
Após 20 anos de negociações, o Brasil pode finalmente abrir o mercado de carne bovina para o Japão.
Durante missão oficial ao Japão, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniu com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e com representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) nesta terça-feira, 25. Após o encontro, o ministro Fávaro falou com jornalistas e disse que o presidente Lula se compromete a trabalhar “pessoalmente” com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, para a abertura de mercado para a comercialização da carne bovina brasileira no país.
“O presidente ouviu por parte dos empresários o quanto isso é importante para o Brasil, para a geração de emprego, para formar preços das nossas proteínas, inclusive para a população brasileira”, destaca. A expectativa é que, ao final da visita da missão no país asiático, seja estabelecido um cronograma para tal processo. “Nós queremos que no documento, que saia dessa visita internacional, esteja estabelecido os últimos passos para que a gente possa ter, ainda no governo do presidente Lula, esses mercados abertos”, estima.
O ministro pontuou que um dos riscos para o Japão é de que, com a abertura de mercado, o Brasil tire a competitividade dos produtores locais. “Mas todos os países que abriram mercado para as proteínas brasileiras tiveram estabilidade principalmente inflacionária no preço dos alimentos, na qualidade dos produtos e é isso que estamos tentando demonstrar”, comentou.
Fávaro afirmou que, em dois anos de governo, foram abertos 344 novos mercados para os produtos da agropecuária brasileira. “O Brasil atinge um patamar de segurança alimentar para o mundo, garantindo que em qualquer crise alimentar e sanitária, o Brasil consegue ser suprimento para todos os países do mundo”.
Falando em nome dos produtores, o pecuarista e presidente da Friboi, Renato Costa, afirmou que “[O Japão] é um mercado importante, o terceiro maior importador. Vejo que é bom para a indústria, para o produtor, para o país. Estamos sim, bastante confiantes”.
Avanços sanitários
Segundo Fávaro, em maio, o Brasil deverá receber da Organização Mundial de Saúde Animal o status de país livre de febre aftosa sem vacinação. Atualmente, esse reconhecimento é concedido somente aos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e a partes do Amazonas e Mato Grosso.
A medida deve fortalecer ainda mais as relações comerciais entre Brasil e Japão, ampliando oportunidades para a exportação de carne bovina e suína, além de consolidar a posição do Brasil como principal fornecedor de carne de frango para o mercado japonês.
Regionalização do Certificado Sanitário Internacional
Carlos Fávaro também se reuniu com o ministro da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Taku Eto, para discutir oportunidades de cooperação e o avanço no comércio bilateral. O ministro japonês confirmou a aprovação da regionalização do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para influenza aviária por município. A medida estabelece que as restrições de exportação de carne de frango e ovo ficam limitadas apenas aos municípios onde forem detectados focos de gripe aviária, em vez de abranger todo o estado.
“Essa medida garante maior segurança e previsibilidade nas exportações de carne de frango brasileira para o Japão, beneficiando produtores e fortalecendo a relação comercial entre os dois países”, declarou Fávaro.
Durante a reunião, também foi confirmada a visita de especialistas japoneses em saúde animal para avaliar o sistema brasileiro, um passo fundamental para a abertura do mercado japonês à carne bovina e para a ampliação do acesso da carne suína, atualmente limitada ao estado do Paraná.
Os ministros brasileiro e japonês também assinaram uma carta de intenções para fortalecer a cooperação na recuperação de pastagens degradadas no Brasil, em apoio ao Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD). O acordo prevê o desenvolvimento de projetos conjuntos para aumentar a produtividade e a sustentabilidade, utilizando solos e bioestimulantes fornecidos por parceiros público-privados dos dois países.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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