Governo Lula: MST chama ritmo da reforma agrária de ‘ridículo’

O MST pediu a demissão de Teixeira há alguns meses. Segundo Rodrigues, porém, eventuais mudanças no ministério não foram discutidas na reunião.

Representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) classificaram como “ridículo” o ritmo da reforma agrária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva depois de reunião com o presidente no Palácio do Planalto na quinta-feira, 30. Eles falaram a jornalistas na sede do governo logo depois da conversa com o petista.

“Não queremos discutir formas de como será o processo de reforma agrária, nós queremos que resolva o problema da terra. Nós não aceitamos na próxima reunião ou ao final deste ano ter um número tão ridículo como esse, 1.500 famílias por ano”, disse João Paulo Rodrigues, um dos coordenadores nacionais do MST.

“O ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira apresentou um compromisso de 20 mil famílias para 2025. Nós achamos pouco. Queremos o compromisso de 65 mil famílias para 2025”, declarou Rodrigues.

O MST pediu a demissão de Teixeira há alguns meses. Segundo Rodrigues, porém, eventuais mudanças no ministério não foram discutidas na reunião.

O PT de Lula e o MST têm uma relação antiga, e com altos e baixos. O grupo evita uma entrada de cabeça na legenda por receio de perder autonomia. Integrantes do movimento costumam apoiar o petista. Quando disputam eleições, normalmente se filiam ao partido do presidente.

Também parte da coordenação nacional do MST, Ceres Hadich afirmou que o presidente provavelmente terá um compromisso com integrantes do movimento nas próximas semanas. “Até a primeira quinzena de fevereiro ele deve visitar algum acampamento de reforma agrária”, disse ela.

Os integrantes do movimento citaram locais em Pernambuco e Minas Gerais como possíveis áreas a serem visitadas.

O Planalto até o momento não confirmou oficialmente essa viagem.

abril vermelho
Foto: Jorge Malheiros – Internacionalista

Últimas invasões do MST

Insatisfeitos com o presidente Lula (PT) pela demora na reforma agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiu terras em dezembro no Rio Grande do Sul e no Pará. No Sul do país, duas fazendas no município de Pedras Altas tem famílias acampadas e militantes se reúnem na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre. Já no Pará, a Estrada de Ferro Carajás em Parauapebas foi interditada.

As iniciativas integraram o movimento “Natal com Terra”, que contou com invasões, a fim de pressionar o Palácio do Planalto.

Desde o início do terceiro mandato de Lula, a relação com o MST é de fogo amigo. No ano passado, o movimento encerrou o “Abril Vermelho” contabilizando 35 invasões de terra — número 150% maior que o do mesmo período do ano passado, quando o movimento protagonizou 14 ocupações.

O governo, por outro lado, tem alegado limitações orçamentárias para atender os pleitos com maior agilidade. Um dos argumentos é que o programa de reforma agrária estava totalmente paralisado desde o governo Michel Temer e que, por isso, há necessidade de os sem-terra compreenderem a conjuntura.

A média de investimentos do Lula III nesses dois primeiros anos de governo, todavia, é ao menos cinco vezes menor do que os outros períodos em que o PT esteve à frente do país. Os maiores recursos se deram no segundo mandato de Lula, quando a média anual chegou a R$ 3,675 bilhões.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM