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A pecuária bovina é um dos setores que mais tem sofrido neste ano. O VBP (Valor Bruto da Produção) de 2023 do setor deve cair para R$ 134 bilhões, o menor desde 2019. Esse cenário deixa o pecuarista com um menor interesse em investir na atividade.
A pecuária brasileira é a maior do mundo, com um rebanho de mais de 220 milhões de bovinos espalhados pelo país, sendo criados em diversos sistemas de produção e níveis de tecnologia. O setor é responsável por uma grande fatia do PIB nacional, lembrando que o Cepea/CNA estima que a participação do PIB do agronegócio brasileiro na economia fique próxima de 24,5% em 2023. Entretanto, segundo as últimas informações, as maiores perdas de receitas ocorrem na pecuária neste ano.
Segundo os dados oficiais do Ministério da Agricultura, a estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2023, com base nas informações de safras de junho, é de R$ 1,148 trilhão, valor 2,6% superior ao do ano passado. As lavouras lideraram o crescimento, com aumento do VBP de 4,9%, impulsionado pelo recorde da safra de grãos e pelos ganhos de produtividade. A pecuária teve retração de 2,4% no VBP, devido à retração da carne bovina e de frango.
O valor da produção obtido pelas lavouras foi de R$ 812,1 bilhões, e o da pecuária de R$ 336,6 bilhões. Dentro desse montante, a pecuária bovina é um dos setores que mais tem sofrido neste ano. O VBP (Valor Bruto da Produção) de 2023 do setor deve cair para R$ 134 bilhões, o menor desde 2019.
Se esse cenário for confirmado, esse valor será cerca de 9% inferior ao do ano passado. Lembramos que o VBP é formado com base no volume produzido e nos preços dos produtos dentro da porteira. Sendo assim, com os preços internacionais em queda, demanda externa com ritmo menor e dólar menos aquecido o mercado interno, o setor tem sofrido com queda na receita.
A arroba de boi gordo está em R$ 257, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), abaixo dos R$ 293 do início de ano. Se considerarmos os preços dos últimos dois anos, conforme aponta o gráfico abaixo, os preços recuaram de R$ 324,41/@ (Jul/22) para os atuais R$ 253,10/@ (Jul/23), ou seja, uma perda de receita de R$ 71,31/@ ou 22% nos últimos 12 meses.
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Segundo a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), as exportações de carne bovina foram de 1,1 milhão de toneladas no primeiro semestre, um volume com pequena queda em relação ao de igual período do ano passado. As receitas, no entanto, tiveram retração de 21%, recuando para US$ 4,94 bilhões. Essa queda ocorre porque o valor médio da tonelada de carne bovina despencou de US$ 5.740, no primeiro semestre de 2022, para US$ 4.585 neste ano, segundo a associação.
Esse novo cenário de queda dos preços nos mercados interno e externo refletem no bolso do consumidor. Dados divulgados recentemente pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram que os preços da carne bovina caíram 2,2% nos últimos 30 dias em São Paulo. Alguns cortes, como o contrafilé, já acumulam redução de 13% em 12 meses. Mesmo assim, o consumo interno segue patinando e abaixo do esperado, pressionando negativamente os preços da arroba.
O comportamento da pecuária bovina interfere nas receitas totais da agropecuária do país, uma vez que o setor representa 11,7% de todo o valor de produção nacional. O mercado atrativo e aumento da área plantada, continua deixando a soja como líder, com 29%, seguida de milho, que participa com 13%.
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Exportações e mercado interno no primeiro semestre de 2023
No balanço do primeiro semestre de 2023, o Brasil exportou a todos os destinos mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina (in natura e industrializada), volume que fica abaixo apenas do escoado no mesmo período de 2022, que foi recorde, segundo dados da Secex compilados pelo Cepea. E os principais destinos da carne brasileira nesse período foram China, Estados Unidos e Hong Kong.
No caso da China, o volume exportado pelo Brasil de janeiro a junho deste ano soma 512,36 mil toneladas de carne, ou seja, representando pouco mais de 50% de toda a quantidade embarcada pelo País. Pesquisadores do Cepea ressaltam que as exportações seguem como importante canal de escoamento da carne bovina brasileira, sobretudo ao longo dos últimos meses, em que se verifica certo enfraquecimento na demanda doméstica pela proteína e aumento na oferta de animais para abate.
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Ciclo pecuário no ano de 2023
Atualmente, a duração do ciclo pecuário está entre 5 – 6 anos. Esta duração já foi maior no passado e tende a diminuir no futuro, pois a idade de abate dos animais vem reduzindo. No biênio 2020 e 2021, os preços das commodities estavam elevados e o valor da arroba também. Isso estimulou a produção pecuária, fazendo com que os pecuaristas retivessem as fêmeas e produzissem mais bezerros.
O ano de 2022 foi lamentavelmente marcado pela queda do preço do bezerro devido à alta oferta. E agora, em 2023, o mercado pecuário está colhendo os frutos deste cenário de baixa: aumento no abate de fêmeas e pressão para baixo no valor da arroba do boi gordo. Segundo dados do Cepea, os valores da arroba já recuaram cerca de 22% ao longo do primeiro semestre.
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