O problema é a falta de armazéns ao redor dos portos, que normalmente são propriedade do setor privado para armazenar e distribuir produtos.
O plano do Brasil para aumentar a oferta interna de fertilizantes não conseguirá ter sucesso sem investimentos em infraestrutura, disse uma autoridade do governo à Reuters nesta segunda-feira, depois que uma forte temporada de importações expôs problemas logísticos domésticos.
O Brasil anunciou em abril um plano para reduzir a dependência de importações de fertilizantes após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro, que gerou incertezas globais sobre a disponibilidade do insumo.
Mas depois de comprar volumes recordes de fertilizantes nos primeiros sete meses do ano, a situação de alguns portos brasileiros foi quase uma revelação para o governo.
“A gente descobriu que o problema não estava no line up e nem no esforço da autoridade portuária ou aduaneira”, disse Luis Eduardo Rangel, diretor de programas do Ministério da Agricultura.
Ele disse que o problema é a falta de armazéns ao redor dos portos, que normalmente são propriedade do setor privado para armazenar e distribuir produtos.
Não pode haver um plano para aumentar o abastecimento interno sem melhorar esse tipo de infraestrutura, observou.
Rangel disse que a “diplomacia de fertilizantes” do Brasil, que envolveu negociações de alto nível com países como Rússia e Irã nos últimos meses, ajudou a garantir a importação de fertilizantes para as safras de verão do país, embora a preços mais altos.
Pelo menos uma empresa disse que gargalos logísticos estão dificultando as entregas domésticas de fertilizantes, um sinal de que, embora as importações do produto tenham aumentado, os agricultores estão preocupados com o aumento dos custos, o que por si só também agrava os problemas logísticos.
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A Anda, associação que representa os distribuidores locais de fertilizantes, estimou para este ano 2 bilhões de dólares em taxas de demurrage, uma cobrança aplicada a contêineres deixados no porto por mais tempo do que o esperado, segundo Rangel.
Essa conta teria que ser encarada por agricultores locais, disse ele.
A Anda não respondeu de imediato a um pedido de comentários.
Cerca de 85% dos fertilizantes usados no Brasil são importados, e o governo pretende reduzir essa participação para cerca de 45% até 2050.
“Então, agora a gente precisa ter armazém. Lá em 2050, quanto terminar o plano, ainda vou importar 50 milhões de toneladas de fertilizantes, mesmo que eu produza 50 milhões de toneladas.”