Mais um mês que se passou e “a vaca continua atolada no brejo”.
Essa expressão descreve a situação da cadeia do leite no Brasil. Infelizmente esse final de ano não veio repleto de comemorações para os produtores de leite, mas vamos conseguir respirar. Era esperado que o setor não tivesse uma reviravolta tão grande, mas vamos conseguir pagar as contas.
A realidade que encontramos, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, no mês, o preço pago ao produtor (referente ao leite entregue em outubro) foi de R$ 1,003/litro, praticamente estável (-0,48%) frente ao mês anterior, considerando-se a “média Brasil” líquida (que inclui os estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS e não considera frete nem impostos). De junho para cá, o valor do leite recuou expressivos 22,1%.
Vamos ver alguns fatores que contribuíram com a estabilidade do preço pago ao produtor:
– Com tantas quedas consecutivas no preço do leite, o cenário de desanimo e desistência do produtor em continuar no setor;
– A redução do índice de captação de leite que só vinha subindo, encontrou seu mês de queda, após cinco meses de alta;
Alguns pecuaristas e pessoas da área, acreditam que o setor só não encontrou mais um mês de queda porque chegou a uma situação de calamidade, ou seja, a não manutenção do preço iria gerar uma queda, ainda mais drástica, de produtores no setor.
Quando analisamos o Índice de Captação de Leite, este entrou em queda, como apresentado no gráfico abaixo. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea recuou 1,8% na “média Brasil”, principalmente devido à menor produção no Sul do País. Em Santa Catarina, houve queda de 8,3% na captação; no Rio Grande do Sul, de 7,4%, e no Paraná, de 5,7%. Segundo colaboradores do Cepea, além da entressafra da pastagem, a menor receita no período desestimulou a atividade. A captação na Bahia recuou 3,2%, por conta do atraso das chuvas. Já em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, a captação aumentou, 3%, 2,8% e 0,6%, respectivamente, como é típico nesta época do ano. Porém, o menor volume de chuva limitou a produção em outubro.
Temos uma situação de extrema delicadeza no setor, a falta de estimulo que o produtor encontra para se manter na atividade é crescente a cada mês que se passa, o governo não tem intenção em gerar políticas que possam viabilizar melhores preços pagos ao produtor. O menor índice de captação, pode congelar o preço devido a lei de oferta e demanda, porém reflete uma preocupação para os laticínios no próximo ano, já que esses precisam manter suas plantas funcionando.
Em resumo, é hora de colocar na balança o amor pela profissão e a coragem de lutar por melhorias no setor. Inúmeros são os movimentos isolados em cada região, é momento de nos unirmos e fazer dessa luta um exemplo para os outros setores do Agronegócio.