Há três anos, a produção de bananas atingiu aproximadamente 115 milhões de toneladas em todo o mundo. A fruta é a mais consumida no Brasil.
Entre as frutas mais consumidas e produzidas, em todo o planeta, a banana possui enorme relevância social e econômica, por ser um alimento básico e importante para a segurança alimentar. Há três anos, a produção de bananas atingiu aproximadamente 115 milhões de toneladas em todo o mundo. A fruta é a mais consumida no Brasil.
Conforme a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2017 e 2018, o brasileiro já consumia, aproximadamente, 25 quilos de banana per capita/ano.
Recentemente, uma nova pesquisa desenvolvida apontou três espécies de plantas de cobertura as quais atuam como potenciais hospedeiras do fungo Fusarium oxysporum f. sp. Cubense (Foc), que é causador da fusariose da bananeira, doença mais destrutiva dessa cultura no mundo e que também é chamada de mal-do-Panamá.
O nabo forrageiro, feijão de porco e crotalária foram apontados como potenciais hospedeiros do patógeno, entre as espécies avaliadas. Essa descoberta pode contribuir para otimizar as estratégias de manejo de bananais afetados pela fusariose, além de ajudar a conter a disseminação do patógeno nas plantações.
Apresentado e defendido na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o estudo foi tema da dissertação de mestrado de Maria Laura Nascimento, após ser desenvolvido nos laboratórios e áreas experimentais da Embrapa Meio Ambiente. Os resultados trazem uma nova vertente científica para controlar o avanço da doença.
Maria Laura Nascimento explica: “a existência de hospedeiros alternativos não é considerada no manejo atual. É mais direcionado para a própria cultura e o solo, ou a área em si, como a destruição de plantas doentes, desinfestação de ferramentas, controle do tráfego de máquinas, pessoas e animais na área, e manejo do solo”, explica Nascimento.
A utilização de plantas de cobertura é uma prática comum no controle de ervas daninhas, pragas e doenças. Depois de serem infectadas pelo Foc, as espécies que atuam como hospedeiras podem servir como fonte de crescimento do fungo e favorecer a ocorrência da doença no campo.
No estudo, colônias de Fusarium foram isoladas em raízes e parte aérea de ervas daninhas, coletadas próximas a bananeiras afetadas pela fusariose, para verificar o potencial delas como hospedeiras alternativas. Atualmente, pouco se sabe sobre a atuação dessas plantas como uma possível fonte de dispersão e persistência da doença no campo.
A pesquisa aponta que a escolha adequada de plantas de cobertura em áreas infestadas é relevante e deve levar em consideração a sua capacidade como hospedeiras de Foc, de forma a não contribuir para o aumento de estruturas reprodutivas desse fungo no campo. Também foi avaliado no trabalho o potencial da broca-da-bananeira (Cosmopolites sordidus), como vetor da doença.
Analisada a dinâmica da interação entre a broca-da-bananeira e o fungo causador da fusariose em casa-de-vegetação, foi observada maior intensidade da doença em plantas infestadas com o fungo e com a presença dos insetos.
Miguel Dita, pesquisador da Alliance of Bioversity International and the International Center for Tropical Agriculture (CIAT), pondera que já foi constatada a habilidade do Foc para sobreviver no interior de outras espécies de plantas sem causar a doença, entretanto, é preciso colocar essas informações no contexto do manejo em campo, como, por exemplo, no uso de plantas de cobertura.
- Fávaro: “que empresas brasileiras deixem de fornecer carne até para o Carrefour Brasil”
- Relatório da PF aponta Bolsonaro, Cid, Braga Netto e Heleno como “líder, operador e núcleo duro”; veja papel de cada um
- ANCP consolida liderança genômica no Brasil
- Fundo de Garantia de Operações para o crédito rural já é realidade no Rio Grande do Sul
- Repúdio ao Grupo Carrefour é tom da semana
Ressalta, ainda, o pesquisador que essas pesquisas são importantes, pois, além de ajudarem no manejo da fusariose da bananeira, que já ocorre no país, preparam o Brasil para a eventual chegada da raça 4 tropical, uma variante do fungo ainda mais destrutiva, que ainda não ocorre no território nacional.