Maia: “Postura do governo Bolsonaro prejudica relações com a China”

Presidente da Câmara dos Deputados ressalta importância chinesa para o crescimento econômico do Brasil nas últimas décadas.

Durante videochamada com investidores brasileiros, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou como “uma erro” a postura do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em relação à China. Na avaliação de Maia, as declarações dos auxiliares próximos do presidente Jair Bolsonaro prejudicam as relações comerciais entre os dois países no médio prazo.

“Acredito que a China não vai deixar de exportar para o Brasil, mas é claro que na relação dela, ela olha a relação com os EUA com um peso maior do que para o Brasil”, afirmou o parlamentar, ao destacar que a economia americana tem um papel “fundamental” para os chineses.

“Na hora da escolha [comercial da China] a economia americana sempre leva vantagem. E é isso que os auxiliares do governo precisam ter cuidado” Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados

Parceiro estratégico

Do lado brasileiro, o presidente da Câmara destacou que a China teve papel relevante para o crescimento do país nas últimas décadas.

“O crescimento do Brasil no governo do presidente Lula foi todo atrelado ao preço das commodities graças à China. Então, a gente não deve tratar dessa forma nenhum país, muito menos um país que tem uma relação econômica, uma relação cultural, relação muito forte com o nosso país”, lembrou Maia.

Principal parceiro comercial do Brasil, a China concentra mais de 30% as exportações do agronegócio brasileiro e é uma das principais fontes de investimento estrangeiro direto no país. “Eu, de fato, não entendo como um governo, num momento desse, de crise, pega parente do presidente, pega ministro, para desqualificar um país que poderia estar ajudando muito mais o país”, lamentou o presidente da Câmara.

Vantagem americana

Maia destacou ainda as conquistas recentes dos EUA em relação ao Brasil nas relações comerciais com a China, entre elas o cancelamento da venda de respiradores para o Estado da Bahia e a compra de soja americana.

“Os EUA estavam em conflito comercial com a China. A bolsa subia, a bolsa caía e você vê que, no final, eles estão acertados. Os EUA estão recebendo produtos, parece que estão começando a vender soja para China, ou ampliando, e nós estamos com a situação fragilizada com um país que sempre foi, do ponto de vista econômico, muito aliado ao Brasil”Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados

Na avaliação do presidente da Câmara, as eleições presidenciais nos EUA tornam ainda mais difícil qualquer tipo de apoio americano ao Brasil num momento de crise global. 

“Não podemos esquecer que o eleitor básico do (Donald) Trump não é o eleitor que olha a América do Sul como relevante para eles, nunca olharam. Então, o Trump não vai tomar nenhuma atitude que beneficie nenhum país da América Latina e do Sul, principalmente”, conclui Maia.

Fonte: Globo Rural

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