Com a possibilidade do fim do auxílio emergencial, o consumo de lácteos pode ser menor, afirmam especialistas da Embrapa Gado de Leite.
O leite foi um dos itens que mais subiu de preço neste início de ano, com elevação de 22,99% no acumulado do ano como mostra o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No entanto, de acordo com pesquisadores e analistas do Núcleo de Socioeconomia, da Embrapa Gado de Leite, essa valorização pode ser considerada normal, e acontece por causa do período de entressafra do produto, que teve início em abril e deve se estender até o final de setembro/início de outubro em boa parte do país.
Além da entressafra, o aumento no consumo de lácteos também foi responsável pela alta desde o início da pandemia, aponta o pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho.
“O auxílio emergencial concedido fez com que a faixa mais pobre da sociedade passasse a consumir mais, aumentando o desequilíbrio entre oferta e demanda, sustentando os preços em patamar mais elevado”.
Neste mês, a região Sul do país atinge o pico de safra de leite, com a elevação das temperaturas e o aumento das chuvas. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a retomada costuma ocorrer mais tarde e a produção atinge o pico apenas em dezembro.
No entanto, o pesquisador Ricardo Andrade aponta uma preocupação: “Os mapas climáticos têm mostrado que as chuvas podem atrasar um pouco neste ano, ocorrendo só em meados de outubro”. Isso teria como consequência o atraso na recuperação das pastagens e a ampliação do período da entressafra para a região central do Brasil (Sudeste e Centro-Oeste).
Expectativa e preocupação
Para o analista Fábio Diniz, o aumento do consumo também favoreceu o preço pago ao produtor. “Em setembro, referente ao leite entregue em agosto, os produtores estão recebendo em média R$ 0,20 a mais pelo litro de leite em relação ao mês passado”, diz. Alguns laticínios chegam a pagar R$ 0,25 a mais. “A média do preço do leite ao produtor, com bonificação por qualidade, foi de R$ 1,94 por litro em agosto”.
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No entanto, o aumento no custo de produção tem preocupado os produtores de leite. Agosto foi terceiro mês consecutivo de alta do milho e o cereal está 51% acima de agosto do ano passado. No farelo de soja a valorização foi de 47% nos preços. No período de entressafra, o milho e o farelo de soja são os produtos mais demandados pelas propriedades leiteiras, juntamente com o alimento volumoso.
Para os próximos meses, segundo os especialistas da Embrapa Gado de Leite, o cenário macroeconômico, gera expectativa e preocupações. O corte pela metade do auxílio emergencial, o aumento do desemprego e consequente queda da renda terão impactos negativos no mercado, gerando um ambiente de volatilidade e insegurança.
Fonte: Canal Rural