Morre um genearca: Limadhi do Arroio e seu legado na pecuária brasileira

Destaque como genearca, Limadhi do Arroio sempre foi e continuará sendo referência em beleza e padrão racial, deixando um legado inigualável na pecuária brasileira.

A pecuária brasileira amanheceu mais triste na última terça-feira (26) com a notícia da morte de Limadhi do Arroio, um dos mais renomados reprodutores da raça Nelore. Produzido por Chico Carvalho, da Fazenda Arroio Sexto, Limadhi é considerado um marco na genética Nelore, com uma trajetória de destaque tanto nas pistas quanto na produção de descendentes que elevam a qualidade do rebanho nacional.

Destaque como genearca, Limadhi sempre foi e continuará sendo referência em beleza e padrão racial, deixando um legado inigualável na pecuária brasileira. Sua contribuição para o melhoramento genético será lembrada por todos que admiraram sua força e excelência.

Limadhi do Arroio [FJC3762], nascido em 11/10/2009, carregava em sua genealogia o peso de uma linhagem excepcional. Filho de Edhupati do Arroio, reprodutor amplamente reconhecido por sua contribuição à raça, e de Mapa TE da AM, uma matriz descendente de Porche POI Zeb VR e de uma vaca Osíris Terra Boa, ele combinava características que fizeram dele um ícone da seleção genética.

Essas linhagens incluem reprodutores responsáveis por características fundamentais do Nelore moderno, como padronização racial, rusticidade, precocidade e ganho de peso. Limadhi se destacou por aliar essas qualidades a uma caracterização racial impecável, tornando-se uma referência para criadores em todo o Brasil.

Genearca Nelore Limadhi do Arroio
Foto: Apoio Genética

Contribuições que transcendem gerações

Reconhecido não apenas pela sua qualidade genética, Limadhi foi amplamente utilizado como reprodutor, deixando um extenso legado de filhos que se destacam em diversos programas de melhoramento genético. Além disso, seu sêmen é amplamente procurado por criadores que buscam agregar valor ao plantel.

Criadores e especialistas destacam que a perda de um reprodutor como Limadhi é significativa para a pecuária, mas sua contribuição permanecerá viva através de sua genética, garantindo a continuidade de sua influência no avanço da raça Nelore.

A Fazenda Arroio Sexto e a história de Limadhi do Arroio

Sob a liderança de Chico Carvalho, a Fazenda Arroio Sexto é reconhecida como uma referência na produção de Nelore de alta performance. A fazenda tem sido responsável pela seleção de animais que elevam a qualidade dos rebanhos brasileiros, com foco em eficiência produtiva e genética superior.

Limadhi do Arroio foi um dos maiores exemplos desse trabalho, destacando-se tanto em exposições quanto em provas de avaliação genética, sempre com excelentes desempenhos em características como ganho de peso, fertilidade e adaptação.

Chico Carvalho com Limadhi do Arroio - na fazenda
Foto: Fazenda Arroio Sexto

O trabalho do pecuarista Francisco José de Carvalho Neto, mais conhecido como Chico Carvalho ou Chico Ventania, em prol da raça Nelore no Brasil e em Mato Grosso do Sul é reconhecido em todo o país. “Para mim, o Chico Carvalho é o maior conhecedor da raça Nelore no Brasil! Esteve na Índia, apartou e trouxe o gado, construiu uma história na seleção da raça. “Reprodutores que fazem gado”!” – disse o internauta Renê Miranda.

Chico Ventania é um dos principais responsáveis pela qualidade do rebanho Nelore brasileiro. Ele trouxe, na década de 60, quase 300 cabeças de bovinos da raça direto da Índia, dando um novo rumo para os criadores de Nelore do Brasil.

O selecionador dispensa apresentação, pois é o criador de Nelore mais conhecido de Mato Grosso do Sul, sendo o responsável pela importação de animais da raça direto da Índia para o Brasil em 1962. O navio que trouxe as quase 300 cabeças compradas até no meio da rua na Índia foi o Cora. Graças a essa nossa aventura a raça Nelore obteve mais credibilidade no Brasil.

