As médias mensais de agosto foram as menores desde dezembro de 2019 no Paraná e em São Paulo, em termos reais.
As cotações do trigo seguiram em queda no Brasil em agosto. Além da desvalorização externa do cereal, a pressão sobre os valores domésticos também veio da maior disponibilidade de trigo no país, diante do avanço da colheita e da demanda pontual. Inclusive, as médias mensais de agosto foram as menores desde dezembro de 2019 no Paraná e em São Paulo, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).
No Paraná, a média de agosto foi de R$ 1.262,39/t, baixas mensal de 6,1% e anual de expressivos 36,5%. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.284,36 em agosto, com retrações de 5,3% na comparação com julho e de 37,3% frente a agosto de 2022.
Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.378,38/t, retrações de 3,5% no mês e de 32,3% em um ano, sendo a mais baixa desde março de 2020, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).
No Rio Grande do Sul, a média de agosto foi de R$ 1.282,88/tonelada, quedas de 2,2% frente à de julho e de expressivos 33,9% em relação à de agosto de 2022. A média atual ainda supera a de junho deste ano, que, por sua vez, havia sido a mais baixa desde fevereiro de 2020, em termos reais.
Quanto aos derivados de trigo, os preços seguiram em baixa. No caso da farinha, a pressão vem da menor demanda, e, para os farelos, da alta disponibilidade de milho, o que reduz a procura pelo subproduto de trigo.
Ainda que aos poucos, a colheita da nova safra de trigo foi iniciada no Paraná, um dos maiores produtores do cereal do Brasil. Por enquanto, as estimativas indicam que, apesar de o volume colhido no país poder ser menor que o da temporada passada, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) deve ser recorde.
Dados divulgados pela Conab em agosto apontam que a produção da nova safra de trigo no Brasil está estimada em 10,41 milhões de toneladas, queda de 0,2% em comparação ao relatório de julho e baixa de 1,4% (ou de 144,9 mil toneladas) frente ao recorde da temporada passada.
A área com trigo no Brasil aumentou 11,2% frente à da temporada anterior, para 3,43 milhões de hectares. Já a produtividade está estimada em 3,03 toneladas/hectare, abaixo da apontada no relatório de julho e 11,3% inferior à registrada em 2022 (3,42 t/ha), segundo a Conab.
Importações
Quanto às importações, a Conab reduziu em 300 mil toneladas o volume estimado no relatório anterior, agora previstas em 5,2 milhões de toneladas no período de agosto de 2023 a julho de 2024.
A disponibilidade interna foi reduzida frente ao relatório de julho, e está projetada em 16,29 milhões de toneladas entre agosto e julho de 2024, mas ainda com avanço de 3,3% frente à safra anterior.
Consumo
O consumo está projetado pela Conab em 12,43 milhões de toneladas, apenas 0,4% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto de 2022 a julho deste ano).
Vendas externas
As exportações foram mantidas em 2,6 milhões de toneladas no mesmo comparativo. Assim, os estoques finais, em julho de 2024, seriam de 1,25 milhão de toneladas.
Mercado externo
Em agosto, a queda do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago foi de 9,5%, em comparação a julho/23, com média de US$ 6,1299/bushel (US$ 225,23/t) para o Soft Red Winter na CBOT. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter caiu 10,7% em agosto, com média de US$ 7,5192/bushel (US$ 276,28/t). A baixa foi relacionada ao alto volume de trigo ofertado pela Rússia no mercado internacional, ao aumento na estimativa da produção russa e ao avanço da colheita nos Estados Unidos.
Transações externas
De acordo com dados preliminares da Secex, nos 23 dias úteis de agosto, as importações somaram 279,53 mil toneladas, contra 536,22 mil toneladas no mesmo mês de 2022.
O preço médio de importação em agosto foi de US$ 296,1/t FOB origem, 32,9% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado (de US$ 441,1/t). Quanto às exportações, somaram 189,1 toneladas em agosto deste ano – em todo o mesmo mês do ano passado, o país não exportou – dados da Secex.
Safra global
O USDA estimou, em relatório divulgado em agosto, produção mundial de 793,37 milhões de toneladas na temporada 2023/24, ainda 0,4% acima da registrada na 2022/23. Quanto ao consumo mundial, o USDA prevê 796,07 milhões de toneladas em 2023/24, alta de 0,2% em relação à 2022/23 e acima da produção global.
Com isso, os estoques finais podem somar 265,61 milhões de toneladas, queda de 1% em relação à temporada anterior, e os menores desde 2015/16. O USDA indica que 211,85 milhões de toneladas devem ser transacionadas entre países na temporada 2023/24, 1,0% abaixo do registrado na 2022/23.
Fonte: Assessoria Cepea
ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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