Foram desembolsados mais de R$ 202 bilhões no primeiro semestre do ciclo, considerados também os financiamentos de investimentos, comercialização e industrialização.
Em uma temporada marcada pelo aumento dos custos de produção no campo, incertezas com os cenários político e econômico e juros elevados, as contratações para custeio puxaram os desembolsos recorde de recursos do Plano Safra nos primeiros seis meses da safra 2022/23. De julho a dezembro do ano passado, o montante chegou a R$ 125,6 bilhões apenas para custear lavouras e criações, 41% a mais que em igual período do ciclo.
Ao todo, foram desembolsados mais de R$ 202 bilhões no primeiro semestre do ciclo, considerados também os financiamentos de investimentos, comercialização e industrialização, segundo dados do Banco Central compilados pelo Valor no dia 4. No mesmo intervalo da safra passada, foram R$ 169,9 bilhões.
As contratações nas linhas de investimentos voltaram a crescer e se aproximaram do patamar registrado no ciclo anterior. De julho a dezembro de 2022, os produtores acessaram R$ 52,7 bilhões nessa modalidade, um recuo de 3% em relação aos R$ 54,7 bilhões no segundo semestre de 2021.
O saldo das operações de comercialização ainda segue abaixo do patamar de 2021/22. Os desembolsos nos seis primeiros meses da safra 2022/23 somaram R$ 13,5 bilhões; um ano antes, foram R$ 17,7 bilhões. Os financiamentos para industrialização avançaram 13%, passando de R$ 8,9 bilhões para R$ 10,1 bilhões.
Os desembolsos para os médios produtores (Pronamp), que vinham crescendo de maneira tímida, empataram com as contratações dos agricultores familiares (Pronaf), com R$ 33,6 bilhões cada. O governo fez recentemente novos movimentos para tentar contemplar essas linhas com mais subvenção e permitir o acesso às linhas de financiamentos com juros mais baixos.
Puxados pelo Banco do Brasil, líder do mercado, os bancos públicos seguem liderando os desembolsos, que somaram R$ 124 bilhões entre julho a dezembro. As cooperativas de crédito mantêm desempenho melhor que as instituições privadas, cenário inédito até o início desta safra.
Encabeças por Sicredi, Sicoob e Cresol, as cooperativas emprestaram R$ 39 bilhões no período, aumento de 21% em relação à safra anterior. Já os bancos privados, liderados por Bradesco, Itaú e Santander, liberaram R$ 36,1 bilhões, mesmo desempenho registrado no primeiro semestre da safra 2021/22.
Os juros desta temporada estão mais altos em todas as categorias. Boletim do Banco Central referente aos dados de outubro mostra que produtores do Pronaf estão pagando, em média, 5,9% em empréstimos cuja fonte são os recursos obrigatórios dos depósitos à vista dos bancos e 5,8% nas linhas da poupança rural com subvenção. Na temporada passada, as taxas estavam em 3,9% e 4,2%, respectivamente.
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O cenário se repete no caso dos médios e grandes produtores. No Pronamp, tanto os financiamentos com recursos obrigatórios quanto os equalizados saem, em média, a 8% ao ano – no ciclo 2021/22, as médias foram de 5,5% e 5,7%, respectivamente. A agricultura empresarial está pagando 11,6% nas linhas dos depósitos à vista e 11,1% nas categorias com subvenção.
Os juros das linhas alimentadas com recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) saltaram de 7,6% para 12,9%, em média, entre a safra passada e a atual. Os recursos livres são acessados a 13,1%.
Entre os meses de julho e dezembro de 2022, a poupança rural foi a principal fonte de recurso para os desembolsos do Plano Safra 2022/23, com R$ 48,1 bilhões, seguida pelos depósitos à vista (R$ 45,2 bilhões) e pelas LCAs (R$ 42,9 bilhões), que estavam no topo desse ranking nos primeiros meses.
Fonte: Valor Econômico
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