Conselho Regional de Medicina Veterinária do MT busca autoridades para investigar médico que operou equino; há fortes indícios do exercício ilegal da profissão
Em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, o ortopedista e produtor rural Francisco Canhoto resolveu adotar técnicas tradicionais da medicina para tratar uma potrinha de 2 meses de vida que sofreu um acidente. O procedimento evitou que o animal fosse sacrificado. “O funcionário ligou e mandou a foto da potranca, que tinha enfiado a patinha em um buraco. O osso estava pendurado. Eu falei para não sacrificá-la e iria até a propriedade à noite para operá-la”, contou.
“Fizemos a anestesia local, limpamos bem a ferida, fizemos os pontos para reduzir a fratura e colocamos um gesso. Só que a fratura era muito grave, a lesão era muito extensa e o gesso acabou quebrando e infeccionando o ferimento”, explica o médico. Dias depois, ele voltou à propriedade para um novo procedimento.
“Trouxe um rapaz para fazer a anestesia geral na potranca e colocamos um fixador. O mais emocionante foi que, quando acabou a anestesia, ela já levantou e saiu andando, foi em direção à mãe e já foi mamar”, relembrou.
O animal, batizado como Tubinha, devido ao instrumento usado na fratura, está se recuperando bem. “Ela está se alimentando, pastando. Nós vamos deixar o fixador por pelo menos 90 dias, até a cicatrização finalizar. Algum defeitinho vai ficar, mas o importante é a vida”, disse.
Depois da repercussão nacional, alguns médicos veterinários começaram a questionar o exercício ilegal da medicina veterinária – “Colaboração multiprofissional é uma coisa, exercer ilegalmente a nossa profissão é outra. Contamos muito com o apoio das profissões da saúde para o desenvolvimento da medicina veterinária mas regra é regra é neste caso não precisa de VAR. As provas estão na mídia, agora aguardar a punição. Você é a favor ou contra? Se a moda pega hein, vou poder operar pessoas?” – disse o médico veterinário Dr. Rodrigo C Rabelo.
CRMV-MT se manifesta
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso (CRMV-MT) obteve conhecimento, na manhã de segunda-feira (29), da matéria jornalística intitulada “Dedicação e amor aos animais: potra com pata fraturada está sendo tratada com técnicas da Medicina”, a qual foi veiculada no programa MTTV, no sábado (27). A matéria retratava uma cirurgia ortopédica realizada pelo médico Francisco Canhoto, na potra “Tubinha”, na Fazenda Ibiporã, localizada em Nova Olímpia (215 km de Cuiabá).
Diante dos fortes indícios do exercício ilegal da profissão, o que em tese configura uma contravenção penal, o CRMV-MT solicitará que as autoridades pertinentes, sendo a Polícia Judiciária Civil e o Conselho Regional de Medicina (CRM), investiguem a conduta do médico.
O Conselho esclarece que a prática cirúrgica dos animais é uma área privativa da Medicina Veterinária nos termos da Lei n 5517/68, devendo ser realizada em local adequado, pelo profissional habilitado, o que garante a saúde e o bem-estar animal.
Com informações do CRMV-MT