Dono da Fazenda Arroio Sexto, Chico Ventania é um extraordinário conhecedor do bovino da raça Nelore, que se formou na “universidade da observação e da persistência”. Aos 20 anos de idade, ele viajou para a Índia com seu tio, Nenê Costa, em de lá, trouxe para o Brasil e para o sul de Mato Grosso o gado Nelore.

Chico foi oito vezes à Índia, sua escola de vida, um lugar pobre e cheio de dificuldades para se acomodar, se alimentar, se locomover. Com seu modo pragmático e com a espantosa clareza de seu papel de selecionador-comprador, adquiriu na cidade de Madras o gado de raça pura Ongole, um gado branco-cinza.

O gado foi embarcado em um pequeno navio dinamarquês chamado “Cora” e veio com 296 animais, enfrentando pânico e temporais, em 39 dias de confinamento até o desembarque em Fernando de Noronha, no dia 1º de janeiro de 1963.

Chico e sua esposa, Áurea, vieram para Mato Grosso do Sul em 1965, para uma fazenda à beira do Rio Brilhante, a Rancho Alegre, onde trabalharam muito e formaram sua família. Mudaram-se depois para Dourados e, em 1972, em Porto Murtinho, começou o plantel da Fazenda Arroio Sexto.

Chico Ventania é um criador cheio de gosto e constância pelo ofício, chegando a ficar horas no mangueiro, passando e repassando lotes de vacas e estudando como fazer os cruzamentos perfeitos. É um dos responsáveis pelo fato de Mato Grosso do Sul ser o Estado de maior pecuária do Brasil e o seu legado é a forte raça Nelore, capaz de abastecer o mundo de carne.

Opinião do selecionador

Segundo o Médico Veterinário e titular do Nelore Cabeceira, Prof. Arley Coelho da Silveira, o Brasil passa por um momento onde a genética tem sido considerada apenas um aspecto teórico. E isso está levando a um quadro de pioramento genético do rebanho brasileiro. “Muitos programas que têm já uma estrutura e um método ultrapassado, tem premiado touros que vão para as centrais e que não são touros realmente melhoradores. É uma coisa do sistema de avaliação que não está de acordo com a realidade” – opinou o selecionador.

Foto: Reprodução / Terra Pecuária

Ainda segundo o Prof. Arley, um exemplo bom disso é a avaliação do Limadhi do Arroio, um touro de grandes qualidades, que passa uma homogeneidade na sua progênie, passa grandes qualidades para os animais uma carcaça longilínea, sem barriga e membros equilibrados para a sobrevivência a campo. “O animal mostra uma grande rusticidade sendo que a sua progênie não necessita de trato excessivo, como tantos outros animais que a gente percebe por aí” – ressaltou o criador.

O Limadhi tem deixado muitos produtos de primeira grandeza em muitos rebanhos no Mato Grosso do Sul e Brasil. “Nós conhecemos a sua produção e utilizamos descendentes na nossa fazenda de seleção. Posso atestar que é um touro que contribuiu muito para o melhoramento no Brasil. Touros como o Limadhi e tantos outros têm auxiliado muito mais que touros chancelados com superioridade genética ou de índices zootécnicos e de melhoramento que não condiz com a realidade” – finalizou o melhorista.

O impacto da perda para a raça Nelore

A morte de Limadhi do Arroio não representa apenas a perda de um animal excepcional, mas também de uma referência para a pecuária de corte brasileira. Criadores e admiradores da raça Nelore ressaltam que sua partida reforça a importância de preservar e perpetuar linhagens como a dele, que contribuem diretamente para a sustentabilidade e produtividade do setor.

Apesar da tristeza pela perda, a certeza de que Limadhi continuará impactando o Nelore brasileiro, seja por meio de sêmen ou de seus filhos, consola os criadores. Seu legado reforça o compromisso com o desenvolvimento contínuo da raça que é a base da pecuária nacional.

A raça Nelore perde um ícone, mas o nome Limadhi do Arroio permanecerá gravado na história como um dos pilares da evolução genética e produtiva da pecuária brasileira.

Nossos sentimentos e homenagem sincera do CompreRural a esse ícone que inspirou tantos criadores e apaixonados pela raça Nelore. Viva o Nelore!

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