Marize Porto: “Os rendimentos pecuários aumentaram em dez vezes desde que introduzimos a ILPF”
Marize Porto ficou com uma fazenda em dificuldades quando seu marido morreu em 2006. Mas aplicando técnicas sustentáveis e métodos integrados, ela mudou sua sorte. Agora, ela está interessada em compartilhar seus conhecimentos: “Nossos portões estão literalmente abertos!”
Quando o marido de Marize Porto morreu, ela era dentista praticamente sem experiência agrícola. Sua fazenda, Fazenda Santa Brígida, situada nas terras altas de Ipameri, no sul do Brasil, tinha pastos degradados, infestados de cupins e gado de baixa produtividade. “Vender a fazenda não era uma opção”, disse ela. Recuperar as pastagens era caro, de modo que também não era uma opção; ela procurou a Embrapa para obter conselhos.
“Eles me introduziram aos sistemas integrados de agricultura, pecuária e floresta, ILPF, e forneceram tecnologia e apoio.” A ILPF faz a rotação de terras agrícolas entre floresta, agricultura e pecuária de tal maneira que os rendimentos são bastante aumentados; também melhora a qualidade do solo, tornando as culturas mais resistentes a condições adversas. Enquanto isso, o plantio de florestas ajuda a mitigar os gases do efeito estufa.
“Desde que introduzimos este método, nosso rendimento pecuário aumentou em dez vezes, a produção de soja e milho cresceu, e nossas emissões de CO2 diminuíram em mais da metade”.
Não tendo praticamente nenhum conhecimento sobre agricultura (“aprendi na hora”), ela pediu a ajuda de um vizinho para plantar as primeiras plantações de soja e milho.
“Isso pagou as contas e me deu um ótimo pasto para o gado.” Porto passou a contratar gerentes e profissionais com experiência em diferentes áreas. No terceiro ano, Porto adicionou o componente florestal à fazenda.
“Além de fornecer madeira e reduzir a pegada de carbono da fazenda, as árvores forneciam sombra para o gado.”
Ganhos sociais
A diversidade proporcionou ganhos sociais. “Na verdade, temos três fazendas em uma, de forma que pudemos contratar mais pessoas locais e agora oferecemos treinamento permanente. Em 2007, tínhamos quatro funcionários; em 2017, 22.”
A Fazenda Santa Brígida agora baseia suas operações no tripé da sustentabilidade: meio ambiente, aspectos econômicos e responsabilidade social. Porto orgulha-se da sua fazenda: “Hoje existem duas grandes demandas que pareciam opor-se uma à outra: produzir mais comida e ser sustentável. Com esses métodos, mostramos que é possível”.
O Porto tem agora como objetivo triplicar seu faturamento, planejar adequadamente a sucessão e obter certificações sustentáveis para agregar valor aos seus diversos produtos. E ela está visando a instalação de painéis solares. Ela também está compartilhando seu conhecimento. Quando questionada sobre que conselho ofereceria a outros produtores, Porto diz: “Diversifique, agregue valor aos produtos, respeite a natureza e desenvolva recursos humanos na fazenda”.
Portões abertos
Em 2018, o Rabobank convidou-a para participar de um painel em sua convenção anual de bancos rurais, onde ela poderia passar sua experiência para outros agricultores. “Hoje trabalho com consultores, tenho parcerias com várias empresas e aceito estagiários de diferentes partes do Brasil. Queremos abrir nossa experiência, tanto com a Embrapa quanto com esse método específico.
“Na nossa fazenda, os portões estão literalmente abertos!”
Mas seus sonhos não param em seu próprio portão. “Quero ver o Brasil reconhecido como líder mundial em alimentos, fibras e produção de energia e inspirar outros na conservação ambiental.”
Fonte: Rabobank, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.