Num cenário ideal, a utilização do leite descarte deveria ser evitada, descartando esse leite ou então fornecendo esse leite para os animais machinhos.
A atividade leiteira possui grande destaque econômico, pelo Brasil ser um dos maiores produtores mundiais de leite, e social, por empregar milhões de pessoas.
No entanto, os desafios enfrentados pelos produtores são grandes, com destaque para o alto custo de produção. Com isso, os produtores têm buscado alternativas para otimizar a produção e aumentar o volume de leite entregue aos laticínios, sendo uma das formas o fornecimento do leite não comercializável para os animais da fase de cria.
Num cenário ideal, a utilização do leite descarte deveria ser evitada, descartando esse leite ou então fornecendo esse leite para os machinhos, caso haja a criação desses animais na fazenda. Mas sabemos que isso ainda está longe de se tornar uma realidade a nível Brasil e muitas propriedades não possuem saúde financeira para descartar o leite com resíduos de antibióticos, fornecendo-o às bezerras.
O fornecimento do leite não comercializável ou leite de descarte, que abrange o colostro de baixa qualidade, o leite de transição e o leite de vacas com mastite ou que estejam em tratamento com antibióticos, tem sido amplamente utilizado como alternativa de baixo custo.
No entanto, sabe-se que o leite cru integral é considerado o melhor alimento para as bezerras, devido à sua composição nutricional, além de possibilitar melhores condições para o desenvolvimento dos animais, maior ganho médio diário e maior produção de leite futura (PEREIRA et al., 2019).
Uma meta-análise realizada por SOBERON & VAN AMBURGH (2013) avaliou o efeito da ingestão de nutrientes do leite ou substituto de leite, como o sucedâneo lácteo para bezerros e observou que para cada quilograma de ganho de peso pré desmame, a produção de leite na primeira lactação aumentou 1,55 kg/d.
Esse aumento na produção na primeira lactação pode ser capaz de suprir o custo do fornecimento de leite integral ou sucedâneo em detrimento ao leite de descarte.
Os riscos do aleitamento com leite de descarte, proveniente de animais com mastite ou em outros tratamentos, estão cada vez mais em evidência, com destaque para a alta carga microbiana, a grande variação na composição do leite fornecido, aumento na ocorrência de doenças infecciosas, principalmente por Escherichia coli, Salmonella e Mycoplasma, podendo elevar os índices de diarreia, doenças respiratórias e outras doenças.
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Além disso, há um possível risco de desenvolvimento de resistência dos bezerros aos antimicrobianos utilizados nos tratamentos das vacas e que se tornam presentes no leite descartado do animal (GOMES & GOMES, 2018; AZEVEDO et al., 2022).
Há diversos estudos que investigaram a relação entre a alimentação com leite de descarte contendo resíduos de antibiótico e a resistência a antibióticos em bactérias do trato gastrointestinal de bezerros, relatando aumento da resistência das bactérias intestinais à penicilina quando o animal foi alimentado com leite contendo resíduo desse antibiótico (BRUTON et al., 2012).
A grande variação na composição do leite ocorre principalmente em casos de mastite onde há variação nos principais componentes do leite: gordura, proteína, lactose e minerais. Com relação à proteína ocorre redução daquelas sintetizadas na glândula mamária, α e β caseína, α-lactoalbumina e β-lactoglobulina, e aumento das de origem sanguínea, albumina sérica e imunoglobulinas. Além disso, corre um aumento na concentração de gordura e queda na concentração de lactose (LEÔNCIO, 2002).
Diante disso, ao optar pelo aleitamento de bezerros com o leite de descarte algumas medidas devem ser adotadas com o objetivo de minimizar os riscos provenientes do fornecimento desse tipo de alimento.
A primeira medida é realizar o processo de pasteurização desse leite antes do fornecimento. Esse procedimento tem como finalidade reduzir a carga microbiana bem como melhorar alguns parâmetros de saúde, podendo ser benéfico, a longo prazo, para o desempenho do animal e sua lactação (GARCIA et al., 2021).
Um estudo realizado por GARCIA et al. (2010) avaliou os efeitos da alimentação com leite de descarte, cru ou pasteurizado, em relação a um substituto de leite. Os resultados demonstraram maior GMD, maior consumo de ração, melhor eficiência alimentar e desmama mais precoce, quando as bezerras foram alimentadas com leite de descarte pasteurizado em relação aos animais alimentados com leite de descarte cru.
No entanto, a carga microbiana não é o único fator que precisa ser corrigido no leite de descarte para que a qualidade dele seja melhorada. A segunda medida que deve ser adotada, uma vez que o leite não comercializável possui alteração em sua composição, é a adição de sucedâneo em pó para adensar o leite, que será fornecido ao animal, corrigindo o teor de sólidos para 12,5 a 13%.
Outra estratégia que pode ser adota é o aumento no volume de leite descarte fornecido, visando também aumentar a quantidade de sólidos (BITTAR, 2010).
A atividade leiteira possui grande destaque econômico, pelo Brasil ser um dos maiores produtores mundiais de leite, e social, por empregar milhões de pessoas.
