O pedido de suspensão da etapa de maio foi encaminhado ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), mas a decisão cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) solicitou ao governo do Estado o adiamento da etapa de maio da campanha de vacinação contra a febre aftosa. O pedido é que a vacinação ocorra somente em novembro, e seriam vacinados bovinos e bubalinos de todas as idades.
O adiamento proposto pela entidade é considerado importante para que os produtores tenham condições de vacinar o rebanho de forma eficaz. O pedido de suspensão da etapa de maio foi encaminhado ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), mas a decisão cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com o superintendente da Faemg, Altino Rodrigues Neto, o pedido para que não ocorra a vacinação prevista para maio se deve às dificuldades que os produtores irão enfrentar no período, que deverá ser maior que os tradicionais 30 dias em função dos empecilhos que os pecuaristas terão pela frente.
Com diversos estabelecimentos fechados para controle do avanço do coronavírus, o produtor poderá encontrar dificuldades em adquirir a vacina. Além disso, esta etapa, segundo Rodrigues, deve durar por mais tempo, podendo ser prolongada até julho.
“Minas Gerais tem uma particularidade por ter uma estratificação muito grande das propriedades. São 360 mil unidades com bovinos que precisam ser vacinados. A tendência é de que essa vacinação ocorra em um período extenso, começando em maio e prolongando até julho, o que é péssimo em termos de campanha de vacinação em massa. Como não temos circulação viral da doença no País – comprovado por diversos exames -, era muito preferível que a etapa fosse bem feita em novembro, quando teríamos uma preparação para retirada em 2021 com muito mais segurança”, disse.
Rodrigues explica que a decisão de adiar ou não a etapa de vacinação será do Mapa, que levará em consideração todo o bloco IV, que são vários estados que devem adotar a mesma postura. Em nota, o Mapa se limitou a informar que “o assunto está sendo discutido com o Estado e o setor privado”.
Corte de orçamento – A preocupação com a realização da imunização contra a aftosa em Minas Gerais ao longo de maio, que já era grande, ficou ainda maior na última quarta-feira, quando o governo de Minas Gerais anunciou o corte de 50% do orçamento de todos os órgãos, o que poderá comprometer a fiscalização do processo.
“Vai ter uma vacinação sem nenhum acompanhamento por parte do órgão responsável. Temos milhares de casas que revendem vacina no Estado e essas vacinas precisam ser vistoriadas na chegada para conferir se a temperatura está adequada. Quando vendida, precisa ser transportada em gelo. Nós vamos ter um período de 2 a 3 meses de vacinação enfrentando problemas de energia elétrica no Estado. Com esse problema, que existe, as geladeiras podem ficar sem energia e será disponibilizado para o produtor vacinas fora do padrão ideal. Além disso, ao ficar estocada nas casas de venda por um longo período, podendo chegar a três meses, pode ocorrer o comprometimento (da vacina)”, explicou Rodrigues.
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Outro desafio é não saber a extensão de crise e como o produtor vai se deslocar para adquirir a vacina. De acordo com Rodrigues, a decisão que o Mapa tomar será acatada pelo Estado. Caso não ocorra o adiamento, os trabalhos serão conduzidos da melhor forma possível, mas, segundo Rodrigues, não será uma boa etapa de vacinação.
“O prolongamento de etapas de vacinação, seja em animais ou humanos, não é favorável. Quanto menor o período, melhor é a eficiência. Isso porque os animais entram no processo de imunização mais rápido e juntos. Então, uma campanha com muitos meses perde a eficiência de imunidade em termos de rebanho”, destacou.
Fonte: Diário do Comércio.