Moro pede demissão com discurso contra interferência de Bolsonaro na PF, critica ações e coloca o Brasil em um novo cenário político partidário. E agora?
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira com um discurso firme contra a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal, que disse representar interferência política e quebra da promessa de que teria carta-branca.
A decisão de Moro –que ganhou notoriedade como principal juiz da operação Lava Jato– ocorre após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, pelo presidente Jair Bolsonaro, publicada em edição extra do Diário Oficial da União na madrugada desta sexta-feira.
Moro disse em seu pronunciamento de despedida que desde o período da Lava Jato sempre se preocupou com a possibilidade de interferência política na PF, e que foi surpreendido com a publicação da demissão de Valeixo.
O ministro lamentou ter de tomar a decisão durante a pandemia de coronavírus, mas disse que foi “inevitável”.
Bolsonaro tuíta exoneração de Valeixo e diz que nomeação cabe ao presidente
O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais nesta sexta-feira, 24, para falar pela primeira vez sobre a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal A decisão da saída do agora ex-diretor foi oficializada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta.
Pelo Twitter, Bolsonaro citou a Lei 13.047, de 2014, que reorganiza a carreira de policiais federais. O chefe do Executivo destacou o artigo da legislação que prevê que o cargo de diretor-geral da instituição é “nomeado pelo presidente da República”. A publicação acompanhava foto do decreto de exoneração de Valeixo com o trecho “EXONERAR, a pedido” destacado em amarelo.
A publicação de Bolsonaro pode ser entendida como um recado para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que ameaça deixar o cargo caso não possa indicar o substituto para a vaga de Valeixo. A divergência com o presidente deu início a mais uma crise no governo. Valeixo foi indicado por Moro e era um homem de confiança do ministro.
A publicação de hoje do DOU não traz o nome do substituto do diretor. A lei define que a indicação de um nome para o cargo seja feita pelo presidente, mas tradicionalmente a escolha tem sido feita pelo ministro da Justiça.
Moro diz que troca de comando da PF é interferência política e quebra promessa de carta-branca
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta sexta-feira que a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal representa uma interferência política no órgão e desfaz a promessa que recebeu de carta-branca.
Moro convocou o pronunciamento para pedir demissão, de acordo com uma fonte, após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, por Bolsonaro, publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta sexta.
- Região do Cerrado Mineiro avança no mercado global com leilão virtual
- Mudanças climáticas redesenham a agricultura brasileira
- Valorizada em R$ 20 milhões, Dinastia Apollo Roxo se consagra como o maior tesouro do Monte Sião Haras
- Bunge alcança monitoramento de 100% da cadeia indireta de soja em áreas prioritárias no Brasil
- Sítio Pedrão e Sitío Campo Azul vencem Coffee of the Year Brasil2024
Moro disse em seu pronunciamento que desde o período da Lava Jato sempre se preocupou com a possibilidade de interferência política na PF.
O ministro disse lamentar ter de tomar uma decisão durante a pandemia de coronavírus, mas disse que era “inevitável”.
Moro havia imposto como condição para permanecer no governo que pudesse discutir com Bolsonaro o nome do sucessor de Valeixo à frente da PF, o que não aconteceu, de acordo com uma fonte com conhecimento da decisão do ministro de deixar o governo.
Fonte: Estadão Conteúdo e Reuters