Lenda viva da Pecuária afirma que pureza racial do Nelore é crucial para o setor crescer

Grande líder e referência em melhoramento genético, produção de qualidade e diversificação, Grupo Adir disponibiliza sua genética para 12 países; criadores lutam para que o Nelore PURO continue sendo a grande raça dos trópicos

A demanda da pecuária comercial para animais produtivos, adaptados, com precocidade, rusticidade, habilidade materna, padronização, aprumos e linha de dorso perfeitos, exigem do selecionador um olhar atento para que as características da raça estejam presentes no material genético de reprodutores e matrizes nas Centrais e nas pistas.

Essa sempre foi a preocupação de Adir do Carmo Leonel, que aprendeu que esse trabalho só é possível com pureza racial. Assim, especializou-se na criação extensiva, fazendo o ciclo completo de cria, recria e engorda, mas dedicou-se especialmente à seleção genética, resgatando linhagens puras e pautando seu trabalho no compromisso de oferecer ao mercado uma genética diferenciada, criada e selecionada a pasto.

Com forte atuação na pecuária de corte, na criação de Nelore e Sindi, e na pecuária de leite, com Girolando e Gir, Adir considera que são os animais puros e produtivos os responsáveis por formar e transformar plantéis, em qualquer projeto de pecuária.

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Foto: Divulgação

Para Paulo Leonel, que ao lado da irmã Vera comanda o Grupo Adir, a preocupação com o ideal da raça é condição inegociável e segue como a referência do trabalho iniciado por seu pai. “Desde o início da criação, em 1959, até o desenvolvimento do Grupo Adir, num processo de sucessão familiar que começou nos anos 80, o trabalho sempre foi comprometido com a qualidade e a seleção de animais funcionais e produtivos”, explicou.

Genética avaliada e aprovada

Além de testar o desempenho de seus animais de seleção no próprio rebanho comercial, o Grupo lidera grandes projetos comerciais de seus clientes, hoje presentes em todos os estados do Brasil, além de doze países da América Latina e Central, África e, mais recentemente, no sudeste Asiático.

Em 2014, o Grupo Adir realizou o primeiro abate técnico com filhos do touro Jiandut FIV da 2L. A ação inédita no Brasil teve o objetivo de provar a qualidade de seus reprodutores, onde todos os animais abatidos foram identificados por DNA, garantindo sua paternidade.

Os resultados foram analisados pela equipe de pesquisa do professor doutor Sérgio Pflanzer, da Unicamp, e mostraram que os animais atenderam aos padrões determinados pelos mais exigentes mercados consumidores nacionais e internacionais.

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Zarek da 2L / Foto: Marcio Peruchi

Desde então já foram seis abates técnicos, com os mesmos objetivos, que integram a pesquisa da Universidade. Nos últimos dez anos, foram avaliados por meio de abate técnico os filhos de Round, Palluk POI, Jallad, Naman, Opus e Jiandut.

Em 2023, o Grupo estabeleceu nova parceria científica com a Universidade Federal de Goiás, para análise dos dados da Fazenda Barreiro Grande, com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre a adaptabilidade da genética Nelore Adir. Paralelamente, o Banco do Brasil criou uma linha de crédito exclusiva para aquisição de todos os produtos do portfólio do grupo.

Desde 2016, os resultados das avaliações de ultrassonografia de carcaça, realizados pela DGT Brasil, passaram a compor o catálogo de touros do Grupo. A ultrassonografia identificou o animal que se tornou um ícone da raça Nelore, o touro Quanupur da 2L, o primeiro da raça a atingir 5.02% de marmoreio, iniciando uma nova fase de seleção para a raça, com foco na qualidade de carne.

