O grupo Fazendas Reunidas Boi Gordo foi fundada por Paulo Roberto de Andrade, é considerado até hoje um dos maiores golpes financeiros do Agro; Estima-se que os prejuízos deixados pela arquitetura da empresa superem a casa de R$ 6 bilhões.
O Rei do Gado, personagem vivido pelo ator Antônio Fagundes em novela de sucesso nos anos 1990, foi um grande sucesso nas telas da Rede Globo. Juntamente com esse sucesso, surgia o maior esquema de fraude do agronegócio brasileiro. Neste cenário, no fim dos anos 90, quem tinha cabeça investia em gado. Ao menos era o que diziam as propagandas das Fazendas Reunidas Boi Gordo nos intervalos da novela. Apesar do sucesso da novela que chegou ao fim, para mais de 30 mil investidores brasileiros, porém, a trama ainda não acabou. Maior esquema de fraude do Agro deixa R$ 6 bilhões de prejuízo, entenda!
O grupo Fazendas Reunidas Boi Gordo foi fundada por Paulo Roberto de Andrade no fim dos anos 90 e é considerado até hoje um dos maiores golpes financeiros do Brasil, que usava o sistema de pirâmide para atrair investidores. Estima-se que os prejuízos deixados pela arquitetura da empresa superem a casa de R$ 6 bilhões.
Iludidos por campanhas publicitárias protagonizadas pelo ator Antonio Fagundes, o mesmo que fazia o papel título no folhetim, eles embarcaram no que até hoje é o maior esquema de fraude financeira do agronegócio brasileiro.
Eles são vítimas dos proprietários da companhia Fazendas Reunidas Boi Gordo, que há quase três décadas trava uma guerra com investidores, após a descoberta de que seu modelo de negócios de aparente sucesso escondia uma verdadeira pirâmide financeira. O esquema ruiu em 2001 e os cotistas que investiram recursos na Boi Gordo perderam valores que, conforme a estimativa, variam entre R$ 3,9 bilhões e R$ 6 bilhões.
Com um marketing agressivo, a Boi Gordo fazia ações até em churrascos de jogadores de futebol. “Eu ganhei os papéis de quinze cabeças de gado de presente de aniversário do Edilson. Todo mundo estava comprando. Aí, investi R$ 120 mil pouco antes de ir jogar na Inter de Milão. Quando voltei, soube da falência pelo jornal. Nunca mais vi a cor do dinheiro”, relembra Vampeta, campeão com a seleção na Copa de 2002, assim como Edilson.
Entre as celebridades que ficaram no prejuízo, estão também nomes como a atriz Marisa Orth, o designer gráfico Hans Donner e até Antonio Fagundes, que era o protagonista da novela O Rei do Gado e o garoto-propaganda da Boi Gordo, com inserções publicitárias nos intervalos comerciais.
Relembre
No fim dos anos 90, quem tinha cabeça investia em gado. A Boi Gordo incentivaram milhares de brasileiros a apostar em títulos da empresa, de olho na promessa de lucros superiores a 40% em dezoito meses, advindos da criação de gado Nelore em fazendas do Sudeste e Centro-Oeste. Como se descobriu depois, tudo não passava de um grande golpe — aliás, um dos maiores já aplicados no país.
Como uma boa pirâmide, ela remunerava os investidores com os recursos captados junto aos novos clientes que entravam no sistema. Mas, como nem toda fraude dura eternamente, a pirâmide financeira que remunerava seus clientes com o dinheiro de novos investidores ruiu deixando um rastro enorme de prejuízos: R$ 6 bilhões evaporaram e 32.000 pessoas foram prejudicadas.
O negócio tinha como garoto-propaganda o ator Antônio Fagundes, protagonista à época da novela O Rei do Gado, onde o Boi Gordo fazia inserções publicitárias nos intervalos comerciais. A empresa manteve suas operações até 2001, quando os primeiros investidores tiveram dificuldade em realizar os saques dos seus rendimentos. Em 2003, o Boi Gordo pediu concordata e foi vendido de forma fraudulenta, deixando para traz milhares de investidores, desde pessoas comuns a atores, jogadores de futebol e empresários.
Quando faliu, a Boi Gordo tinha em seu nome dezessete fazendas, que foram leiloadas entre 2017 e 2018 e renderam 540 milhões de reais. O valor, no entanto, só começou a ser destinado, em julho deste ano, a 7 000 credores membros da Associação dos Lesados pela Boi Gordo — mas apenas 50% do valor investido e sem correção monetária.
