Líder no Brasil, Mosaic vê melhora do cenário para o mercado de fertilizantes

Country manager da Mosaic no Brasil, estimou que as entregas alcançarão, no total, entre 44,5 milhões e 45 milhões de toneladas em 2023.

Após recuarem em 2022, em meio a um forte aumento de preços provocado pela invasão russa à Ucrânia, as entregas de fertilizantes aos produtores rurais do país voltarão a crescer este ano e tendem a continuar em alta em 2024. É o que prevê a multinacional americana Mosaic, uma das maiores empresas do segmento no mundo e líder do mercado brasileiro, com participação de mais de 20%.

Em entrevista ao IM Business, Eduardo de Souza Monteiro, country manager da Mosaic no Brasil, estimou que as entregas alcançarão, no total, entre 44,5 milhões e 45 milhões de toneladas em 2023. No ano passado foram 41,1 milhões de toneladas, 10,5% menos que em 2021, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Monteiro também preside a entidade, que não faz projeções para as vendas.

Eduardo de Souza Monteiro, country manager da Mosaic no Brasil (foto: Divulgação)

Depois da disparada que levou a tonelada a superar US$ 1 mil em 2022, os preços dos fertilizantes desabaram e abriram espaço para a recuperação prevista para este ano. Mas não foi só isso. Monteiro lembrou que, depois de anos de boa rentabilidade, o estoque de adubos no solo das fazendas do país estava em geral elevado, o que permitiu a redução das aplicações sem maiores perdas de produtividade.

Ocorre que, no caso dos grãos, que lideram a demanda, a safra 2022/23 bateu recorde histórico no Brasil, num sinal claro de que boa parte do “estoque” que havia foi absorvido. Assim, disse Monteiro, uma reposição também era necessária para esta safra 2023/24, que está em fase de plantio. De acordo com o executivo, aumentaram as compras destinadas a lavouras de soja, algodão, cana e café, principalmente.

As relações de troca entre os preços dessas culturas e os dos adubos estão favoráveis aos produtores rurais, o que facilitou a recuperação. No caso do milho, cujas cotações estão em baixos patamares, a relação de troca está desfavorável – fator que, somado a problemas climáticos que deverão prejudicar a próxima safrinha, que começará a ser semeada em janeiro, mantém a demanda por fertilizantes mais fraca.

Nas contas da Mosaic, os estoques de produtos intermediários para fertilizantes e formulações NPK – nitrogênio, fósforo e potássio, básicos para os adubos químicos aplicados nas plantações – ficarão em 8,9 milhões de toneladas em 2023. Em 2022, de acordo com a Anda, o volume foi de 8,4 milhões de toneladas. “No nitrogênio o quadro é mais confortável”, afirmou Monteiro.

Conforme a consultoria Argus, os estoques de passagem poderão atingir 10,3 milhões de toneladas este ano. “A fórmula média das NPKs entregues aos agricultores brasileiros até agosto sugere que nitrogênio e potássio foram inferiores à do ano anterior”, avalia a Argus. Segundo a empresa, as entregas de fertilizantes deverão somar 44,3 milhões de toneladas em 2023, levando em consideração estoques, queda da produção doméstica e importações, que de janeiro a setembro foram de 27,6 milhões de toneladas.

Para 2024, a Mosaic espera uma consolidação da retomada, com aumento de cerca de 1 milhão de toneladas das entregas, para entre 45,5 milhões e 46 milhões de toneladas. Eduardo de Souza Monteiro acredita que será um ano de maior estabilidade de preços, o que também ajuda o planejamento de compras dos agricultores.

Embora a grande dependência de importações tenha tornado o Brasil mais suscetível aos reflexos da guerra na Ucrânia, uma vez que a Rússia é grande exportadora de fertilizantes para o país, as turbulências nesse mercado foram globais e ainda se refletem nos resultados de todas as grandes indústrias multinacionais.

No caso da Mosaic, no terceiro trimestre deste ano a receita líquida global caiu 34% em relação a igual período de 2022, para US$ 3,5 bilhões, e houve prejuízo líquido de US$ 4,2 milhões, ante lucro líquido de US$ 842 milhões um ano antes. O Brasil responde por cerca de 40% das vendas da multinacional, que tem investido pesado no país.

Em Rosário do Catete, em Sergipe, a companhia está investindo mais de R$ 800 milhões no Complexo Mineroquímico de Taquari-Vassouras para manter a extração de silvinita usada no beneficiamento de potássio e estender a operação pelo menos até 2030. Com novos maquinários e melhoria da infraestrutura, 450 mil toneladas de potássio deverão ser beneficiadas por ano, ante 300 mil em 2022.

A companhia também anunciou que vai investir R$ 400 milhões na construção de uma nova unidade de mistura, armazenagem e distribuição em Palmeirante, Tocantins, o que fortalecerá sua presença na região do Matopiba. A unidade deverá entrar em operação em 2025, com produção prevista em 500 mil toneladas no primeiro ano. Até 2028, a capacidade anual chegará a 1 milhão de toneladas. A múlti já conta com outras 12 unidades de mistura próprias no Brasil e no Paraguai.

Fonte: InfoMoney

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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