Enquanto a soja produz cerca de 500 litros de óleo vegetal por hectare, a macaúba rende aproximadamente 2.500 litros no mesmo espaço produtivo, demandando 5 vezes menos área plantada.
O aumento da demanda por energia verde, uma necessidade mundial para mitigar as mudanças climáticas, deve aumentar a produção de óleo vegetal no mundo nas próximas décadas. Neste cenário, a palmeira brasileira macaúba, pesquisada há 18 anos pelo Instituto Agronômico (IAC-Apta), é uma fonte de biocombustíveis altamente estratégica para o futuro, apresentando alta produtividade por hectare.
Atualmente, a cada 100 litros de diesel brasileiro, 14 são de biodiesel, um mercado de quase 9 bilhões de litros do combustível por ano. No entanto, o número tende a crescer, visto que o setor da aviação civil se comprometeu a usar 480 bilhões de litros de bioquerosene de aviação (SAF) nos seus aviões até 2050, quantia suficiente para o mercado de óleo vegetal triplicar nos próximos 25 anos.
“O momento atual da macaúba é espetacular. Grandes grupos econômicos do mercado de óleo estão percebendo como a palmeira é estratégica, se movimentando em direção ao plantio escalonado e fortalecendo a cadeia de produção”, destacou Carlos Colombo, pesquisador do IAC.
Por isso, a busca por espécies oleaginosas com maior produtividade se torna cada vez mais importante na autossuficiência energética nacional. Enquanto a soja produz cerca de 500 litros de óleo vegetal por hectare, a macaúba rende aproximadamente 2.500 litros no mesmo espaço produtivo, demandando 5 vezes menos área plantada.
“Os estudos com a macaúba são um exemplo de como os institutos da Secretaria de Agricultura podem agregar sustentabilidade, desenvolvimento regional e produtividade ao agronegócio nacional. Essa palmeira pode produzir biodiesel e produtos com valor agregado, recuperando áreas ambientais degradadas e gerando renda local”, destaca o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.
Nativa da biodiversidade brasileira, a macaúba também apresenta vantagens em relação ao dendê, que é mais produtivo por unidade, com 3.500 litros por hectare, pois necessita de menos água e pode ser cultivada em quase toda a região centro-sul do país, próxima aos principais centros consumidores.
Utilizada pelas populações originárias há cerca de dez mil anos, conforme registros arqueológicos indicam, o cultivo de macaúba em sistema integrados tem sido estimulado, com boas práticas no uso do solo e gerando renda complementar. Além de seu uso energético, a sua polpa, rica em fibra solúvel, e sua amêndoa, com proteína de ótima qualidade, são aplicadas nas indústrias de alimentos e cosméticos.
O instituto alemão Fraunhofer, em parceria com o IAC e com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), ambos da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, ligada à Secretaria de Agricultura, está desenvolvendo uma pesquisa sobre a aplicação dos coprodutos da macaúba na forma de ingredientes para consumo humano, agregando valor no cultivo da palmeira e possibilitando a diversificação de renda da atividade.
O interesse do setor energético na planta é mais recente, acompanhando o conhecimento científico promovido pelas instituições da Secretaria de Agricultura. Com meta de cultivar 200 mil hectares para a produção de biodiesel nos estados da Bahia e norte de Minas Gerais, o programa de melhoramento genético da macaúba da Acelen Renováveis vem sendo conduzido pelo IAC, por meio de Projeto de Pesquisa de cinco anos de duração, com interveniência da Fundag.
Para o pesquisador Carlos Colombo, o setor privado só entrou no negócio com garantias de sua rentabilidade, exigindo anos de pesquisa para demonstrar o potencial da oleaginosa na economia paulista e nacional. “As atividades de pesquisa do Programa Macaúba do IAC tiveram início em 2006, há 18 anos. A construção de uma cadeia de produção competitiva de uma espécie com baixo grau de domesticação, como o da macaúba, exige muito investimento em pesquisa, pois os desafios são enormes”, afirma.
A macaúba no Vale do Paraíba: desenvolvimento socioeconômico e recuperação ambiental
A região paulista do Vale do Paraíba possui vantagens estratégicas para o cultivo da macaúba. Com relevo acidentado, muito íngreme para a agricultura mecanizada, a região com a maior bacia leiteira do estado de SP possui vocação para desenvolver sistemas de produção com a palmeira.
Pesquisadores da Apta Regional de Pindamonhangaba estudam a utilização da macaúba como protagonista em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), recuperando o meio ambiente e gerando renda local pela diversificação de culturas produtivas. Assim, produtores da região podem potencializar as suas atividades principais, como a pecuária de leite e de corte.
Atualmente, cerca de 20% dos quatro mil hectares plantados de macaúba no Brasil estão no Vale do Paraíba, número que deve crescer com a aprovação do projeto de lei “Combustíveis do Futuro”, que cria programas nacionais de biocombustíveis, além de prever o aumento da porcentagem de biodiesel ao óleo diesel de origem fóssil.
O projeto foi aprovado em março pela Câmara dos Deputados e aguarda aprovação do Senado Federal, o que deve melhorar a previsibilidade no setor energético e gerar maior produção de vegetais fontes de biodiesel, como a soja e a macaúba.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
Tri Grande Campeã da raça Nelore, com os títulos da Expoinel em 2023 e 2024 e da Expozebu 2024 Carina FIV do Kado acaba de entrar para a história como a vaca mais valorizada do mundo, passando Viatina-19
Continue Reading Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
A resposta brasileira foi rápida e coordenada. Cadeia produtiva de bovinos, incluindo frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi interromperam o abastecimento às lojas do grupo deixando o Carrefour sem carne, e já faltam alguns cortes.
Continue Reading ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
Segundo o CEO da companhia, a Jonh Deere possui uma estratégia robusta para minimizar os impactos das tarifas, com forte presença de fabricação nos Estados Unidos.
Continue Reading Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
Al Khaleej Sugar investe na Bahia e projeta transformar o estado em um dos maiores polos de exportação de açúcar e produção de bioenergia do mundo, com geração de 50 mil empregos e foco em inovação sustentável.
Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Segundo a acusação, homem esmagou ninhos e atropelou animais ao abrir uma via rural ao lado de uma reserva. Apesar da pena, pecuarista deve ficar em liberdade.
Nova CNH em 2025 só para carros automáticos? Entenda
Projeto de lei que visa autorizar aula de direção em carros com câmbio automatizado gera polêmica nas redes sociais.
Continue Reading Nova CNH em 2025 só para carros automáticos? Entenda