Milho dispara em Chicago após USDA indicar queda da oferta

Para o milho, o resultado foi uma forte alta. Os contratos do cereal para dezembro, os de maior liquidez, subiram 2,31%, a US$ 6,4225 por bushel.

Recebido com grande expectativa pelo mercado de grãos, o relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado nesta sexta-feira teve impactos distintos sobre milho, trigo e soja na bolsa de Chicago.

Para o milho, o resultado foi uma forte alta. Os contratos do cereal para dezembro, os de maior liquidez, subiram 2,31% (14,50 centavos de dólar), a US$ 6,4225 por bushel.

A previsão do USDA de queda na colheita americana na safra 2022/23 puxou a valorização. O órgão estimou uma produção de 364,7 milhões de toneladas para nos EUA, abaixo das 368,4 milhões projetadas no relatório do mês passado.

O número também ficou abaixo das estimativas de analistas de mercado, que esperavam 365,35 milhões de toneladas, muito em função das condições de seca observadas no período de desenvolvimento das lavouras, especialmente em julho.

E também haverá menor oferta de milho no mundo, segundo o USDA. O órgão espera uma safra mundial de 1,179 bilhão de toneladas, recuo de 0,5% em relação às 1,185 bilhão de toneladas esperadas em julho. A demanda global também será menor — 1,184 bilhão de toneladas apontadas hoje, ante 1,185 bilhão divulgadas no mês passado.

Completando o quadro altista, para os estoques finais houve um novo corte de 2%. No relatório de hoje, o USDA projetou um volume de 306,68 milhões de toneladas.

Soja

Uma das grandes surpresas do relatório do USDA hoje foram os números para a soja. Contrariando a maioria dos analistas, o departamento revisou para cima suas estimativas de produção para os EUA. Ainda assim, os preços subiram.

Em Chicago, os contratos da oleaginosa de maior liquidez, para novembro, avançaram 0,40% (5,75 centavos de dólar), a US$ 14,5425 por bushel.

A previsão para a safra dos Estados Unidos em 2022/23, importante para a definição dos preços internacionais, subiu 0,56% em relação a julho, para 123,3 milhões de toneladas, enquanto o mercado esperava 121,7 milhões de toneladas. Com isso, os preços operavam em queda de quase 2% no meio-pregão.

E outro dado do USDA deu suporte para a alta na sessão. Os estoques finais da temporada, cuja previsão era de 99,61 milhões de toneladas no mês passado e passou para 101,41 milhões de toneladas.

Sobre a safra mundial de soja, o USDA estimou 392,79 milhões de toneladas em 2022/23. O volume é 0,36% superior ao projetado no mês passado pelo órgão americano. Segundo o USDA, a demanda mundial será de 378,25 milhões de toneladas, um avanço de 0,13% em relação ao dado divulgado em julho. As exportações devem ser da ordem de 169 milhões de toneladas, um aumento de 0,1%.

A demanda da China, que está abaixo da esperada por analistas, foi mais um fator de suporte aos preços. O Ministério da Agricultura da China reduziu suas estimativas para as importações de soja na safra 2021/22 para 91 milhões de toneladas, uma queda de 1,98 milhão de toneladas em relação à previsão do mês anterior, segundo a Reuters.

Trigo

O trigo se descolou dos demais grãos e fechou o dia com preços mais baixos em Chicago. Os contratos para setembro, que são os de maior liquidez, recuaram 0,59% (4,75 centavos de dólar), a US$ 8,06 por bushel. Os papéis de segunda posição, que vencem em dezembro, fecharam em queda de 0,45% (3,75 centavos de dólar), a US$ 8,2250 por bushel.

A pressão no mercado veio dos dados do USDA, que trouxe aumento na oferta mundial.

A produção global em 2022/23 deverá chegar a 779,60 milhões de toneladas, alta de 1,03% em relação às projeções do mês passado, puxada pelo crescimento de 7,5 milhões de toneladas da Rússia e mais 3 milhões de toneladas que devem ser colhidas na China.

O consumo global foi corrigido para cima em 0,55%, para 788,6 milhões. Enquanto as exportações, projetadas em 208,7 milhões, ante 205,5 milhões em julho. Assim, os estoques finais da temporada ficarão em 267,3 milhões de toneladas.

A oferta também crescerá nos EUA, a despeito do clima quente que prejudica as lavouras de inverno. O país deverá colher 48,5 milhões de toneladas do cereal, na comparação com a estimativa anterior de 48,5 milhões de toneladas.

A projeção para o consumo americano foi elevada em 200 mil toneladas, para 30,4 milhões de toneladas. E a perspectiva de exportações aumentou para 22,5 milhões. Dessa forma, os estoques finais dos EUA foram corrigidos para 16,6 milhões de toneladas, frente à estimativa anterior de 17,4 milhões de toneladas.

“O USDA trouxe dados de oferta acima do esperado pelo mercado, mas os números de estoques ficaram aquém do previsto. Além disso, diante de estoques finais menores nos EUA, a tendência é de recuperação nos preços no curto prazo”, disse Luiz Pacheco, analista da TF Consultoria Agroeconômica.

O operação de embarque de grãos ucranianos pelo Mar Negro também pressionou as cotações. Hoje, a Ucrânia informou que o primeiro navio carregado com trigo deixou o país. A quantidade do cereal transportado não foi divulgada, mas Pacheco lembra que os navios no Mar Negro comportam, no máximo, 30 mil toneladas de grãos.

“O andamento dos embarques mostra que as operações de escoamento estão se normalizando. Isso dá um recado ao mercado de que o acordo entre Rússia e Ucrânia é uma coisa séria e de que novas cargas de trigo devem ser exportadas nessa via marítima”, ressaltou o analista.

Fonte: Valor Econômico.

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