
Lira, então presidente da Câmara dos Deputados, critica e pressiona Fávaro, atual Ministro da Agricultura por excesso de foco em Mato Grosso. Segundo ele: “No lugar dele, sairia do Ministério”.
Em um episódio de tensões políticas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), expressou críticas contundentes ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), acusando-o de focar excessivamente em seu estado natal, Mato Grosso, em detrimento de outras regiões do país. As declarações foram proferidas durante sua participação no jantar PoderIdeias, evento promovido pelo site Poder36, e destacam a divisão crescente entre membros da base aliada do governo.
“Fávaro é ministro só de Mato Grosso? Não há críticas da imprensa quando ele faz isso”, disse o presidente da Câmara. O presidente da Câmara fez referência ao recente direcionamento de emendas no valor total de R$ 135 milhões para municípios de Mato Grosso, território que Fávaro representa.
Lira defendeu até que Fávaro deixe o cargo. “Como ninguém comenta isso? No Planalto, disseram que vão cancelar. Está sem ação. No lugar dele, sairia do ministério”, disse.
A insatisfação do presidente da Câmara não se limitou à constatação de um aparente favorecimento de Mato Grosso, indo além ao sugerir que Fávaro renunciasse ao seu cargo. “Por que ninguém comenta isso? Do Planalto, ouvi dizer que estão considerando cancelar. Ele está sem ação. No lugar dele, sairia do ministério”, afirmou.
Vale lembrar que o presidente Lula mantém conversas para que o PP e o Republicanos integrem a base aliada. Por isso, senadores do PSD já miram uma próxima reforma ministerial para mudar os indicados do partido no governo.
Parte dos parlamentares do PSD está insatisfeita com os ministros da legenda. O partido comanda três pastas: Agricultura com Carlos Fávaro (MT), Minas e Energia com Alexandre Silveira (MG) e Pesca com André de Paula (PE).
Ministro da Agricultura destina quase metade do orçamento secreto para Mato Grosso
O Ministério da Agricultura e Pecuária destinou a municípios de Mato Grosso, estado do titular da pasta, Carlos Fávaro (PSD), quase metade dos recursos provenientes do extinto orçamento secreto. O modelo de divisão das verbas tem irritado caciques do Congresso.
Em junho e julho, o ministério empenhou R$ 135,7 milhões para cidades mato-grossenses, ou seja, 48,5% dos R$ 279,5 milhões já carimbados em 2023. Ao todo, foram 14 repasses. O empenho é a primeira fase da execução orçamentária, quando o dinheiro é reservado para o gasto. O ministério designou esses recursos para tais localidades sob a justificativa de apoiar projetos de “fomento ao setor agropecuário”.
— O recurso dos parlamentares, o que está compromissado com o Alexandre Padilha, está 100% garantido. Tudo será empenhado. Por que não pode do estado de Mato Grosso, só porque eu sou ministro? — questiona.
O chamado orçamento secreto foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fim de 2022. Tratava-se de um instrumento orçamentário por meio do qual parlamentares indicavam recursos da União a seus redutos eleitorais sem serem identificados e de forma desigual. O mecanismo estimulava a barganha política e beneficiava congressistas aliados do Executivo.
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