Leite das vacas Nelore Golias tem cerca de 35% a mais de proteína bruta do que o de raças leiteiras como Girolando e Holandês
Quando Fábio de Souza Almeida Filho iniciou o projeto Nelore de Golias, em meados dos anos 2000, na Fazenda Água Branca, em Birigui, SP, ele não imaginava as surpresas que o aguardavam. O principal objetivo era resgatar a linhagem do touro Nelore Golias Imp, que chegou ao Brasil na importação da Índica na década de 1960. Golias não teve sêmen coletado e apenas 11 de seus filhos passaram por uma central.
Depois de iniciado o trabalho, Almeida descobriu a aptidão da linhagem para o marmoreio e passou a realizar acasalamentos dirigidos para expandir essa característica em seu rebanho. Com o passar dos anos, o criador e sua equipe observaram a alta produção de leite de suas vacas, que, além de deixarem os bezerros bem nutridos e saudáveis, muitas vezes, tinham que ser esgotadas pela produção excessiva.
O pecuarista passou a apartar e acasalar essas reses com reprodutores Nelore de bom histórico leiteiro e então submeteu o rebanho à avaliação da Clínica do Leite, da Esalq/USP. “Foi detectado que o leite de nossas vacas tinha cerca de 35% a mais de proteína bruta do que o de raças leiteiras como Girolando e Holandês. Enquanto essas raças têm concentração de PB de 3,3%, as nossas matrizes têm de 4,8%”, destaca Fábio Almeida.
Hoje a Nelore do Golias conta com 10 vacas em lactação, que são tratadas a pasto. Elas recebem suplementação de 1% do peso vivo no período das águas e silagem de milho durante a seca. “Não queremos prejudicar os bezerros, então não fazemos um controle leiteiro oficial, porém, conseguimos tirar em média 8 litros de leite de cada vaca por dia, resultando na produção diária em torno de 80 litros”, explica Almeida.
A ordenha é manual e o processamento do leite é feito artesanalmente na própria fazenda. Ele é usado para a fabricação de queijo fresco e curado, doce de leite, muçarela e requeijão derretido. Os produtos são para consumo interno da família e colaboradores e são disponibilizados ao público apenas nos eventos da Nelore do Golias. “Já tive que interromper a distribuição do requeijão em um dia de campo pois a fila era tão grande que estava prejudicando o início do evento”, conclui o criador.
A Fazenda Água Branca e a Colonial Agropecuária trabalham com esse tipo de animais.
Por Alisson Freitas do portaldbo.com.br