Venda de uma das fazendas foi destaque em 2022
Uma propriedade de 6.133 hectares que pertence à massa falida das Fazendas Reunidas Boi Gordo SA foi vendida em Mato Grosso por R$ 146 milhões. Localizada no município de Comodoro, 640 quilômetros a noroeste de Cuiabá, uma fazenda foi adquirida por meio de leilão em 2017 pela AGBI Real Assets por R$ 28,8 milhões. Cinco anos depois da compra, a gestora entregou aos investidores uma rentabilidade de 3,15 vezes o valor investido e uma taxa interna de retorno de 22,3% ao ano.
O comprador não teve seu nome revelado, mas segundo Gustavo Fonseca, sócio da AGBI, é um grande produtor de grãos que já atua na região. Durante esses cinco anos que a fazenda esteve sob a posse e gestão do fundo, 2.765 hectares de pastagens foram convertidos em áreas agrícolas, o que permitiu que a área tivesse uma preservação superior à preservação das terras, medida pela IHS Markit . No mesmo período, o dólar teve uma valorização de 51,3%, o Ibovespa subiu 55,8% e a NTN-B acumulou ganhos de 66,6%.
A venda da fazenda em Comodoro, que fazia parte do fundo Brasil Agro II FIP, foi o segundo desinvestimento da AGBI em seis meses. Em outubro do ano passado, a gestora liquidou seu primeiro veículo de investimento, em um negócio de R$ 178 milhões e está no momento em fase de captação do AGBI III Carbon, fundo que pretende levantar até R$ 500 milhões . Na estratégia, além do investimento para se obter a valorização da terra em si, o fundo pretende ser o primeiro a comercializar os créditos de carbono gerados e entregar o resultado financeiro da venda como um retorno adicional aos investidores.
Esquema e processos do maior esquema de fraude do Agro
O esquema ruiu em 2001 e os cotistas que investiram recursos na Boi Gordo perderam valores que, conforme a estimativa, variam entre R$ 3,9 bilhões e R$ 6 bilhões. Porém somente em 2019 foram autorizados a realizar um cadastro no site da Massa Falida de Fazendas Reunidas Boi Gordo S.A. e Coligadas para receberem de volta pelo menos uma parte do montante investido.
O último relatório divulgado no site pelo escritório de advocacia Tapxure & Severino, de São Paulo, responsável pelo cadastramento e validação dos credores, informou que 23.057 investidores fizeram pedidos na plataforma. Mas somente 11 mil foram pagos, declara o administrador judicial da Boi Gordo, Gustavo Henrique Sauer de Arruda Pinto, no mesmo site.
O volume de processos e a demora na tramitação faz do caso um prato cheio para o desenrolar de novas tramas e tentativas de golpe. Para se ter ideia, logo na página inicial do site da Massa Falida consta um alerta, em letras maiúsculas, sobre correspondências enviadas por e-mail para credores com tentativas de cobrança de custas por terceiros. “A Massa Falida não encaminha correspondências ou notificações aos credores”, destaca.
Desfalques em série na Fazendas Reunidas Boi Gordo
O montante usado para pagar os investidores é fruto da venda, via leilões, de ‘ativos’ da Boi Gordo. A companhia era composta por 14 fazendas distribuídas pelos estados de Mato Grosso e São Paulo. O site da empresa informa que, até o momento, somente algumas propriedades foram vendidas.
A venda das fazendas começou por volta de 2014. Na ocasião, o promotor de Justiça de Falências, Eronides dos Santos, do Ministério Público de SP, comemorou o início dos leilões.
Em nota, porém, declara que “crimes falimentares – aqueles caracterizados por fraudes a credores – dificilmente chegam a ressarcir os investidores prejudicados”.
Na longa jornada desde a quebra da Boi Gordo os credores enfrentaram uma série de frustrações. Uma delas foi a perspectiva de recuperação da empresa quando, após a descoberta do golpe, ela foi adquirida em 2003, já concordatária, a dois grupos do Sul do país, Golin e Sperafico. A falência da Boi Gordo foi decretada pouco tempo depois, em 2004.
Revelou-se, então, que havia nomeado como gerente um funcionário fantasma e que parte dos bens sob sua gestão havia sido vendida, com os recursos desviados para o patrimônio pessoal de seus sócios, em um esquema de lavagem de dinheiro. Recuperados na Justiça, esses bens têm sido, nos últimos anos, liquidados em leilões.
Após a pirâmide ser descoberta, a Boi Gordo entrou com pedido de concordata em 2001. “A empresa protagonizou um dos maiores casos de falência do País, envolvendo esquema de pirâmide financeira”, declara o Ministério Público de São Paulo, em nota.
Paulo Roberto de Andrade, criador do esquema, não foi punido criminalmente. Isso porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a ação penal contra ele e reconheceu a prescrição do processo. Para ele, a novela acabou. Para seus credores, ainda não.
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