivados de bovinos no Brasil é considerado seguro, não representando risco para a saúde pública.

As principais formas clínicas da DCJ são:

  1. Esporádica: Ocorrem na maioria dos casos (85%) e não tem uma causa ou fonte infecciosa conhecida, nem relação de transmissibilidade comprovada de pessoa a pessoa.
  2. Hereditária: Acontecem por mutação hereditária, decorrente de uma mutação no gene que codifica a produção da proteína neurodegenerativa rara.
  3. Latrogênica: Acontece como consequência de procedimentos cirúrgicos (transplantes de dura-máter e córnea) ou por meio do uso de instrumentos neurocirúrgicos contaminados.
  4. Variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ): É uma outra doença neurodegenerativa rara, que está associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (Doença da “Vaca Louca”).

Fiscalizações

A inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal na Bahia é de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, através da concessão dos selos federal (SIF) e estadual (SIE) aos produtos inspecionados pelos respectivos órgãos.

A Vigilância Sanitária (VISA) municipal é responsável pelas ações de fiscalização dos produtos alimentícios armazenados, expostos à venda ou disponíveis ao consumo humano, sendo proibida a comercialização de alimentos deteriorados, falsificados, adulterados, vencidos, de procedência duvidosa, clandestinos ou ainda os que estejam fora dos padrões especificados pelo fabricante, e/ou pela legislação e normas técnicas vigentes.

A VISA municipal também tem a competência de fiscalizar e inspecionar os estabelecimentos do tipo açougue, verificando se os produtos de origem animal comercializados atendem aos padrões sanitários estabelecidos.

Como a doença é transmitida?

De acordo com o Ministério da Saúde, a forma exata de transmissão da doença de Creutzfeldt-Jakob é desconhecida.

Não existe evidências de que a doença pode ser transmitida pelo ar ou pelo contato social e casual, como uso de mesma roupa, mesmos copos e utensílios de cozinha ou contato íntimo – abraço, beijos, relações sexuais e outros. Também não há casos relatados de exposição por meio de superfícies, como pisos, paredes ou bancadas.

Sintomas

A doença de Creutzfeldt-Jakob tem uma rápida evolução, que pode levar à morte do paciente. Ela se caracteriza pelos seguintes sintomas:

  • Desordem cerebral com perda de memória;
  • Tremores;
  • Falta de coordenação de movimentos musculares;
  • Distúrbios da linguagem;
  • Perda da capacidade de comunicação;
  • Perda visual.

Diagnóstico e tratamento

A doença de Creutzfeldt-Jakob é diagnosticada a partir de exames de sangue e também por meio de exame neuropatológico de fragmentos do cérebro.

A principal forma de tratamento são drogas antivirais e corticóides. De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 90% dos indivíduos infectados pela doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) morrem dentro de um ano. Ainda não há maneira efetiva de alterar a evolução da doença.

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