Com a alta nos custos de produção, como o aumento de 5,55% nos custos para a safra 2024/25, o preço das sementes também subiu 19,26%, impactando ainda mais o orçamento dos pecuaristas, diante desse cenário, surge a pergunta: Como preparar uma ração eficiente e econômica para seu gado?
O aumento do preço do milho tem sido um desafio crescente para muitos pecuaristas. Em 2024, os preços do grão voltaram a operar acima de R$ 70 a saca, impulsionados por uma combinação de fatores como a redução na área plantada devido à rentabilidade mais baixa em relação a outras culturas como a soja, o aumento dos custos com fertilizantes e a forte demanda internacional.
Esse cenário não é novo, já que em anos anteriores, como 2015-2016, uma safra reduzida gerou preocupações semelhantes, refletindo diretamente nos custos de alimentação animal. Com a alta nos custos de produção, como o aumento de 5,55% nos custos para a safra 2024/25, o preço das sementes também subiu 19,26%, impactando ainda mais o orçamento dos pecuaristas. Diante desse cenário, surge a pergunta: como garantir nutrição de qualidade para o gado sem estourar o orçamento?
A resposta pode estar em estratégias inteligentes para substituir o milho por alternativas mais econômicas. Rações proteicas e alternativas como farelo de algodão, caroço de algodão e casquinha de soja têm se mostrado eficazes para reduzir custos, mantendo a qualidade da alimentação do rebanho.
Desafios da alimentação do gado
A alimentação do gado é um dos pilares fundamentais para garantir a produtividade e saúde do rebanho, mas a escolha inadequada de alimentos pode gerar sérios desafios para os pecuaristas.
Necessidades nutricionais essenciais para o gado
As vacas leiteiras e o gado de corte possuem necessidades nutricionais específicas, que devem ser atendidas para manter a saúde e a produtividade. Para vacas leiteiras, por exemplo, é crucial fornecer uma dieta balanceada com proteínas de alta qualidade, carboidratos, lipídios e minerais essenciais. De acordo com a Embrapa, a proteína bruta deve representar pelo menos 18% da dieta para vacas em lactação, enquanto para o gado de corte, a quantidade de proteína pode ser ajustada dependendo do estágio de crescimento e produção.
Além disso, é importante garantir que o gado tenha acesso a fibras suficientes para promover uma boa digestão e evitar problemas como a acidose ruminal. A fibra é essencial para a produção de saliva, que ajuda na quebra dos nutrientes e na neutralização dos ácidos no rumen.
Riscos da alimentação inadequada
Quando a alimentação não é devidamente planejada, os impactos na saúde animal podem ser significativos. No caso de vacas leiteiras, uma dieta desequilibrada pode resultar em queda na produção de leite e em um aumento de doenças metabólicas, como a cetose, que ocorre quando a vaca não consegue converter eficientemente a energia da dieta.
Além disso, a deficiência de nutrientes, especialmente de proteína e minerais, pode comprometer a saúde reprodutiva do gado, levando a falhas na inseminação e redução das taxas de concepção.
Para o gado de corte, uma dieta inadequada pode resultar em ganho de peso insuficiente, o que impacta diretamente a eficiência de produção e o retorno financeiro do pecuarista.
Impactos econômicos e de qualidade
A alimentação inadequada também afeta a qualidade da carne e do leite. No caso do leite, a composição de gordura e proteína pode ser inferior, impactando negativamente o preço de venda e a qualidade do produto final. Para a carne, a falta de nutrientes essenciais pode levar a uma carne com menor marmoreio, o que reduz o valor no mercado.
Alternativas ao Milho: Ingredientes econômicos e eficientes
- Sorgo: O sorgo é uma das alternativas mais eficazes ao milho. Em 2024, o preço do sorgo tem se mostrado até 30% mais barato que o milho. Esse grão tem características nutricionais semelhantes ao milho, especialmente em termos de energia, e pode ser utilizado em substituição parcial ou total, dependendo das necessidades do rebanho. Além disso, o sorgo apresenta uma maior resistência à seca, o que o torna uma opção interessante em áreas mais áridas.
- Mandioca: A mandioca, ou seus subprodutos como a farinha de mandioca, tem ganhado destaque na formulação de rações. Ela é uma excelente fonte de energia, com baixo custo de produção, principalmente em regiões produtoras de mandioca. O custo de uma tonelada de mandioca, por exemplo, gira em torno de R$ 180 a R$ 250, o que representa uma economia significativa se comparado aos preços do milho. Embora não forneça tanta proteína, a mandioca pode ser usada como substituta energética, principalmente em dietas para gado de corte.
- Farelo de soja: O farelo de soja é uma excelente fonte de proteína e pode substituir parte do milho nas formulações. Ele contém cerca de 45% de proteína bruta, o que é adequado para dietas de vacas leiteiras e gado de corte. Seu preço, no entanto, tem variado, com aumentos em 2024, mas ainda assim continua sendo uma opção vantajosa quando comparado ao milho, especialmente quando utilizado em quantidades menores.
- Subprodutos agroindustriais: Além de ingredientes tradicionais, os subprodutos agroindustriais, como o farelo de algodão e o caroço de algodão, têm sido utilizados com sucesso. Esses ingredientes são ricos em proteína e energia, e seu custo é bastante competitivo. O farelo de algodão, por exemplo, pode ser encontrado a preços até 25% mais baixos que o milho.
Como preparar uma ração personalizada e econômica
Montar uma ração eficiente não é uma tarefa simples, mas com um bom planejamento, é possível reduzir custos sem comprometer a saúde do rebanho. Aqui está um passo a passo básico:
- Análise das necessidades do rebanho: É fundamental entender a exigência nutricional do gado, considerando o tipo de produção (leite ou carne), idade, peso e estágio de desenvolvimento.
- Escolha dos ingredientes: A substituição do milho por sorgo, mandioca ou farelo de soja deve ser feita com base nas necessidades nutricionais do rebanho.
- Consultoria técnica: A consulta com um nutricionista animal ou zootecnista é essencial para garantir que a ração forneça todos os nutrientes necessários.
- Exemplos práticos: Para um gado leiteiro com produção de até 15 kg de leite/dia, uma formulação econômica poderia incluir 60% de sorgo, 20% de farelo de soja e 20% de subprodutos agroindustriais.
- Uso de aditivos e minerais: A inclusão de aditivos e minerais, como vitaminas A, D e E, e minerais como cálcio e fósforo, é fundamental para garantir o bem-estar do rebanho.
Se o aumento do preço do milho tem sido um desafio para você, agora é hora de repensar suas estratégias. A substituição inteligente de insumos, aliada a um bom planejamento nutricional, pode fazer toda a diferença na produtividade e na rentabilidade da sua fazenda. Lembre-se: com o conhecimento certo, é possível!
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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