Para a comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, preços tiveram leve aumento de 5% mas ainda podem absorver mais 15%.
Os atrasos na implantação das lavouras de verão em função das chuvas e mesmo para procedimentos de preparo deixaram o gado nas pastagens de inverno mais tempo do que o histórico. Isso fez com que a oferta ficasse um pouco mais cadenciada. A avaliação é da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária para o mercado atual e a curto prazo do gado gordo e de reposição.
Conforme o presidente da Comissão, Ivan Faria, quando parar de chover, a pressão da lavoura aumentará e os criadores deverão retirar o restante do gado, que ainda está nos campos, por falta de oportunidade de entrada dos processos agrícolas. “Isso, de certa forma, espaçou a oferta, que não é grande, mas é suficiente, juntamente com o mix de carnes importadas de outros Estados que tem, sabidamente menos qualidade, mas tem o valor mais em conta” destaca, frisando, que este é o maior apelo econômico para um consumidor que ainda não se recuperou do seu poder de compra pela inflação do real. “Os preços ao consumidor baixaram um pouco, mas mesmo assim a reação de consumo é lenta. Já existe um maior consumo de carne bovina pela população, mas isto não é significativo porque os preços da carne não acompanharam a queda dos preços do boi”, ressalta.
Faria salienta que a indústria e o varejo ainda mantêm margens muito amplas de lucro, o que inibe um aumento maior do consumo. Além disso, avalia que a oferta é suficiente para manter uma escala de abate nos frigoríficos. “Esse quadro começa a mudar, pois já se vê pequenos aumentos de preço em função do encurtamento dessas escalas, que agora já não são nem de cinco dias. Os frigoríficos trabalham com um aumento de preço que não chega na ordem de 5%, o que ainda é um valor muito tímido para recuperar tanto as margens deles quanto as do varejo, e que os pecuaristas perderam. Avaliamos que o mercado tem condição de absorver, no mínimo, mais uns 15%, além desses 5% que já estão dados, sem sacrifício ou mudança que justifique a alteração de preço da carne ao consumidor, ainda mantendo margem para frigoríficos”, explica.
O dirigente do Desenvolve Pecuária diz também que este movimento deve ocorrer nos próximos dias, até a virada do mês, onde impactos como a primeira parcela do décimo terceiro já começam a exercer pressão e força na economia com o aumento do consumo. Por isso, vê como previsível essa recuperação dos preços do boi gordo. “No caso da reposição, esse repasse de preço não é tão fácil porque existe uma menor disponibilidade de áreas para pecuária porque aquelas áreas de pastagens de inverno já estão no fim do seu uso, quase que totalmente entregues às lavouras de verão. No caso da reposição, o que a gente tem? Alguns navios ainda estão sendo carregados para exportação. O mercado está muito dilatado, estão com boa margem, poderiam pagar melhor. Mas em função da demanda muito baixa, eles estão mantendo uma faixa de preço muito ruim para o produtor na venda de terneiros para exportação”, acredita.
Por fim, nas outras categorias, animais, como terneiras, novilhas, novilhos e vacas de invernar, segundo Faria, existe uma estagnação de volume de negócios e preços, porque não é uma época de pressão de compra, mas sim de pressão de venda, e essa reação talvez não se dê na mesma ordem dos animais para abate. A análise feita pela comissão de Relacionamento com o Mercado da entidade contou, além de Faria, com os representantes Fernando Costabeber e José Pedro Crespo.
ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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