O zootecnista Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos, diz que a cadeia produtiva da pecuária de corte brasileira vive um momento de extremos totalmente opostos.
Para os confinadores, afirma o zootecnista Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos (São Paulo, SP), o ambiente é de preocupação, pois muitos deles terão, pelo segundo ano consecutivo, de entregar os seus animais, entre setembro e outubro, “a preços significativamente abaixo do custo de produção”.
Por sua vez, continua Coelho, as indústrias frigoríficas, especialmente as que exportam a carne bovina, operam “em um verdadeiro mar de rosas, quebrando recorde de volume e de faturamento mês após mês”.
Além disso, relata o sócio da Radar Investimentos, os preços do boi gordo negociados no Estado de São Paulo também apresentam, atualmente, distorções em relação às cotações da arroba em praças vizinhas.
“A redução do ritmo de negócios com escalas confortáveis, parcerias firmadas que garantem o abate até meados de outubro/22 e a concentração, em São Paulo, de plantas habilitadas para exportação à China são fatores que têm colaborado para a distorção da arroba paulista frente aos preços nas demais praças pecuárias”, justifica Coelho.
O sócio da Radar faz comparações do diferencial de base (diferença do valor da arroba de São Paulo em relação aos preços nas demais praças) em oito praças do País, considerando diferentes períodos do ano.
No levantamento em questão, observa Coelho, é possível notar a grande diferença do diferencial de base recente (de 20 de setembro/22) frente à composição histórica de 100 dias e de 1 ano.
Por exemplo, na praça do Triângulo Mineiro, que é “colada” com São Paulo, “uma diferença de 11,31% entre o boi paulista e o boi mineiro não faz sentido historicamente”, diz Coelho.
Na avaliação do sócio da Radar, diante dessas atuais distorções no mercado, os pecuaristas devem ficar atentos e, se possível, lançar mão de ferramentas de proteção de preço disponíveis na B3.
Embarques em ritmo forte
Depois do recorde de volume quebrado em agosto, com 203 mil toneladas de carne bovina in natura exportadas, setembro caminha a passos largos para mais uma quebra de recorde, com 114 mil toneladas embarcadas até o dia 16 de setembro.
“Para se ter uma ideia do bom momento vivido pelo setor exportador, basta comparar os números de agosto/22 com os de um ano atrás”, destaca Coelho.
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
- Nova CNH em 2025 só para carros automáticos? Entenda
- Mulheres no café: concurso Florada Premiada da 3 Corações exalta e premia produtoras
- Empresa de nutrição animal é interditada após suspeita de uso de inseticida proibido em suplemento para bois
Na comparação com agosto de 2021, as vendas externas de carne bovina brasileira subiram 12% em volume, 8% no preço médio da tonelada em dólares e 21% de aumento no faturamento em dólares.
“Isso tudo com preços do boi gordo apresentando ligeira queda de um ano para o outro (média do indicador Cepea/Esalq de R$ 313,39/@ em agosto de 2022 e de R$ 315,08/@ em agosto 2021)”, compara Coelho. “O custo da matéria-prima ficou praticamente estável ou com ligeira queda, com boa evolução dos volumes exportados e preços negociados”, ressalta ele.
Fonte: Radar Investimentos