No entanto, os desafios enfrentados pelos produtores são grandes, com destaque para o alto custo de produção. Com isso, os produtores têm buscado alternativas para otimizar a produção e aumentar o volume de leite entregue aos laticínios, sendo uma das formas o fornecimento do leite não comercializável para os animais da fase de cria.
Num cenário ideal, a utilização do leite descarte deveria ser evitada, descartando esse leite ou então fornecendo esse leite para os machinhos, caso haja a criação desses animais na fazenda. Mas sabemos que isso ainda está longe de se tornar uma realidade a nível Brasil e muitas propriedades não possuem saúde financeira para descartar o leite com resíduos de antibióticos, fornecendo-o às bezerras.
O fornecimento do leite não comercializável ou leite de descarte, que abrange o colostro de baixa qualidade, o leite de transição e o leite de vacas com mastite ou que estejam em tratamento com antibióticos, tem sido amplamente utilizado como alternativa de baixo custo.
No entanto, sabe-se que o leite cru integral é considerado o melhor alimento para as bezerras, devido à sua composição nutricional, além de possibilitar melhores condições para o desenvolvimento dos animais, maior ganho médio diário e maior produção de leite futura (PEREIRA et al., 2019).
Uma meta-análise realizada por SOBERON & VAN AMBURGH (2013) avaliou o efeito da ingestão de nutrientes do leite ou substituto de leite, como o sucedâneo lácteo para bezerros e observou que para cada quilograma de ganho de peso pré desmame, a produção de leite na primeira lactação aumentou 1,55 kg/d.
Esse aumento na produção na primeira lactação pode ser capaz de suprir o custo do fornecimento de leite integral ou sucedâneo em detrimento ao leite de descarte.
Os riscos do aleitamento com leite de descarte, proveniente de animais com mastite ou em outros tratamentos, estão cada vez mais em evidência, com destaque para a alta carga microbiana, a grande variação na composição do leite fornecido, aumento na ocorrência de doenças infecciosas, principalmente por Escherichia coli, Salmonella e Mycoplasma, podendo elevar os índices de diarreia, doenças respiratórias e outras doenças.
Além disso, há um possível risco de desenvolvimento de resistência dos bezerros aos antimicrobianos utilizados nos tratamentos das vacas e que se tornam presentes no leite descartado do animal (GOMES & GOMES, 2018; AZEVEDO et al., 2022).
Há diversos estudos que investigaram a relação entre a alimentação com leite de descarte contendo resíduos de antibiótico e a resistência a antibióticos em bactérias do trato gastrointestinal de bezerros, relatando aumento da resistência das bactérias intestinais à penicilina quando o animal foi alimentado com leite contendo resíduo desse antibiótico (BRUTON et al., 2012).
A grande variação na composição do leite ocorre principalmente em casos de mastite onde há variação nos principais componentes do leite: gordura, proteína, lactose e minerais. Com relação à proteína ocorre redução daquelas sintetizadas na glândula mamária, α e β caseína, α-lactoalbumina e β-lactoglobulina, e aumento das de origem sanguínea, albumina sérica e imunoglobulinas. Além disso, corre um aumento na concentração de gordura e queda na concentração de lactose (LEÔNCIO, 2002).
Diante disso, ao optar pelo aleitamento de bezerros com o leite de descarte algumas medidas devem ser adotadas com o objetivo de minimizar os riscos provenientes do fornecimento desse tipo de alimento.
A primeira medida é realizar o processo de pasteurização desse leite antes do fornecimento. Esse procedimento tem como finalidade reduzir a carga microbiana bem como melhorar alguns parâmetros de saúde, podendo ser benéfico, a longo prazo, para o desempenho do animal e sua lactação (GARCIA et al., 2021).
Um estudo realizado por GARCIA et al. (2010) avaliou os efeitos da alimentação com leite de descarte, cru ou pasteurizado, em relação a um substituto de leite. Os resultados demonstraram maior GMD, maior consumo de ração, melhor eficiência alimentar e desmama mais precoce, quando as bezerras foram alimentadas com leite de descarte pasteurizado em relação aos animais alimentados com leite de descarte cru.
No entanto, a carga microbiana não é o único fator que precisa ser corrigido no leite de descarte para que a qualidade dele seja melhorada. A segunda medida que deve ser adotada, uma vez que o leite não comercializável possui alteração em sua composição, é a adição de sucedâneo em pó para adensar o leite, que será fornecido ao animal, corrigindo o teor de sólidos para 12,5 a 13%.
Outra estratégia que pode ser adota é o aumento no volume de leite descarte fornecido, visando também aumentar a quantidade de sólidos (BITTAR, 2010).
Além disso, devemos focar sempre na redução do uso de antibióticos, sendo que o uso consciente e direcionado desses medicamentos, principalmente em casos de mastite é uma forma eficaz para obtermos essa redução e assim, evitarmos ao máximo o fornecimento desse leite às bezerras.
Além disso, devemos focar sempre na redução do uso de antibióticos, sendo que o uso consciente e direcionado desses medicamentos, principalmente em casos de mastite é uma forma eficaz para obtermos essa redução e assim, evitarmos ao máximo o fornecimento desse leite às bezerras.
Fonte: MilkPoint
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