Operação conjunta prende organização criminosa ligada a furtos e roubos de carga no Paraná; grupo criminoso se utilizava de uma Organização Não Governamental (ONG) para tentar legitimar a origem das cargas saqueadas
APolícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Civil do Paraná (PCPR), e a Guarda Municipal de Campo Largo realizaram uma operação na manhã desta sexta-feira (16) para cumprir 11 ordens judiciais contra uma organização criminosa especializada em furtos de cargas em Curitiba e Região Metropolitana. O grupo é suspeito de envolvimento em mais de 20 furtos de cargas.
A operação cumpriu três mandados de prisão e cinco mandados de busca e apreensão em Curitiba e Colombo, na Região Metropolitana.
A PRF, com o apoio do setor de inteligência, conseguiu prender um dos integrantes ainda dentro de um ônibus de linha, que vinha de São Paulo (SP), na praça de pedágio da BR-116, em Taquari (PR). De posse do mandado de prisão, os policiais identificaram a poltrona em que ele estava viajando e realizaram a prisão no interior do veículo.
Mais um suspeito foi preso em flagrante pela posse de arma de fogo e um “jammer” (um bloqueador de sinal usado para burlar rastreadores instalados nos veículos e dificultar o trabalho das autoridades, popularmente conhecido por “capetinha”ou “chupa-cabras”), além de máquinas de cartão, uma porção de maconha e placas de aluguel que eram utilizadas nos veículos furtados, para despistar fiscalizações policiais.
A investigação teve início após o furto de uma carreta carregada com fertilizantes, avaliada em R$ 100 mil, ocorrido em março de 2023. Dias após o crime, o veículo foi recuperado.
Após os furtos, os investigados transportavam as carretas para Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, onde trocavam as placas dos veículos antes de levá-los ao destino final.
O grupo criminoso costumava selecionar caminhões e cargas estacionados em postos de combustíveis. Após arrombar as portas dos veículos, utilizavam bloqueadores de sinais – “jammers”- para desativar os sistemas de rastreamento, facilitando a subtração das cargas.
Foram apreendidos pela PRF:
- 7 celulares;
- 2 máquinas de cartão;
- 28 munições cal. 38;
- 1 revólver cal. 38;
- 2 placas de aluguel;
- 2 rádios amadores;
- 1 rádio de 40 canais;
- 1 Jammer pequeno;
- 1 Jammer grande de 13 antenas;
- 34 antenas grandes;
- 23 antenas pequenas e
- 80 g de maconha.
Os suspeitos serão indiciados por furtos qualificados, adulteração de sinal identificador de veículo automotor e associação criminosa. Todos os três indivíduos possuem antecedentes criminais por furtos de cargas; um deles também tem registro por roubo.
Megaoperação em fevereiro
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Civil do Paraná (PCPR) também deflagram em fevereiro uma megaoperação que prendeu 12 pessoas que fazem parte de uma organização criminosa responsável por furtos, roubos e receptação de cargas no Paraná. Das doze pessoas presas, a operação conseguiu prender o líder e seu braço direito.
Popularmente conhecido como “vazada”, o crime era realizado mediante o arrombamento dos compartimentos de carga de caminhões, em movimento ou mesmo parados
As cargas geralmente eram de soja ou fertilizantes. Durante os crimes, os autores rompiam os lacres que travavam o compartimento dos caminhões e derramavam a carga na rodovia, posteriormente, outros integrantes recolhiam a carga do chão.
Com um levantamento feito pelo setor de inteligência da PRF que levou cerca de seis meses, os policiais apuraram que a modalidade criminosa geralmente acontecia na região litorânea do estado, causando prejuízo financeiro às empresas e ao fluxo viário de caminhões com destino ao Porto de Paranaguá, uma vez que o trânsito era interrompido para a limpeza da pista.
Com base em investigações de alta complexidade, foi identificado que o grupo criminoso se utilizava de uma Organização Não Governamental (ONG) para tentar legitimar a origem das cargas saqueadas.
A referida ONG, que trata de indivíduos com dependência química, era acionada para recolher as cargas despejadas no solo, porém referidas cargas eram, na sequência, entregues aos integrantes do grupo criminoso. Foram identificados diversos repasses de valores provenientes do líder do grupo criminoso para a ONG, como contrapartida pelas cargas recolhidas.
As investigações apontaram que a organização não era responsável apenas pelo recolhimento, mas era utilizada pelos criminosos para mascarar a origem ilícita das cargas, que, em seguida, eram vendidas pela organização criminosa sem a devida emissão de nota fiscal ou a partir de notas fiscais fraudulentas. Também foi constatado que a ONG não emitia notas fiscais referentes às cargas recolhidas, entregues ao grupo criminoso, que, como contraprestação financeira, realizava doações simuladas à organização.