Mais de 14 mil produtores deixaram a atividade

Nos últimos quatros anos os dados são ainda pior, o número de produtores deixaram a atividade é ainda maior, passa de 40%. Até quando teremos isso?

número de produtores de leite vinculados à indústria caiu 22% entre 2017 e 2019 no Rio Grande do Sul. Isso significa que 50.664 propriedades vendem leite cru para alguma indústria, cooperativa ou queijaria – há dois anos, eram 65.202. Sendo assim, mais de 14 mil produtores deixaram a atividade leiteira. Um dado que deve ser analisado e tomada as devidas providências pelas autoridades.

Os dados fazem parte do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite, elaborado pela Emater e divulgado na manhã de ontem (05/12). Nos últimos quatro anos, o número de produtores encolheu em quase 40%.

Entre os principais problemas identificados na cadeia, estão:

  • falta de mão de obra (45,2% das propriedades);
  • descontentamento com o preço recebido (44,8%);
  • desinteresse dos descendentes (40,7%) e;
  • deficiência na qualidade do leite (29,1%).

O número de produtores reduziu principalmente entre aqueles que produziam até 150 litros por dia. “Em algumas regiões, houve uma pressão das indústrias para que o produtor aumentasse escala”, explicou o gerente técnico adjunto da Emater, Jaime Ries, que coordenou o levantamento. Ele citou, ainda, o avanço da soja nos últimos anos e a redução do consumo de leite no país entre os fatores que contribuíram para a queda. 

Por outro lado, o levantamento aponta que a produtividade aumentou nas propriedades que permanecem na atividade. Entre aquelas vinculadas a alguma indústria, a média é de 213 litros produzidos por dia. Há dois anos, esse número era de 172,9.

O secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Pedrinho Signori, disse que os números preocupam, principalmente tendo em vista que mais produtores podem deixar a atividade por não conseguirem se enquadrar às Instruções Normativas 76 e 77, do Ministério da Agricultura, que alteram os parâmetros de controle do leite cru. “O grande percentual (registrado no relatório) pode ajudar o governo a flexibilizar, por exemplo, a exigência da temperatura”, afirmou. 

No Brasil foram mais de 13% das fazendas em 2018, segundo IBGE

O número de propriedades rurais que atuam na produção de leite caiu de 1,35 milhão para 1,18 milhão entre 2006 e 2017, recuo de 12,92%, segundo o último Censo Agropecuário, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro.

A quantidade de vacas ordenhadas também recuou neste período, de 12,71 milhões para 11,51 milhões de animais, o que representa queda de 9,47%. Apesar disso, o volume captado aumentou 46,62%, graças ao salto de produtividade.

A região Sul foi a que mais sentiu a queda de fazendas leiteiras, cerca de 30,4% deixaram a atividade. Em 2006, os estabelecimentos totalizavam 413,8 mil. No último levantamento, eram 288 mil. O rebanho, no entanto, aumentou 1,72%, de 2,44 milhões para 2,49 milhões de vacas.

Nordeste perdeu 55,7 mil fazendas leiteiras (-13,60%), passando de 410 mil para 354,3 mil. Já o número de vacas recuou 19,63%, de 2,41 milhões para 1,94 milhões.

No Sudeste, cerca de 6,17% das propriedades abandonaram a atividades no intervalo entre os censos, recuando de 310,26 mil para 291,1 mil. O rebanho caiu 11,53%, de 4,46 milhões para 3,95 milhões.

Centro-Oeste registrou aumento no número de estabelecimentos (+2,63%), que passaram de 128,8 mil para 132,2 mil, e queda no de vacas (-16,34%), de 2,09 milhões para 1,75 milhão de cabeças.

As fazendas leiteiras no Norte passaram de 87,9 mil para 110,8 mil, alta de 25,94%. O rebanho foi de 1,31 milhões para 1,39 milhões, acréscimo de 6,33%.

Compre Rural com informações do Correio do Povo.

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