Mais de 40 bois morrem intoxicados em comitiva, vídeo

A morte de cerca de 40 cabeças de gado que seguiam em uma comitiva no pantanal, na região de Corumbá/MS, chamou atenção e cria alerta quanto as plantas!

Uma notícia que viralizou nas redes sociais nos últimos dias deixou pecuaristas pantaneiros em alerta. Foi constatada a morte súbita de cerca de 40 cabeças de gado numa região conhecida como Nhecolândia, no município de Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Os animais apresentaram sintomatologia nervosa depois de terem pousado num piquete infestado por plantas daninhas tóxicas e beberam água suja e parada de lagoas, que são comuns na região, que é a maior área alagável do planeta.

O caso foi informado à Iagro, a Agência de Defesa Agropecuária Animal e Vegetal de MS e também ao técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Andrew Vitório, médico veterinário que concedeu entrevista.

“A notificação (do caso) foi realizada por mim em 19 de fevereiro. Eu fui à fazenda com o proprietário, ele me relatou essa ocorrência nos animais. Esses animais saíram de uma fazenda e seguiam em comitiva até o destino em Rio Verde de Mato Grosso-MS e, ao pousar na fazenda do pecuarista que me chamou, esses animais dormiram em um piquete infestado por várias plantas tóxicas, entre elas o fedegoso, a guanxumamalva-branca. Essas eram as plantas existentes no piquete onde os animais dormiam. E, nessa comitiva, esses animais pousaram em outras fazendas e essas fazendas, como teve um período chuvoso aqui no Pantanal, tiveram a formação de várias lagoas, várias poças de água se acumularam. Então se suspeita muito do botulismo, que essas chuvas tenham levado resto de matéria orgânica vegetal como animal para essas lagoas e poças de água e esses animais possam ter ingerido essa água e ter ocasionado botulismo hídrico”, disse o veterinário, listando as duas causas mais suspeitas para a morte dos bovinos.

Após chegada a propriedade, ainda foi realizada a tentativa de tentar medicar alguns animais mas eles foram deitando e, todos apresentavam a sintomatologia idêntica, acabaram indo a óbito ali no local. Um total de 40 animais morrem ali mesmo, na propriedade em que pernoitaram. O caso foi então informado ao órgão competende, no caso o Iagro.

Uma das providências foi chamar um profissional para que a necrópsia fosse realizada. “(A fiscal da Iagro) entrou em contato com o professor Ricardo Lemos, da UFMS em Campo Grande (capital do estado). Ele é um grande especialista […], se dispôs a vir e foi uma verdadeira jornada até chegar à fazenda. Chegando à fazenda, ele pousaram e no outro dia de manhã cedo a gente realizou a necrópsia de três animais, dois mais jovens e um sinuelo, mais adulto. […] Morreu gado de todas as idades”, informou.

O problema atingiu animais de todas as categorias, machos e fêmeas, animais jovens e adultos, conforme observou Andrew. “A proporcionalidade geralmente vem de acordo com a ingestão da toxina. No caso do animal mais jovem, um garrote, ele vai beber de 10 a 15 litros de água, no caso da causa ser o botulismo hídrico. No caso de um sinuelo, são 40 a 60 litros de água ingeridos. Assim como também a quantidade de matéria orgânica ingerida, se a ingestão de planta tóxica for a causa, é proporcional. Então essa toxina pegou de animais jovens até sinuelos, proporcionalmente, todas as categorias”, frisou.

Formações de lagoas e poças, típicas do Pantanal, podem ter sido causa da morte do gado por conta de toxinas presentes na água.
Plantas daninhas tóxicas estavam presentes no piquete onde boiada pousou em meio a comitiva

Conforme revelou o veterinário do Mapa, as duas causas – ingestão de plantas tóxicas e botulismo hídrico – seguem como suspeitas pela morte súbita.

“Em relação ao laudo, o que eu posso falar é que eu entrei em contato com o professor Ricardo Lemos na última segunda-feira (08) pela manhã e ele me falou que, infelizmente, os resultados das análises foram inconclusivos. […] Não é que não seja botulismo, mas não foi possível identificar botulismo nas amostras enviadas. O professor falou que não descarta nenhuma possibilidade, mas a única causa que podemos descartar é raiva. Isso conseguiu ser identificado, a amostra foi bem processada e raiva foi descartada como causa das mortes”, especificou.

O veterinário recomendou que os pecuaristas fiquem alertas para diminuir as chances de ocorrência similar daqui para frente, uma vez que os bovinos dependem 100% do cuidado do ser humano para que se mantenham saudáveis. “Os animais são irracionais […] e totalmente dependentes do que o ser humano proporciona no meio ambiente para ele poder sobreviver. A água disponibilizada, os piquetes infestados, o manejo desses animais é realizado por nós. Então os bovinos são suscetíveis ao que nós oferecemos. Por isso o proprietário tem que ter consciência que a propriedade precisa de invernadas limpas, piquetes limpos, aguadas nas invernadas, as pilhetas, como são chamadas aqui no Pantanal… Elas têm que estar limpas, com manutenção adequada, evitar acúmulo de água suja, evitar poças de água. Só que, no Pantanal, como tem as lagoas, que é uma coisa tradicional, a única maneira de prevenir o botulismo seria a vacinação”, concluiu.

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Um estudo que elencou as principais plantas tóxicas existentes no Brasil que podem levar à morte de bovinos

Confira na lista a seguir:

ERVA-DE RATO

Também conhecida com os nomes de cafezinhocafé-bravocotó-cotó ou tangará-açu. Na fase adulta, chega a até dois metros e meio de altura. Com exceção da Região Sul e Mato Grosso do Sul, a erva-de-rato pode ser encontrada em todo o Brasil.

CORONA

Na Bahia é chamada de timbó e quebra-bucho. Em Minas Gerais, rama amarela e, no Espírito Santo, suma-branca e suma-roxa. É bastante comum no Centro-Oeste e Sudeste.

CIPÓ-RUÃO

Também chamado de cipó-preto, é comum na Região Sudeste e já matou rebanho inteiro em fazendas do Vale do Paraíba, em São Paulo, e na região de Governador Valadares, Minas Gerais. O desenvolvimento do cipó-ruão acontece principalmente na época da seca.

SAMAMBAIA

É bonita e decorativa, mas o pecuarista não pode deixar seu gado se alimentar dela, pois os bois podem morrer intoxicados. A samambaia é encontrada em todo o Brasil, principalmente em lugares úmidos e nas encostas de morros.

COERANA

É a planta tóxica que mais mata gado na Região Sudeste, principalmente no estado do Rio de Janeiro.

Compre Rural com informações do Giro do Boi

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