Conab aponta que o consumo vem diminuindo desde 2014 e sofreu um novo abalo com a pandemia; Consumo de carne em 2021 será o menor em 25 anos.
A inflação causa forte impacto nos preços dos alimentos. Itens básicos, que fazem parte da dieta tradicional brasileira, como arroz e feijão, estão mais caros. A carne vermelha é outro grupo alimentar que, por conta da alta de preços, está deixando de aparecer no prato dos brasileiros.
O brasileiro consumirá neste ano a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o órgão, o cenário de crise dos últimos anos – com a recessão de 2014 a 2016, a lenta recuperação de 2017 a 2019 e a nova crise causada pela covid-19 desde o ano passado — vem derrubando o consumo total de carnes (bovina, suína e de frango) desde 2014.
Pesquisa revela queda drástica no consumo
É isso que revela uma pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo. Ela revela que 85% dos entrevistados reduziram o consumo de carne de boi, arroz, feijão, frutas, legumes e pão. Apenas a carne vermelha teve redução de 67%.
Por outro lado, os ovos estão virando protagonistas, como uma forma de substituir a proteína animal, com um preço mais em conta.
As principais reduções nas dietas dos brasileiros, de acordo com a Pesquisa Datafolha, são:
- 67% reduziram o consumo de carne vermelha;
- 51% dos entrevistados cortaram o de refrigerantes e sucos;
- 46% deles diminuíram a compra de leite, queijo e iogurte;
- 41% dos participantes não compram mais pão francês, pão de forma e outros pães.
A pesquisa foi feita entre os dias 13 e 15 de setembro.
Perspectivas do consumo
A partir de 2013, quando atingiu 96,7 quilos por pessoa por ano, auge na série histórica criada em 1996, houve seis anos seguidos de queda. Neste ano, o consumo total deve ficar 5,3% abaixo do pico. O menor consumo tem relação direta com o preço.
O aumento da produção dos frigoríficos destinada às exportações, em um cenário de cotações internacionais já elevados, encarece as carnes também no mercado do doméstico. O produto está em 35,7% sem acumulado em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da queda no consumo, o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen, disse que o consumo geral do brasileiro se mantém no nível de vários países, incluindo desenvolvido.
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Conforme um levantamento da Conab, um pedido anual de carnes na União Europeia foi de 89,3 quilos por habitante, média dos últimos cinco anos. Na Austrália, ficou em 101,2 quilos; nos Estados Unidos, em 116,8 quilos. “O Brasil está comendo menos carne bovina, reduziu bastante, só que aumentou o consumo de frango e (na carne) suínos. O consumo global caiu muito pouco”, afirmou De Zen.
Com a renda menor, as famílias compram menos carnes em geral e substituem as mais caras – em geral, a bovina – pelas mais baratas – como a de frango. A queda no consumo de cortes de bovinos passa por um rearranjo na participação dos diferentes tipos de proteína na cesta de compras dos brasileiros.