Manejo correto na fase de cria de bovinos de corte: como fazer?

A fase de cria inicial é crucial, pois dela surgem os animais que serão recriados, engordados e abatidos no futuro.

Quer aumentar a produtividade e a rentabilidade na sua fazenda, mas não sabe como começar? Considere focar na estrutura da produção de bezerros, que é a base de todo o processo. Essa fase inicial é crucial, pois dela surgem os animais que serão recriados, engordados e abatidos no futuro. Portanto, a excelência na pecuária de corte, independentemente do sistema adotado, está diretamente relacionada à eficiência na fase de cria.

Os produtores estão cada vez mais empenhados em aprimorar o desempenho de suas operações, focando especialmente na elevação da produtividade e na qualidade dos bezerros, o que se traduz em maior rentabilidade. Confira algumas estratégias para alcançar esses objetivos!

Elementos essenciais para o sucesso na fase de cria

Manejo correto na fase de cria de bovinos de corte: como fazer?
Foto: Divulgação

Diversos fatores impactam diretamente o desempenho e a produtividade na criação de bezerros. Aspectos relacionados à reprodução são fundamentais, pois um baixo índice de prenhes pode resultar em menos bezerros desmamados, afetando diretamente os resultados da propriedade.

Por isso, nos últimos anos, houve um aumento significativo no investimento em técnicas e alternativas de manejo reprodutivo e protocolos hormonais. Essas abordagens têm se desenvolvido continuamente, proporcionando resultados mais eficientes durante a estação de monta.

No entanto, será que apenas os aspectos relacionados à reprodução são determinantes para o sucesso de uma fazenda especializada na produção de bezerros?

A resposta para essa pergunta é negativa. Não adianta focar apenas em avanços nas estratégias de reprodução se outros aspectos da propriedade não estiverem igualmente aperfeiçoados. Exemplos de fatores essenciais incluem:

  • Desempenho geral
  • Manejo de pastagens
  • Suplementação para matrizes e bezerros
  • Gestão da equipe envolvida na atividade

Esses elementos devem estar alinhados e funcionar em conjunto para garantir o sucesso na criação de bezerros.

Sanidade na fase de cria

Manejo correto na fase de cria de bovinos de corte: como fazer?
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Entre os diversos fatores que influenciam a produção de bezerros, um se destaca cada vez mais pela sua importância e impacto direto e indireto: a sanidade.

Garantir a saúde dos bezerros e priorizar sua eficácia é crucial para a cadeia produtiva da carne. Problemas de saúde na fase inicial não apenas prejudicam o desempenho do animal até o desmame, mas também podem comprometer seu desenvolvimento durante a recria e a engorda, além de afetar o desempenho reprodutivo das futuras matrizes do rebanho.

O impacto direto na produção de bezerros é uma justificativa sólida para investir e aprimorar os processos sanitários em uma fazenda de cria. Os custos com insumos sanitários, que são relativamente baixos em comparação com o sistema como um todo, desempenham um papel significativo.

De acordo com dados da Consultoria do Rehagro, nas propriedades extensivas, os gastos com sanidade correspondem, em média, a 6,4% do total das despesas.

Custos e estratégias

Manejo correto na fase de cria de bovinos de corte: como fazer?
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Em propriedades mais intensivas ou voltadas para a produção de genética, os custos com sanidade são ainda menores, representando aproximadamente 3,2% das despesas totais em fazendas de gado de pedigree.

À medida que o processo se torna mais intensivo, a proporção dos gastos com sanidade na propriedade diminui. Esses números destacam a importância de investir em saúde animal como uma oportunidade valiosa para melhorar a eficiência e os resultados.

Estratégias sanitárias e desafios na fase de cria

As estratégias sanitárias na fase de cria concentram-se principalmente em três áreas cruciais:

  • Vacinação apropriada
  • Controle de parasitas internos e externos
  • Uso de medicamentos específicos para cuidados com bezerros

Desafios

Manejo correto na fase de cria de bovinos de corte: como fazer?
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O principal desafio está frequentemente relacionado a falhas na transmissão de imunidade passiva. Isso geralmente se manifesta em bezerros que não recebem a quantidade adequada de colostro, devido a problemas anatômicos nas matrizes, como:

Cura do umbigo

Outro fator extremamente relevante, que está diretamente ligado a prejuízos econômicos, é a cura do umbigo. Deficiências e problemas na cura do umbigo de bezerros recém-nascidos representam uma causa importante de mortalidade.

Uma pesquisa conduzida por Dr. José Zambrano e Rafael Perez (da Equipe Sanidade Rehagro) avaliou mais de 1500 bezerros e revelou que mais de 20% dos animais em diferentes fazendas apresentavam pelo menos uma lesão no umbigo, inflamação e/ou miíase.

Deficiências no processo de cura do umbigo podem ter um impacto significativo na fase inicial da vida dos bezerros, afetando seu desenvolvimento ao longo da vida. O umbigo envolve estruturas anatômicas importantes, como artérias umbilicais, úraco e veia umbilical, e pode ser uma porta de entrada para:

  • Infecção e contaminação de órgãos internos vitais
  • Inflamação do umbigo (que pode variar de uma “simples” miíase a septicemia e morte dos animais)

Devido à importância anatômica do umbigo, há grandes chances de que a inflamação decorrente de uma cura inadequada possa evoluir para problemas em órgãos importantes, como o fígado.

Embora a cura do umbigo pareça uma tarefa simples nas propriedades de cria, muitas vezes não é realizada de maneira eficaz, apesar do reconhecimento de sua importância.

Para assegurar uma cura adequada, é recomendável aplicar tintura de iodo a 10% no umbigo do bezerro logo nas primeiras horas após o nascimento.

Diarreia

A diarreia, mencionada anteriormente como uma consequência da falha na transmissão de imunidade passiva, tem um impacto significativo na produção de bezerros.

As causas da diarreia são variadas e dependem da idade do bezerro, podendo ocorrer em neonatos (0-3 semanas) ou em uma fase posterior (> 4 semanas). O uso de soro oral combinado com anti-inflamatórios não esteroides (AINES), como o Flunixin Meglumine, no tratamento de diarreia em bezerros de 8 a 11 dias de idade, tem apresentado bons resultados.

Causas e impacto da Coccidiose

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A Coccidiose, uma doença que pode ter um grande impacto econômico na criação de bezerros, é exacerbada por fatores como alta densidade de animais e a mistura de bezerros de diferentes idades, especialmente em ambientes úmidos.

Essa enfermidade afeta principalmente bezerros jovens e recém-desmamados, que apresentam sintomas visíveis, mas também pode estar presente em adultos sem sintomas. A Coccidiose pode prejudicar significativamente a produtividade e o desempenho, especialmente em sistemas de confinamento.

O uso de coccidiostáticos como monensina e salinomicina, junto com o tratamento de animais sintomáticos com Troltazuril, tem se mostrado eficiente no controle da Coccidiose.

As verminoses, um problema antigo muitas vezes negligenciado, também causam prejuízos econômicos significativos em bezerros. A vermifugação na época adequada, com os medicamentos corretos, pode resultar em ganhos de até 1@ por animal.

Em suma, diversos desafios devem ser considerados ao abordar a sanidade dos bezerros. Embora os impactos econômicos na fase inicial da cria sejam mais visíveis, os prejuízos associados a problemas sanitários ao longo da vida do animal são mais difíceis de quantificar.Desenvolver e investir em programas e estratégias sanitárias eficazes é crucial para melhorar a eficiência produtiva dos bezerros e otimizar todo o ciclo de produção na pecuária de corte.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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