Baixa disponibilidade no Brasil e queda do processamento na Argentina elevaram preços do farelo
O informativo mensal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) sobre o mercado de soja destaca a demanda acima da oferta pelo farelo da oleaginosa, devido à baixa disponibilidade de soja em grão no Brasil e ao menor processamento da oleaginosa na Argentina.
“Com isso, os valores do farelo subiram com força nos Estados Unidos e no Brasil, principais concorrentes da Argentina nas exportações do derivado.”
Os analistas observam que a maior procura externa somada às irregularidades climáticas na América do Sul, especialmente na Argentina, também elevaram os preços da soja em grão no decorrer de fevereiro. “Segundo dados divulgados pela Bolsa de Cereales, a produção da Argentina foi estimada em 44 milhões de toneladas até o final desse mês, a menor desde a safra 2011/2012, caso se confirme.”
Segundo eles, visando ganhar espaço nas exportações, produtores brasileiros se afastaram do mercado spot, à espera de melhores oportunidades de vendas. “Assim, em fevereiro, os preços da soja no Brasil e nos Estados Unidos registraram a maior média mensal desde o primeiro trimestre de 2017, em termos nominais.”
Em relação à colheita, eles comentam que o ritmo esteve lendo em fevereiro, devido ao solo úmido, que interrompeu os trabalhos de campo, especialmente no Sudeste e no Centro-Oeste do País. Ainda assim, no geral, a expectativa é de safra volumosa no Brasil na atual temporada.
O indicador Esalq/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 4% em fevereiro para R$ 74,42/saca de 60 kg, a maior média mensal desde dezembro/2016, em termos nominais. No mesmo comparativo, o indicador Cepea/Esal1 Paraná registrou alta de 3% para R$ 69,43/saca de 60 kg em fevereiro.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações médias da oleaginosa de janeiro a fevereiro subiram 3,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,3 % no de lotes (negociações entre empresas).
“Mesmo com a forte elevação nos preços do grão, a margem de lucro das indústrias segue crescente, devido ao alto repasse nos valores de farelo de soja, que foram sustentados pelas firmes demandas doméstica e externa”, dizem os analistas.
Quanto aos preços de farelo de soja, entre janeiro e fevereiro, subiram expressivos 9,1% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Já para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12 % de ICMS), houve ligeira baixa de 0,3% para R$ 2.712,01/tonelada na média de fevereiro.
POR REDAÇÃO GLOBO RURAL