“Malditas sejam todas as cercas”: Veja discurso do MST para o Papa Francisco

O pedido do líder do MST, João Pedro Stedile, ao Papa Francisco para abençoar a bandeira do movimento durante um encontro em Verona, Itália, despertou controvérsias. O gesto, capturado em vídeo, e o discurso de Stedile, citando uma frase polêmica, reacenderam debates sobre a reforma agrária e as ações do movimento, especialmente no agro; confira

Neste sábado (18), a cidade de Verona, na Itália, foi palco de um encontro significativo que reuniu líderes de movimentos sociais e representantes da sociedade civil. Dentre os participantes, João Pedro Stedile, um dos principais dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), protagonizou um momento controverso ao pedir ao Papa Francisco que abençoasse a bandeira do movimento.

O pedido foi atendido e registrado em um vídeo divulgado pelo portal Vatican News (veja ao final). As imagens mostram o exato instante em que Stedile estende a bandeira do MST ao pontífice, que a abençoa e segura por alguns segundos. Este ato simbólico gerou um grande impacto, tanto entre os seguidores do MST quanto entre os críticos do movimento.

Durante o evento, o representante proferiu um discurso inflamado, citando uma frase marcante do bispo Pedro Casaldáliga: “Malditas sejam todas as cercas. Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar“. Este pronunciamento ressoou com a ideologia do MST, que historicamente se posiciona contra a propriedade privada rural, defendendo a reforma agrária e a redistribuição de terras no Brasil.

O encontro também proporcionou um breve diálogo entre Stedile e o Papa Francisco. O líder do MST aproveitou a oportunidade para transmitir ao pontífice “um grande abraço de todos os sem terra do Brasil” e agradecer pelas orações dedicadas aos gaúchos.

No entanto, é crucial destacar que as ações do MST frequentemente geram controvérsias e são alvo de críticas. O movimento é conhecido por suas ocupações de terras e confrontos com proprietários rurais, métodos que são amplamente questionados e reprovados pelos que defendem a legalidade da propriedade privada e a segurança no campo.

Este episódio em Verona ilustra o contínuo e acalorado debate sobre a reforma agrária no Brasil, expondo as divisões profundas entre os diferentes setores da sociedade. Enquanto alguns veem na bênção papal um gesto de apoio às causas sociais e à luta por justiça agrária, outros enxergam um incentivo a ações que violam o direito à propriedade e à ordem pública.

Veja o discurso completo:

Abril Vermelho: 31 propriedades invadidas

No mês passado, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) intensificou suas atividades com a campanha conhecida como Abril Vermelho, realizando invasões em pelo menos 31 fazendas em diversos estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Além das ocupações, o MST também estabeleceu cinco novos acampamentos. Ceres Hadich, dirigente nacional do MST, declarou que essas ações marcam “um momento de possibilidade de voltar a ocupar terras com mais frequência e intensidade“, sinalizando uma renovada pressão por reforma agrária.

Uma das ações mais polêmicas do movimento ocorreu em Petrolina, Pernambuco, onde o MST invadiu uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A área invadida é crucial para a pesquisa agrícola e preservação do Bioma Caatinga, e sua ocupação gerou preocupação significativa entre especialistas e autoridades do setor agropecuário. A Embrapa destacou que a invasão compromete atividades importantes de manejo sustentável e inovação, ilustrando o impacto negativo dessas ações sobre projetos de desenvolvimento rural.

Divulgação/MST

As invasões do MST e suas implicações para a segurança jurídica das propriedades rurais têm causado grande apreensão no setor agropecuário. O líder do MST, João Pedro Stedile, culpou a falta de recursos dos governos anteriores pela dificuldade em avançar com a reforma agrária, classificando 2023 como “o pior ano” para o movimento em termos de famílias assentadas. No entanto, para os produtores rurais, as invasões representam uma ameaça direta à estabilidade e produtividade no campo, destacando a necessidade de buscar soluções que respeitem a lei e promovam o diálogo entre todas as partes envolvidas.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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