Nelore ADIR - -Tank e da Neblina
Nelore ADIR / Foto: Olívia Carvalho

Foi justamente a qualidade e a padronização de carcaça dos animais que levaram a parcerias com confinadores e frigoríficos, que oferecem bonificação aos pecuaristas que utilizam Genética Adir. Só o frigorífico Plena, de Porangatu, GO, comprou e abateu 11 mil machos, de um único rebanho, 100% genética Adir, cujos resultados destacaram a padronização e a uniformidade dos lotes.

Como novas formas de pensas a comercialização dos animais, o Grupo desenvolveu um modelo exclusivo de negócio para material genético, contemplando centrais habilitadas para atender mercados internacionais, onde o Brasil possui acordo sanitário. “O diferencial está no modelo de comercialização, que é uma exclusividade do Grupo Adir e que tem levado nossa genética para doze países em três continentes. Além disso, os clientes do Brasil hoje contam com uma linha especial de crédito no Banco do Brasil, o que também é uma inovação do nosso modelo comercial”, disse Paulo Leonel.

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Foto: Olívia Carvalho

Gosto de Fazenda

O ambiente bucólico da fazenda com fogão de lenha aceso e o tacho de doce de goiaba borbulhando no fogo não é apenas uma imagem para o Grupo Adir. Na verdade, é mais uma das atividades produtivas, que mostra a preocupação com a diversificação e a sustentabilidade do negócio.

Assim, a família Leonel também profissionalizou a produção artesanal de doces, compotas e queijos, utilizando as receitas de família com a criação do projeto Adir Artesanal, que produz e comercializa queijos, geleias, doces, compotas, carne de lata, banha de porco e outros produtos.

“As potencialidades dos negócios rurais são muitas e para sermos sustentáveis de fato, elas se tornam mais uma atividade, com grande potencial econômico”, afirmou Leonel.

Essa atividade impulsionou o grupo a criar a UNSAF, Unidade de Negócios Sustentáveis para a Agricultura Familiar. Seu objetivo é ampliar a atuação das fazendas e deixar um legado, compartilhando a metodologia Adir de produção, visando a melhoraria da qualidade de vida das famílias no campo.

“Queremos também auxiliar no incremento da produtividade pecuária do Brasil e do mundo tropical, através da difusão de tecnologias desenvolvidas em nossas unidades de produção, de forma que contribuam para ampliar a oferta de alimentos e a consequente melhoria da qualidade de vida das pessoas no nosso país e em diversos outros”, explicou Paulo Leonel.

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Foto: Olívia Carvalho

Perfil – Adir do Carmo Leonel

Filho e neto de pecuaristas, aprendeu desde cedo a reconhecer, no olhar, as características de um animal produtivo. Foi um dos primeiros membros do Colégio de Jurados das Raças Zebuínas da ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu, onde também atuou como diretor por diversas gestões.

Em seus 25 anos de atuação como jurado nas pistas de todo Brasil, defendeu a pureza racial e a produtividade, como características fundamentais na formação e na transformação de plantéis.

Foi o olhar apurado para reconhecer animais excepcionais, que o fez conceder os primeiros campeonatos para raçadores como Chummak, Gangayah do Brumado, Inca, Vassuveda, e Ludy de Garça, dentre outros.

Esses animais nortearam os rumos da seleção genética da raça Nelore do Brasil, que hoje colhe os frutos deste trabalho, já que o País alcançou o status de um dos maiores playes globais em produção de proteína animal, abastecendo mais de 150 países em todo o globo terrestre.

Aos 85 anos, Adir do Carmo Leonel, segue compartilhando conhecimentos, multiplicando seus ensinamentos, ministrando aulas, cursos e participando de debates técnicos que visam o aprimoramento das raças zebuínas. Sua trajetória e modo singular de enxergar a pecuária de seleção e a pecuária produtiva estão nas páginas de um livro autoral de Adir, que será lançado no próximo dia 13 de setembro, durante o tradicional Leilão Reserva Genética Adir, que ocorre anualmente na Estância 2L, em Ribeirão Preto, SP.

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