Frigorífico de jacaré iniciará abates de até 100 jacarés/dia na cidade de Corumbá no estado de Mato Grosso do Sul
Entrou em operação no Pantanal, o maior frigorífico de carne de jacaré no Brasil, o Caimasul. Em 2019, a indústria, instalada em Corumbá, produzirá 400 toneladas de carne desossada do réptil anualmente.
Localizado na área do Pantanal, em uma fazenda de 154 hectares às margens da BR-262, a 30 km de Corumbá (MS), o abatedouro tem autorização governamental do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para funcionar e faz parte do projeto Caimasul, um complexo industrial que engloba criação, engorda e abate desses animais.
Com captura dos animais da espécie Caiman yacaré da natureza para formação do plantel, por meio da coleta de ovos diretamente dos ninhos catalogados nas fazendas do Pantanal, o complexo industrial vai comercializar a carne com o mercado interno e exportará a pele, com uma linha de produção clássica para concorrer com o aligátor, o gênero norte-americano. O couro do jacaré de cativeiro tem mercado garantido lá fora, segundo o Sebrae.
Projeto ambicioso
Em 2019, o projeto terá 250 mil jacarés em cativeiro. Deverá abater 100 mil animais por ano, produzindo 350 toneladas de carne e 100 mil peles. Segundo a empresa, o faturamento anual será então de R$ 50 milhões, com a oferta de 300 postos de trabalho, entre diretos e indiretos.
O frigorífico tem baias para jacarés, curtume, fábrica de ração –feita com miúdos bovinos e farinhas–, loja de artesanato, administração, setor de transporte e estação de tratamento de efluentes.
Os jacarés são confinados em baias de 52m2 cada uma. Hoje são 120 viveiros. Cada unidade recebe 1.800 animais recém-nascidos, que são separados por mês de acordo com o tamanho.
Após 18 meses, cada baia comporta, em média, 350 animais. É neste ponto que tem início o abate, feito com uma pistola de ar comprimido desenvolvida especialmente para o jacaré. O sistema é semelhante ao que os frigoríficos usam para abater bovinos.
O animal é abatido com peso médio de 10 kg. Os preços variam de R$ 45 (o quilo do corte da carne com osso) a R$ 70 (embalagens com filés com meio quilo).
Metade da carne produzida no Pantanal será vendida no Mato Grosso do Sul. O restante irá para São Paulo, Minas Gerais, Rio, Alagoas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Projeto ajuda a combater venda ilegal
Os ovos do jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) são incubados no laboratório do complexo e levam 75 dias para nascer. No futuro, a meta é produzir 50% dos ovos em cativeiro.
“O manejo sustentado busca conservar a espécie. Os ribeirinhos aprendem o valor comercial do jacaré. Eles recebem mais com a coleta do que ganhariam para matar o réptil e vender a carne clandestinamente, correndo o risco de serem presos por crime ambiental. Com o tempo, a conscientização sobre a preservação do jacaré só tende a crescer”, diz Girardi.
O frigorífico tem baias para jacarés, curtume (local apropriado para lidar com o couro), fábrica de ração –feita com miúdos bovinos e farinhas–, loja de artesanato, administração, setor de transporte e estação de tratamento de efluentes.