Líder global em produção de hambúrgueres, a empresa acompanhou um follow-on da BRF neste ano e manteve sua fatia de 33,27% na processadora de aves e suínos.
SÃO PAULO (Reuters) – A Marfrig anunciou nesta terça-feira que teve lucro líquido de 109 milhões de reais no primeiro trimestre, queda de 61% ano a ano, pressionado por aporte na BRF, enquanto o resultado operacional foi recorte para o período. Líder global em produção de hambúrgueres, a empresa acompanhou um follow-on da BRF neste ano e manteve sua fatia de 33,27% na processadora de aves e suínos, o que representou um novo investimento de 1,8 bilhão de reais em novas ações.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado consolidado pela Marfrig alcançou 2,75 bilhões de reais no trimestre, um salto de 60,9% ante igual período de 2021. A receita líquida foi de 22,3 bilhões de reais, crescimento de 29,6% na comparação anual. “Tivemos o melhor primeiro trimestre operacional da Marfrig… O lucro teve efeito da marcação a mercado de investimentos na BRF”, disse a jornalistas o vice-presidente de finanças e relações com investidores, Tang David, em videoconferência.
O índice de alavancagem, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado nos últimos 12 meses, atingiu 1,53 vez em dólares e 1,36 vez em reais, considerado pela empresa um baixo patamar de endividamento. A operação América do Norte representou 71% da receita líquida total, com 15,8 bilhões de reais. O Ebitda ajustado foi de 2,3 bilhões de reais, 63,4% superior na comparação anual, representando 87% do Ebitda total da companhia no trimestre.
“A performance resulta do incremento de 26,9% no preço médio total e do crescimento de 2,9% no volume de vendas no período. O lucro bruto da operação no trimestre foi de 2,8 bilhões de reais, alta de 59,5% na comparação anual”, disse a empresa. “A demanda do mercado norte-americano segue forte e o cenário é de aumento do preço também no mercado internacional”, disse o presidente da operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein.
EFEITO CHINA
Além dos resultados robustos na unidade norte-americana, houve crescimento expressivo foi registrado na América do Sul, puxado pela avidez na demanda chinesa principalmente para a carne bovina do Brasil.
“Tivemos o ano de 2022 começando muito diferente do que foi 2021, tri contra tri… quando voltamos a exportar para a China, a exportação pegou o primeiro trimestre em cheio”, disse o presidente da companhia na América do Sul, Miguel Gularte.
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Em 2021, a China suspendeu temporariamente os embarques da proteína brasileira, por dois casos atípicos da doença vaca louca, e o retorno das vendas ocorreu em dezembro de 2021. Neste cenário, a Marfrig teve receita líquida de 6,5 bilhões de reais na América do Sul, avanço de 41,2% na comparação anual.
“O desempenho é consequência do maior preço médio total de vendas em 27,2%. Destaque para o aumento do preço médio de exportações, que, mesmo medido em dólares, avançou 37,1% entre os períodos.” As exportações representaram 65% da receita da operação, nível recorde da operação. Nos três primeiros meses de 2022, aproximadamente 68% do total das receitas de exportação estavam ligadas às vendas para os mercados da China e de Hong Kong.
Agora, Gularte disse que as novas restrições para conter a disseminação do coronavírus na China não estão afetando a empresa significativamente. “Hoje não temos nenhum atraso logístico pelos lockdowns”, afirmou.
Sobre uma planta que foi suspensa pelas autoridades sanitárias chinesas, ele afirmou que trata-se de um procedimento protocolar devido a uma inspeção rigorosa contra a Covid-19 e que, realizados os procedimentos de desinfecção na unidade, os embarques retornam em 7 dias automaticamente.
Fonte: Reuters